⥇ CAPÍTULO 1: CHEGANDO AO HOTEL LAVORA

1.9K 99 78
                                    


Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.



          — JÁ ESTÁ TUDO PREPARADO? — perguntou Clarice Newman, adentrando o Hotel Lavora, o mais caro e recluso de toda a região de Nova Inglaterra.

          William estava no saguão, apoiado com ambos os braços sobre a bancada. Não conseguiu dormir na noite anterior; o ar solitário e esmagador daquela casa o sufocava; os retratos de Lauren espalhados pelas cômodas o atormentavam. E, para falar a verdade, não queria ficar sozinho, então o rapaz se hospedou no Lavora naquela mesma noite. O corpo de Lauren ainda estava no necrotério, sob os cuidados do Dr. Timlin. Ele era o melhor médico legista da cidade e, se tinha alguém que poderia encontrar a causa para a morte de sua irmã, esse alguém seria ele.

          Os policiais pareciam perdidos e William ouviu boatos de que teriam chamado forças especiais para solucionar o caso. Depois do Açougueiro, ninguém esperava por uma tragédia daquelas tão cedo assolando a cidade. No entanto, ainda que ele estivesse de luto e alguns vizinhos estivessem preocupados, as festas de all-hallow-tide teriam continuidade, esse era o fato.

          O rapaz ouviu a voz de Clarice outra vez e virou-se para encará-la. Seus olhos, azuis como as águas da enseada, estavam arregalados e, em seus braços, a mulher de meia idade carregava uma enorme cesta de palha, que fora recheada com maçãs vermelhas e suculentas, todas cobertas por uma calda brilhosa. Ao lado dele, a pequena Iris Harrison, filha de Anne e Peter Harrison, usava um vestido rodado branco, meias e sapatilhas azul, como uma verdadeira princesa; a criança, que estava sentada em cima do balcão de madeira, com os pés balançando no ar de um lado para o outro, sem nunca encostar no chão, lambeu os beiços assim que viu a enorme cesta de frutas — as maçãs caramelizadas de tia Clare eram suas preferidas.

          Assim que atravessou completamente, Clarice fechou a porta atrás de si, fazendo o sino ecoar outra vez. A brisa fria do outono de Massachusetts movimentou seu cabelo loiro para frente dos ombros e carregou algumas folhas secas para dentro do hotel. A mulher sentiu um arrepio, fazendo os pelos do braço se eriçarem. Lá dentro, no entanto, o ambiente estava aquecido graças ao calor que emanava da lareira no cômodo ao lado.

          Clarice, caminhando alguns passos à frente, pôde ver uma enorme sala surgir atrás da porta dupla de vidro, no canto direito. Ela cumprimentou o jovem William, empurrou a superfície lisa com a sola do pé e adentrou o espaço; sentindo um cheiro adocicado misturado ao calor. No centro, dois pequenos sofás e uma poltrona preta de couro estavam organizadas em círculo onde, no meio, havia uma mesinha, também de vidro, com um tecido de renda amarelo e um vaso de porcelana colorido.

          — Oh, Clarice, deixe-me ajudá-la com isso — disse Peter, que descia os degraus da longa escadaria de madeira ao lado esquerdo do cômodo, apressado; as tábuas rangendo a cada passo.

Noite Das Bruxas | CompletoWhere stories live. Discover now