Capítulo 13

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Raul

Enquanto acomodo minha filha na cama, noto pela minha visão periférica que Fernanda está na porta do quarto aguardando. Eu gosto disso nela, ela não é invasiva, não se impõe em uma situação.
Durante o nosso dia juntos, que foi incrível, desenvolvemos uma espécie de intimidade, no entanto ela não forçou nenhuma aproximação entre nós dois. Tudo ocorreu de forma natural.

Ela e Clara se deram super bem, parecia que já se conheciam há muito tempo. Acho que nunca fizemos um programa, que envolvesse uma terceira pessoa, tão bom. Nós nos divertimos muito. Fernanda é leve, divertida e agradável.

Não fingiu gostar das coisas que Clara quis fazer só para nos agradar. Ela realmente aproveitou tudo.
Percebi também que é muito transparente. Em alguns momentos notei que ficou um pouco envergonhada, porém nós nos demos tão bem que parecíamos já nos conhecer.

E agora estou falando sobre nós dois. Eu e ela. Às vezes trocávamos olhares cúmplices. Como na ocasião da batata frita. Eu entendi que ela só fez aquilo para agradar minha filha que tinha aberto mão da pizza para comer, como ela mesma intitulou, "comida de verdade" e porra, aquilo me agradou muito.

Eu preciso ser honesto, o dia todo me agradou muito. Fernanda foi extremamente carinhosa com Clara e em vários momentos desejei que aquilo que estávamos vivendo fosse nossa realidade. Não um pai, sua filha e a babá, mas sim uma família.

A família que eu sonho construir para minha filha.

Apesar de ser muito jovem, Fernanda se mostrou uma mulher madura. Tem uma conversa agradável, é simples e educada. Contou empolgada um pouco sobre sua vida no interior de Minas Gerais e percebi pelo seu jeito de falar que ama sua casa e sua família.

Acredito que ela pertença a uma família humilde. Que outra explicação uma garota tão jovem largaria a família e a vida em uma fazenda no interior, para se mudar para uma cidade grande como o Rio de Janeiro atrás de trabalho?

Ela deve ter vindo em busca de uma vida melhor para ela e para os seus. E pensando nessa possibilidade sinto um orgulho danado da garota.

Quando encarei seus olhos verdes fiquei praticamente hipnotizado, no entanto sua interação com Clara desviou minha atenção. Desde o primeiro contato as duas já se deram bem. Como se estivessem se reconhecendo.

Ela é linda. Tem um corpo curvilíneo, cabelos lisos e muito longos. As roupas simples, não atrapalharam em nada sua beleza, muito pelo contrário, é como se ela não precisasse se esforçar para ficar bonita. Os olhos são impressionantes, às vezes eles ficam tão claros, em outros momentos escurecem.

Eu sei que não deveria levar a nossa relação, que deveria ser apenas profissional para esse lado, mas é inevitável. Fernanda despertou minha atenção desde o momento que a vi entrando em minha casa, quando nossos olhos se cruzaram.
Depois sua simplicidade me cativou. Ela não ficou deslumbrada com a minha casa ou se sentiu intimidada. Fernanda ficou à vontade entre nós.

Eu tenho certeza que ela será uma excelente babá para minha filha, o que eu não tenho certeza alguma é se esse é o lugar que quero Fernanda ocupando em minha vida.

- Papai? - Clara resmunga baixinho e sou arrastado dos meus pensamentos.

- Oi filha.

Laços de Amor (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now