1 • Sweet Sixteen

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Uma letra vê.

Era o formato que os pássaros que voltavam de sua imigração faziam no céu enquanto seguem seu líder, sem uma batalha pelo poder, sem brigas, eles apenas o seguiam, depositando sobre ele o dever de guia-los para seus lares, onde seria quentinho e poderiam acasalar, criar seus filhos e repetirem todo o processo no ano que vem. Eu acho isso majestoso em sua plenitude, como eles simplesmente existiam e sobreviviam.

Aqui embaixo não era tão simples como as crianças que corriam alegres por aquele parque faziam parecer, elas viviam em um outro plano de realidade que se chocava com os nossos, meros mortais de dezesseis anos em plena puberdade. Para nós o mundo parecia ser catastrófico, cada tropeço e dedo mindinho na beirada de algum móvel já é mais que o suficiente para estragar toda uma semana e gerar exclamações hiperbólicas sobre a dor física que nem chegava a ser tão grande, mas o drama é nossa essência e cem por cento justificável em todas as ocasiões.

Bebês choravam nos colos de seus pais, que os balançavam desesperadamente esperando que parassem com aquilo, mas não sabiam o que fazer com os pobres coitados. Uma fralda suja? Fome? Seu brinquedo favorito caiu no chão. Isso bebês, chorem por seus brinquedos sujos, aproveitem isso enquanto ainda não têm a oportunidade de chorar por um coração partido.

Corações. Outro tópico maravilhoso para se encaixar naquele meu momento de reflexão. Eles eram apenas órgãos responsáveis por uma das funções fisiológicas mais importantes do corpo ou era apenas um poço poético filosófico onde eram despejadas todas as nossas dores, amarguras, alegrias e paixões? Eu não sei, não me interesso muito na verdade, mas de uma coisa eu sei: se o coração é a falta de vergonha das emoções, então o meu é completamente despudorado.

Ora, tenho dezesseis anos, controle emocional não é algo que uma pessoa de minha idade foi projetada para ter, não mesmo. E se você, caro ouvinte, tem a minha idade e um completo controle sobre o que sente ou sobre como reage aos estímulos afetuosos e violentos externos, bem, sinto em lhe dizer, mas você não pertence a este planeta.

O parque estava agitado, era o mau da estação. Sim, todas as estações têm um lado negativo e um positivo, o do verão era o calor insuportável, o inverto fazia a cidade congelar, o outono não se decidia entre quente ou frio, sol ou chuva e a primavera, aquela maldita, fazia com que todos resolvesses sair de casa, começarem uma vida fitness, ir caminhar, levar as crianças à um passeio no parque, piqueniques e bem, eu não estava envolvido em nenhuma dessas atividades, estava apenas deitado, minha cabeça apoiada sobre minhas mãos e as pernas cruzadas pelos tornozelos, jogado no gramado e encarando o céu com um, raro, sorriso de satisfação no rosto.

Eu reclamo muito das coisas? Sim, com certeza, mas isso não me impede de aproveitá-las. O dia estava lindo, o sol brilhava e as nuvens faziam um pouco de sombra, nada incomum para uma primavera no centro de Londres.

"Hey. " Ouvi a voz conhecida e logo uma sombra se fez sobre meu rosto. Niall. O loiro maldito se jogou ao meu lado. "O que você tá fazendo aqui sozinho? " Oras, não vê que estou, claramente, jogando bola?

"Observando. " Respondi baixinho, respirando fundo e voltando a olhar ao céu azul.

"E eu posso saber o que? " Sentou-se com as pernas cruzadas ao meu lado. Ele vestia um casaco verde musgo com o zíper aberto quase até o fim, uma camisa de flanela azul por dentro, e claro que ele vestia aquelas calças jeans azuis surradas, ele nãos a tirava desde que a comprou há dois anos. Falta de dinheiro? Não, ele só gostava muito daquela calça.

"Nada que seja realmente da sua conta, Niall. " Respirei fundo novamente, sentindo o aroma das flores que cresciam no pequeno jardim mais à frente. "Só deitei aqui para pensar, nada demais. "

i got a girl crush ♕ larryWhere stories live. Discover now