Capítulo 22

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Raul

Esses últimos dias ao lado de Fernanda foram ótimos. Ela é incrível e estreitar as nossas relação foi a melhor coisa que me aconteceu.
Após passarmos a última semana mais próximos, ela decidiu que precisava ficar em casa hoje, domingo, sendo sua folga. Ela quer organizar algumas coisas e também penso que quis dar um tempo, Fernanda ainda é muito jovem e acredito que na sua cabeça estamos indo rápido demais.
Por mim ela não sairia mais dessa casa.

Depois passar o dia ao lado da minha companhia preferida, Clara, a coloquei para dormir e ao deitar eu e Fernanda trocamos algumas mensagens

Eu já estava louco para vê-la novamente.

Acordei no meio da madrugada com Clara me chamando. Levei um susto ao encontrá-la em pé ao lado da minha cama.

— O que foi filha?

— Minha barriga tá doendo, papai.

— Eu te falei que isso ia acontecer, você comeu muito chocolate meu amor.

♡♡♡♡

Passei a noite com Clara na minha cama e quando a manhã chegou ela ainda não tinha melhorado.

— Bom dia! — Vi Fernanda entrar no meu quarto e encontrar-nos ainda na cama.

— Ué!, O que aconteceu que você está com essa carinha?

- Minha barriga tá doendo.

- Ela comeu muito chocolate ontem, muito mesmo.

- Vixe, Clarinha! Sabe o que vou fazer pra você?

- O que? - Clara respondeu interessada.

- Um chá bem gostoso que minha mãe faz sempre quando eu como muito doce.

- Não gosto de chá. - Minha filha reclamou fazendo um beicinho que eu amo.

- Eu também não gosto muito, mas vai te fazer bem. E aí a gente vai poder brincar muito.

Clara pensou um pouquinho, mas como sempre acontece se rendeu a ideia da Nanda.

- Você também vai beber? - Minha filha perguntou manhosa.

- Claro que sim, e seu pai também.

Ela me dá uma piscada e como sempre acontece quando ela chega, o clima muda totalmente. Clara já está bem mais animada, vai para o seu quarto com Fernanda tomar um banho para tomarmos o tal chá. Decido que trabalharei em casa e não mandarei Clara para a escola.

♡♡♡♡♡

Passei o dia me revezando entre, trabalhar e observar Clara aos cuidados de Fernanda. O chá realmente foi ótimo. A minha filha não se queixou mais do desconforto na barriga e fiquei aliviado ao ver que tudo estava no lugar como deveria  estar.

Ver a dedicação, amor e o cuidado de Fernanda com Clara causava um sentimento desconhecido em mim. Não me sentia confortável, ao mesmo tempo que estava completamente encantado por ela.

Nunca deixei que qualquer mulher se aproximasse da minha filha. Ela nunca teve a presença da mãe em sua vida. Além das babás, de Rosa, minha mãe e irmã, eu nunca me envolvi com outra mulher. E agora vendo Clara tão íntima de Fernanda me questiono o quanto isso é bom. É nítido o quanto elas se gostam e se dão bem. Mas até quando?

Além de ser babá, Fernanda agora é minha mulher também. É certo que ainda não conversamos e esclarecemos o status do nosso relacionamento. Não sou um moleque, tenho maturidade e experiência suficiente para saber que se a nossa relação não der certo, será inviável manter Fernanda  apenas como minha funcionária.

O quanto Clara sairia ferida nessa história é o que mais me preocupa. Ela está apegada demais, e temo o quanto isso pode fazer com que minha filha sofra diante de um futuro rompimento.
Talvez eu esteja sendo pessimista. Mas que pai eu seria se não pensasse no futuro da minha filha, ela é a pessoa mais importante da minha vida.

Eventualmente eu deveria ter pensado nisso antes de me envolver com a babá, e não pense que eu não o fiz. Mas foi inevitável. Fernanda é envolvente sem qualquer intenção, ela é leve, autêntica, engraçada. Sua beleza jamais passaria despercebida, mas não foi isso o que mais me chamou a atenção, além dos belos olhos verdes. O amor exala pelos seus poros, ela é extremamente carinhosa, é cuidadosa e cuida da minha filha como se fosse sua. O respeito com que trata a todos, a maneira como não faz jogos ou se esconde.
Ela é simples e fascinante.

