Capítulo 11

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Fernanda

O restante do meu dia se arrastou, fiquei tão ansiosa e com tanta expectativa para a minha primeira entrevista de emprego na vida que mal consegui dormir a noite.

A moça da agência me passou o endereço da casa dos pais da criança, que se tudo certo eu seria a babá, eu iria falar diretamente com eles. Me avisou que eu deveria ser pontual e chegar ao local exatamente às nove horas.

Passei a noite praticamente insone, imaginando como seria a menina. Cinco anos. Eu convivia com crianças na fazenda, filhos de funcionários, mas nunca fui responsável por uma. Será que eu daria conta? E se ela não gostasse de mim?
Eram tantas questões. E minha família? Fernando iria enlouquecer quando soubesse que eu arrumei um emprego.

Financeiramente eu não preciso desse trabalho, no entanto a possibilidade de fazer algo por mim mesma estava me encorajando a investir em mais essa aventura.

Pesquisei o bairro, que não fica muito longe de onde está localizado meu prédio, e vi que se trata de um condomínio de luxo. Com certeza são uma família muito rica, pois o lugar é composto por mansões e moradores milionários.

Eu nunca fui uma covarde, quero pagar pra ver o que vai acontecer. Um dia sem nada para fazer no apartamento e já fiquei entediada. Se continuasse assim, eu logo voltaria para casa. Se esse trabalho der certo, posso focar na faculdade e começar os estudos por aqui mesmo.

Preciso contar para minha família, mas por enquanto aguardarei para saber se dará certo. Talvez os pais nem gostem de mim, não posso esquecer que não tenho nenhuma experiência. A menina também pode não ir com a minha cara. O que eu duvido muito, já que todas as crianças da fazenda me adoram.

Eu sempre me dei bem com todas. Inventávamos várias brincadeiras. Eu organizava piqueniques, acampamentos...
Tenho certeza que me darei bem com ela.

Tenho que ser eu mesma. Não tentar ser qualquer outra coisa que não seja a verdadeira Fernanda.
Eu tenho muito orgulho de ser mineira, da roça. Tudo que minha família construiu foi trabalhando honestamente. Apesar de sermos ricos, somos pessoas simples. Existem coisas muito mais importante que o dinheiro.

Tomara que eles gostem de mim.


Algumas horas depois

Ao estacionarmos em frente a mansão, desço do taxi e analiso minhas roupas. Pela imponência da construção, penso se não estou vestida de forma muito simples. Jeans, camiseta e tênis?
Seja você mesma Fernanda!
Uma voz sussurra em meus ouvidos. Exatamente, não devo me esquecer disso, jamais tentarei ser quem não sou somente para agradar alguém.

Apesar de ser jovem e ter apenas dezenove anos, recém completados, me considero uma pessoa madura para minha idade. Ter crescido ao lado do meu irmão, dez anos mais velho que eu, me fez enxergar a vida através de um ponto de vista mais experiente. Há pessoas que valorizam o ter. Aprendi com meus pais que devemos sempre valorizar o ser e enxergar o melhor nas pessoas, e não seu saldo no banco.

Após ser atendida pelo porteiro, lhe informo que vim para uma entrevista na casa de Raul Garcia, ele usa o interfone e após falar com alguém minha entrada é liberada. Enquanto percorro um curto caminho a pé, acompanhada por um segurança, observo o lugar. As casas são lindas, muito luxuosas. Nossa casa na fazenda também é bem grande, mas nem de longe tem o luxo dessas aqui. Nosso estilo de moradia é completamente diferente. Lá temos uma casa típica de fazenda.

Laços de Amor (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now