37 • i only wish he would talk to me

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Se tem uma coisa que me faz entrar em desespero é achar que fiz algo que incomodou outra pessoa e outra coisa que me deixa ainda mais desesperado é a vontade que eu tenho de ir descobrir o que é, mas a falta de coragem de perguntar se realmente foi aquilo.

Uma semana se arrastou depois da festa de Liam e desde então minha comunicação direta com Louis tem sido entre pouca e nenhuma. Mensagens de texto são a única forma de comunicação pela qual ele me deixa saber que não, ele não caiu no banheiro e bateu com a cabeça na cerâmica e sangrou até morrer.

Me pergunto diariamente se foi algo que eu fiz ou falei naquela noite, ou se foi algo que não fiz ou não falei. Talvez eu devesse ter continuado, mas na hora ele não pareceu chateado e eu não me arrependo de decisão que tomei no momento e eu conheço ele bem o suficiente pra saber que ele não é esse tipo de cara.

Mas eu só queria que ele falasse comigo.

Dá última vez que fui na casa dele as coisas estavam tão calmas, era tão estranho aquela casa que vivia com quatro meninas gritando e correndo de um lado pro outro simplesmente estar tão silenciosa. Louis disse que o silencio era ensurdecedor, mas ele sabia que era o que sua mãe queria e entendia isso. Eu não entendi o que ele quis dizer, e ao ver minha dúvida ele me explicou da forma mais crua e direta que conseguiu: "mamãe não quer as meninas a assistam morrer aos poucos" e isso me atingiu como uma flecha.

Eu nunca poderia dizer que sei como ele se sente ou que entendo e que sei qual a sensação e passar por aquilo, mas eu quero poder dizer pra ele que ele tem sempre o meu ombro pra chorar e minha mão pra segurar e que isso é o melhor que posso fazer.

- Harry? - Ouvi estalos de dedos. - Harry! - Pisquei rápido e sai do transe em que tinha caído ao olhar para a parede.

- Oi. Uno! - Gritei.

- Oi? O que? Não. Harry, a gente tá jogando Clue. - Niall me olhou estranho. - Pra onde você foi, cara? Mais um pouquinho e você começava a babar no tabuleiro.

- Só tava pensando.

- No Louis?

- Huhum.

- Ele ainda tá sem falar direito contigo?

- Sim.

- Você ainda não me explicou o que aconteceu.

- É meio complicado e não foi só isso e eu seria meio egocêntrico demais em pensar que ele tá assim por minha culpa.

- Você conversa sozinho na frente do espelho se chamando de amiga e não quer soar egocêntrico?

- Olha aqui garoto... - Ele gargalhou e jogou suas cartas na mesa.

- Hazz, me conta, por favor, talvez eu possa te ajudar.

- Você só quer saber os babados pra fofocar com a Gemma, seu pilantra!

- Talvez, mas eu também quero ajudar meu amigo. - Ele riu enquanto começava a organizar as peças e cartas do jogo.

- Então eu conto.

E então eu conto tudo para Niall, tudo que aconteceu no dia da festa de Liam e tudo que também não aconteceu e contei sobre a mãe do Lou e sobre as meninas e até mesmo sobre a Eleanor eu falei.

Conversar daquele jeito com Niall, tão profunda e abertamente sobre coisas que eu não falava com mais ninguém foi como dar uma enorme descarga emocional e chorar e gritar aos travesseiros tudo que eu tinha preso dentro de mim.

Acho que fazia mais de dez anos que eu e ele não chorávamos tanto ao mesmo tempo. Acho que a última vez foi quando ele tinha sete anos e eu seis e ele quebrou o braço e eu chorei vendo a mão pendurada dele e o desespero puro em seu rosto. Depois que a gente saiu do hospital a gente ganhou sorvete e ficou tudo certo.

i got a girl crush ♕ larryWhere stories live. Discover now