⥇ CAPÍTULO 2: UM CORPO E UM ASSASSINO

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          — ESTA É UMA BELA FESTA, SR. HARRISON — disse Norton Burns, enfrentando alguns olhares curiosos que lhe foram dirigidos —, creio que isso trará movimento ao hotel por, pelo menos, duas quinzenas inteiras!

          — Ora, não exagere, homem. — comentou Chase, distraído, atraindo a atenção de Peter com seu desdém. O detetive, então, pigarreou na tentativa falha de quebrar a tensão. — É uma bela decoração, de fato, bem... fantasiosa... mas isso não irá mudar muito as condições financeiras durante essa época do ano... Talvez uma quinzena, no máximo.

          — O senhor parece ter um amplo conhecimento financeiro — disse a Sra. Harrison, aproximando-se com uma taça de vinho em mãos. — Meu nome é Anne Harrison — ela se apresentou —, entendo que ficarão conosco durante os festivais de outono?

          — Sinto muito — disse Chase, sentindo-se ligeiramente incomodado —, mas não acredito que os senhores são ingênuos ao ponto de acreditar que a situação da hospedagem está relacionada com a crise econômica ou com a baixa temporada...  — disse Raymond, sem dar muita importância ao assunto, deixando o casal boquiaberto.

          — Muito prazer em conhecê-la, senhora — interveio Burns, beijando o dorso da mão esquerda da mulher. — Não se espante com meu amigo aqui, ele é sempre assim. Um pouco negativo, na minha opinião, mas respondendo sua pergunta: não, partiremos assim que o caso da Srta. Bauren for solucionado!

          — Oh! O mais novo dos Bauren está em algum lugar por aqui. Terrível o que aconteceu à Lauren, terrível, terrível! — respondeu a mulher, com o olhar vidrado em  Chase. Não esqueceria suas palavras ácidas tão cedo.

          — O irmão mais novo? — indagou o detetive, pensativo, varrendo o salão com seu olhar atento.

          — Ele está ali —Sra. Harrison afirmou com a cabeça e apontou para um jovem rapaz, de postura caída, bebendo uma garrafa de vinho, isolado de todos —, hospedou-se ontem mesmo após levarem o corpo de Lauren para o necrotério. O coitadinho não conseguiu ficar sozinho e fica zanzando pelos cantos desde então. — a mulher respondeu, com a testa franzida e um olhar tristonho demais para parecer verdadeiro.

          — Bom,vejo que meus companheiros já estão bem entregues — disse o velho Timlin, de repente —, então preciso ir agora.

          — Vá com Deus, Doutor — disse a Sra. Harrison. De modo menos formal, os outros homens também se despediram de Timlin e, a pedido do marido, a mulher guiou o homem até a saída.

          Os gritos das crianças foram cobertos pela música que começou a tocar. E logo a pequena Iris se uniu aos amigos, exibindo o presente que havia ganhado de sua tia há alguns minutos. Peter, admirando a alegria no rosto da filha, apontou para suas madeixas louras e começou a falar sobre seu orgulho para os outros dois homens; citando, em seguida, sua irmã.

          — Senhorita Mila. — chamou ele, assim que a criada passou em sua frente carregando uma bandeja com um pano sujo de vinho. — Sabe onde Clarice está? — perguntou, caçando-a com os olhos no meio do salão, sem obter sucesso em encontrá-la. — Vejo Iris, mas não vejo minha irmã.

          A criada piscou e encolheu-se, assustada com a pergunta repentina de Sr. Harrison. Analisando os dois homens ao seu lado com cuidado, a jovem Mila movimentou a cabeça em sinal negativo e se retirou. Pouco menos de um minuto depois, um grito estridente ecoou pelas paredes finas do hotel. Os poucos convidados se agitaram, assim como as crianças e o próprio Peter, que reconhecera a voz de sua mulher.

          Chase e Burns se entreolharam e abriram caminho para que o Sr. Harrisson passasse. Em pé, na soleira da porta, estava sua mulher com uma mancha vermelha nas mãos e uma feição de pânico estampada no rosto. O marido correu até ela, amparando-a; mas não havia necessidade, Raymond notara, a mulher não estava ferida e, seja lá de onde viera aquele líquido, tinha certeza de que não era dela.

          A Sra. Harrisson lacrimejava e balançava a cabeça de um lado para o outro continuamente, em choque. Tomando liberdade, Chase se aproximou e tocou no dorso de sua mão com sutileza.

          — Respire. — ele disse. — Isso. Isso mesmo. Respire fundo. Respire. Agora, calma, conte-nos o que houve.

          Ela fez exatamente o que lhe fora instruído; respirando lentamente, conseguiu acalmar as batidas desesperadas de seu coração. Em seguida, eengoliu em seco e abaixou a cabeça, evitando olhar para o marido.

          — Clarice... — ela sussurrou. — está morta.

          Um olhar de surpresa e pavor surgiu no rosto do Sr. Harrison, que largou a mulher imediatamente e correu em direção a porta, empurrando-a com os ombros. Chase e Burns o seguiram, deixando os pares de olhos curiosos e uma Sra. Harrison abalada para trás.

          O Dr. Timlin estava agachado, com um dos joelhos roçando no chão. Ao seu lado, estirado na calçada, estava o corpo frio de Clarice, na exata posição em que o corpo de Lauren fora encontrado. Ao contrário da Srta. Bauren, Clarice estava vestida; mas as cinco linhas vermelhas estavam ali, pintadas com um líquido cor-de-carmim desconhecido, bem mais espesso que o sangue, por cima das roupas.

          Além das linhas pintadas sobre o corpo, outras haviam sido arranhadas no chão. Escrita em letras de forma, ao lado do corpo sem vida de Clarice, liam-se as palavras: "TRICK OR TREAT".

          — Douçuras ou travessuras — sussurrou Chase, avaliando as letras riscadas no asfalto da rua.

          Peter não conseguiu se aproximar e, assim como William na noite anterior, não conseguiu mexer nenhum músculo ao ver o corpo sem vida da irmã. O Sr. Burns puxou-o pelo braço, guiando-o de volta para dentro do hotel enquanto o detetive Chase se aproximava da cena do crime, dando início a primeira investigação daquela noite.

 Burns puxou-o pelo braço, guiando-o de volta para dentro do hotel enquanto o detetive Chase se aproximava da cena do crime, dando início a primeira investigação daquela noite

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• Trick or treat, traduzido do inglês, significa doçuras ou travessuras. Atividade popular nos EUA e em outros países falantes da língua inglesa, onde crianças e jovens se fantasiam e batem de porta em porta pedindo doces.


Noite Das Bruxas | CompletoWhere stories live. Discover now