16 - Uma rosa vermelha para Alexis

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Como uma flor podia pesar tanto? Angel olhou para a rosa em sua mão e respirou fundo, precisava controlar o pânico se pretendia seguir em frente com o plano. Após notar o caminho livre, correu até a porta que dava acesso às escadas, sem se afastar da parede. Não podia arriscar pegar o elevador, pois era quase certo que seria vista e barrada, afinal, as garotas não podiam acessar o dormitório Masculino sem autorização.

Frustrada, tocou no corrimão do primeiro degrau e se apoiou para olhar para cima, pelo vão entre os andares. E percebeu que teria uma porrada de escadas para percorrer. Maldito Príncipe! Tinha que ter o quarto logo na cobertura de um prédio de quarenta andares?! Resmungando, começou a longa subida.

Um bom tempo depois ela chegou ao quadragésimo andar. Cansada, porém usando mais como uma desculpa para adiar o momento inevitável, sentou nos degraus e encostou a cabeça na grade. Tinha refletido muito antes de tomar aquela decisão. Durantes os últimos dias não havia pensado em outra coisa. Até finalmente assumir um compromisso consigo de que não deixaria a oportunidade escapar. Não deixaria Alexis escapar.

Seu maior motivo de hesitação, a tal da morte iminente, foi quase totalmente resolvido em sua cabeça. Ia morrer, era fato, não tinha muito tempo. Mas, pensando por outro lado, quem não iria? Ela apenas sabia de antemão que ia ser mais próximo, ainda assim, qualquer um daquele lugar poderia dizer "tchau tchau" antes dela. Isso era a vida. E sua existência até então tinha sido um mar de lágrimas e desespero por aguardar com uma espécie de ansiedade doentia apenas por esse dia inevitável. Sério. Ela se sentia uma verdadeira Maria Angélica Lopes Lorenzo em um dramalhão mexicano sem fim. Que piada ridícula. 

Depois de ter encontrado Alexis e descoberto aquela atração entre eles, percebeu que seria bem mais em conta curtir o resto dos seus dias de maneiras deliciosamente empolgantes do que voltar a se recolher na sua monótona vidinha de moribunda deprimida.

E foda-se se o sofrimento poderia ser inferno por tomar aquela decisão. E foda-se se seus sentimentos acabassem se aprofundando e piorando tudo. Foda-se tudo! Deus já a tinha sacaneado além da conta, podia ser legal pelo menos uma vez lhe dando aquele Príncipe tudo de bom como uma espécie de presente de despedida. Embora ela soubesse que não havia sido exatamente uma boa garota. Bem, Alexis era um presente do próprio Deus, e não do Papai Noel, então estava tudo certo.

Rindo de seus pensamentos idiotas, levantou-se e foi para o corredor. Não tinha planejado a sua invasão tão bem quanto gostaria, podia culpar o nervosismo por isso, então não sabia para qual lado ficava o quarto que pretendia ir. Coçou a cabeça, indecisa. Caramba, como tinha esquecido de descobrir algo tão básico quanto isso? E agora? Irritada com a própria incompetência, foi para a direita, andou quase toda extensão, encontrando apenas quatro portas absolutamente iguais.

Quando estava voltando, tentando repensar suas táticas, uma porta abriu bem do seu lado. Precisaria ter superpoderes de velocidade para não ser pega, o que não era o caso. Por isso foi logo fazendo a cara mais inocente do mundo do tipo "Desculpe, me perdi". Mas quando a pessoa saiu, seu rosto ficou quente.

― Acho que ainda não está familiarizada com a Alpha. Aqui não é o dormitório Feminino.

Angel ergueu a cabeça, para exibir orgulho e também para poder enxergar melhor o rosto de Alexis. O primeiro motivo era meio que prejudicado pelo segundo, mas tudo bem.

― Sei exatamente onde estou. Acontece que vim fazer uma visita. - O que não era de todo mentira.

― A quem? - Havia um leve toque de curiosidade no sotaque francês.

― Você, é claro. Posso entrar ou vamos ficar batendo papo no corredor até alguém nos ver?

Como resposta ele abriu espaço e indicou que ela entrasse no seu quarto.

Destinados à PayreOnde as histórias ganham vida. Descobre agora