Capítulo 16 - Revelações (Parte 1)

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ㅤ ㅤ— Agora seria uma boa hora de se explicar, William Soviêr Copperfield — comentou Samantha, no instante seguinte em que o homem ligou o carro. O biólogo não pode conter um sorriso.

ㅤ ㅤ— Confesse que você não esperava por um plot twist tão espetacular! — rebateu ele, a encarando antes de voltar a olhar a rua, para onde seguia.

ㅤ ㅤ— Nunca sequer me passou pela cabeça uma revelação tão chocante. Então preciso perguntar: você realmente é o herdeiro da Copps? Porque eu terei que te matar se isso for mentira e os dois descobrirem.

ㅤ ㅤWill soltou uma gargalhada.

ㅤ ㅤ— Eu não elaboro um plano tão bom se eu não tiver como comprovar tudo o que digo, Sammy. Não se preocupe, você contratou um herdeiro milionário para ser seu namorado. Eu diria que você tirou a sorte grande, não é comum existir um garoto de programa que possa te salvar tão facilmente do declínio.

ㅤ ㅤ— E aquilo de ser garoto de programa por hobbie? É sério isso? — A morena arqueou a sobrancelha, ainda confusa com tudo aquilo.

ㅤ ㅤEra uma situação tão inimaginável em sua cabeça que tal resolução jamais havia sido cogitada. Ela não fazia a mínima ideia do que William havia planejado para a festa e muito menos conseguia imaginar algo adequado para se safar do possível vexame, mas a ideia de que ele tinha uma carta na manga tão boa era surreal.

ㅤ ㅤ— Isso, infelizmente, não — o sorriso do garoto foi sumindo aos poucos, até seu olhar se perder e ficar focado na pista. A falta de vestígios de uma alegria parecia ter sumido de forma rápida, até fazendo a garota se questionar se ela realmente existiu. Mordeu o lábio, contendo a curiosidade para não insistir naquilo, pois parecia um assunto dolorido para o garoto, mas mesmo assim, Copperfield continuou. — Como você já descobriu antes, eu sou formado em biologia. E, bem, eu era um dos melhores alunos da faculdade e tudo mais. — Ergueu a mão do volante, fazendo um gesto indicando que aquilo não era importante, nem o foco da conversa. — E eu era bem focado em pesquisa, inclusive com meu trabalho de conclusão de curso focado em pesquisas de desenvolvimento de remédios de tratamento para doenças mais comuns em regiões pobres, geralmente ocasionadas por falta de saneamento e tudo mais. E, como era na faculdade, eu tinha o apoio da mesma, além de que estava tudo bem com meu pai sobre meu curso. Ele não queria que eu fizesse isso, mas depois de eu insistir muito e minha mãe me apoiar na escolha, ele acabou concordando. Achei que isso significava que ele finalmente me deixaria fazer o que eu gostava, mas obviamente estava errado. — Apertou com mais força o volante, enquanto parava em um semáforo. — Meu pai achou que era apenas um sonho temporário e que assim que eu me formasse eu voltaria a focar na empresa. Afinal, eu sou o único herdeiro e na cabeça dele, era óbvio que eu assumiria essa responsabilidade. — Revirou os olhos. — Confesso que não odiava a ideia de assumir a empresa, principalmente porque ela é da área de tecnologia e, com isso, talvez até fosse possível eu tentar usar ela nas minhas pesquisas. Mas então um dia meu pai simplesmente chegou furioso em casa e disse que não ia admitir que eu continuasse com meu curso. Ele simplesmente me fez escolher entre ser da empresa ou ter um diploma. Aquilo não fazia sentido nenhum, mas eu realmente não havia percebido na época a situação e, na fúria que fiquei com aquela atitude, simplesmente peguei minha mochila da faculdade, joguei algumas roupas do armário numa mala e sai dali.

ㅤ ㅤ"Óbvio que foi idiota da minha parte, porque sem meu pai pagar eu não tinha um centavo sequer pra continuar. Mas na hora não pensei nisso. Meu pai havia agido de uma maneira fora do comum, Sammy", justificou ele "e eu não pensei duas vezes antes de fugir daquilo, achando que conseguiria seguir meus sonhos" riu sem humor. "No fim, entrei no carro que meu pai comprou, dirigi por algum tempo, até me dar conta que estava sem carteira e que poderia ficar sem combustível, então estacionei em um local público e dormi no carro. Não foi a melhor experiência da minha vida, confesso" dessa vez exibiu um leve vestígio de sorriso verdadeiro, provavelmente agora começando a se divertir com a própria tragédia. "Por sorte, estava com o celular, mas eu nem sabia a quem recorrer. Eu havia acabado de ser expulso de casa, com que cara eu iria aparecer e falar isso pra algum amigo? Por mais que gostasse dos amigos que eu tinha, eu sabia que a maioria era simplesmente por questões de influência, afinal, eu era um herdeiro de uma grande empresa e a maioria deles parece ver isso como uma oportunidade".

Namorado de AluguelWhere stories live. Discover now