A intensidade de todos esses sentimentos me deixa assustado. A facilidade com que deixei que ela se aproximasse de nós, mais ainda. É como se fosse completamente natural tê-la conosco. Por mais que eu esteja procurando motivos para tentar frear nossa aproximação, sinto que é inútil. Não tenho motivos e principalmente não sinto que eu deva ter qualquer tipo de precaução. Desde o início foi assim que me senti em relação a ela, sem desconfiança, sem aquela sensação, que eu sempre tenho, de que a qualquer momento serei passado para trás.

A minha relação com Laisa deixou marcas em mim. Me tornei um homem desconfiado e principalmente super protetor em relação a minha filha, entretanto Fernanda apareceu e sem que eu tenha como explicar se infiltrou em nós de uma maneira intrínseca.

Todas as minhas ressalvas são destruídas quando vejo a maneira como elas se tratam.
No primeiro dia de Fernanda aqui, conversamos e definimos um horário de trabalho. Horário esse que nunca foi cumprido, desde o início ela sempre fica além e depois que nos envolvemos ela tem passado mais tempo aqui.

Vê-las interagindo é sem dúvida o ponto alto do meu dia. Nesses momentos jogo todas as dúvidas para o alto e a vontade de tentar e fazer dar certo entre nós é mais forte.

A hora da Clara dormir é um dos momentos que eu mais gosto, fico de longe olhando e ouvindo, enquanto Fernanda conta alguma história sobre a fazenda onde sua família mora. Nesses momentos consigo conhecer um pouquinho mais dela de uma maneira diferente. Não sei explicar, ela fica mais incrível quando está perto da minha filha. A forma como ela conta os detalhes da casa na fazenda, os bichos, os lugares. O amor com que fala sobre os pais, o irmão... É invejável a admiração que ela expõe em casa palavra.
É amor puro. É tudo que minha filha mais precisa. Tudo que eu mais quero.

Paro de vagar pelos meus pensamentos e foco minha atenção na conversa das duas enquanto Fernanda continua falando, sendo interrompida por uma Clara muito atenta e curiosa.

— Todos os dias a gente retira os ovos dos ninhos das galinhas e como são muitos, nós dividimos entre todos que moram na fazenda. Só não pegamos os ovos que vão nascer novos pintinhos.

— Tem muitos pintinhos? — Minha filha pergunta com os olhinhos brilhando.

— Sim, muitos. E um dia eu vou te levar até lá e você terá um pintinho só seu.

Aquelas palavras mexeram comigo de um jeito inexplicável. Talvez eu não devesse me martirizar tanto, tentando adivinhar o que poderá ou não acontecer. As palavras de Fernanda eram sobre o futuro.
Um futuro onde minha filha conheceria sua família, onde nós estaríamos juntos.
A minha vontade era de apenas me jogar de cabeça, sem pensar que qualquer coisa pudesse dar errado, no entanto como eu poderia  quando nessa nossa equação não éramos apenas nós dois envolvidos. Clara seria sempre minha prioridade.

♡♡♡♡

— Finalmente ela dormiu. — Fernanda sussurrou enquanto saia do quarto na ponta dos pés. Assim que encostou a porta sem fechá-la completamente, entrelacei nossas mãos e seguimos para o meu quarto.

— As suas histórias não funcionam para ela dormir. — Pontuei enquanto retirava minha roupa para tomar um banho. — Ela fica interessada demais e isso faz com ela não sinta sono.

— Pode ser que você tenha razão. — Fernanda disse enquanto se acomodava na poltrona que ficava no canto do quarto.

— Vem tomar banho comigo? — Me aproximei e roubei um beijo suave dos seus lábios. Ela sorriu e correu seus olhos por mim.

— Não precisa me chamar duas vezes.

Com ela era sim: Simples e gostoso. E eu me via a cada toque, cada beijo, cada gemido, cada arrepio na pele, a cada orgasmo, sorrisos e conversas mais envolvido por ela.

Laços de Amor (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now