Capítulo 30

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Fernanda

Com tudo finalmente esclarecido entre nós, decidi que faria um jantar no meu apartamento para meus dois amores, Raul e Clara. Era estranho pensar que eles conheceriam meu lar no Rio, pois eu não me sentia completamente em casa naquele lugar. E também porque nos últimos dias tenho ficado mais na casa de Raul. Eles conhecerão minha casa mesmo quando forem para a fazenda, aliás, minha cabeça já estava planejando um fim de semana com eles na "Dois Corações".

Raul é um homem cem por cento urbano e tenho pensado muito na possibilidade dele não gostar do campo. A fazenda Dois Corações é um paraíso, temos uma cachoeira maravilhosa na propriedade, um lago imenso, nascente de água potável, sem contar todos os animais e todo verde que temos disponível. As árvores frutíferas, os currais, o horas do meu irmão, o cafezal que é a minha grande paixão.
Eu sempre amei café, desde criança, e na nossa fazenda nós não tínhamos nenhum pé. Foi então que pedi ao meu pai para cultivarmos o grão e fazermos a nossa própria bebida.
Ele como o pai maravilhoso que sempre foi, abraçou a minha ideia e deu toda força para eu levasse adiante.

Eu era apenas uma menina, entrando na adolescência. Fiquei encantada quando um especialista, que meu irmão contratou, foi até a fazenda e fizemos praticamente um curso com ele. E quando os primeiros pés começaram a dar os frutos, anos depois, eu  quase enlouqueci de ansiedade. Sabia que tínhamos que respeitar todo o processo e foi o que fiz. Não consigo explicar como foi a sensação de quando bebemos o líquido quente e forte frutificado nas nossas terras pela primeira vez.

Foi emocionante! Na época foi produzido uma pequena quantidade, mas com o tempo meu pai decidiu que aumentaria a produção.

O nosso café é consumido na nossa fazenda, todos os nossos funcionários têm acesso ao grão à vontade para consumo. Nós não damos conta de consumir tudo que temos por isso foi construído um local de armazenamento adequado para manter o café com qualidade, sem estragar.
Fernando me enchia sobre começarmos a vender. Ele insiste que devo criar uma marca e colocar o produto no mercado.
Talvez eu faça isso um dia.

Fui com o motorista levar Clara para a escola, ela estava meio amuadinha e até chequei sua temperatura, mas ela não estava com febre. Depois passei no supermercado para comprar tudo que eu precisava para o nosso jantar. Já tinha mandado uma mensagem para Raul e combinado tudo.
Eu estaria no apartamento preparando a comida e assim que nossa menina saísse da escola eles me encontrariam.

Estava super ansiosa, queria muito que eles gostassem. Por isso faria uma receita da minha mãe, queria que eles sentissem um gostosinho da minha casa.
O cardápio série simples, assim como tudo que nos envolve lá na fazenda. Não era muito boa nos doces, mas faria uma sobremesa para Clara, bem simples e gostosa.

Tomei um banho e me arrumei. Vesti um vestido bonito e fiz até uma maquiagem leve. Arrumei a mesa, escolhi um lugar para colocar as flores naturais que comprei no supermercado, tinha feito dois arranjos, o menor ficaria sobre a mesa. Coloquei a comida em vasilhas bonitas para servir que ficariam sobre o balcão buffet. O vinho já estava resfriando, o suco da Clara na geladeira.

— Sobremesa, ok. Comida quente e servida. Ok. Tudo certo. — Estava com as mãos trêmulas e suadas e pontualmente na hora marcada a companhia tocou. Já havia liberado a entrada deles no prédio. E caminhei apressada e sorrindo até a porta.
Fiquei sem fôlego ao olhar para Raul. Estava lindo, com uma camisa azul claro e um paletó num tom mais escuro. Meu coração disparou ao vê-lo e quando meus olhos alcançaram a menininha mais linda do mundo, senti lágrimas se formando nos meus olhos.
Ela estava linda, com um vestidinho azul, todo rodado e um buque de flores nas mãos.

Me agachei na sua frente e ela soltou a mãozinha que segurava a do seu pai. As flores estavam na outra e ela me estendeu, sorrindo, dizendo que eram pra mim.
Peguei o buque e lhe dei um abraço apertado. O cheirinho dela era tão bom.
Fiquei de pé e dei um beijo rápido em Raul os convidando para entrar.

O cheiro estava ótimo e fomos direto para a mesa, para não deixar a comida esfriar e também porque Clara não podia comer muito tarde.
Recebi muitos elogios do meu amor e fiquei ainda mais feliz quando Clara aprovou o sorvete com calda quente de banana.
Após o jantar ela foi para o sofá ver TV e nós ficamos na mesa conversando e bebendo vinho.
Convidei Raul para conhecer o apartamento e roubamos beijos um do outro durante o nosso tour.

— O apartamento é lindo. — Raul disse assim que voltamos de mãos dadas para a sala.

— É sim, mas a minha casa na fazenda é muito mais lindo que aqui. E tem muito mais a ver comigo. Vocês precisam conhecer. Aliás eu estava pensando sobre isso. Nós poderíamos passar um fim de semana lá. O que você acha?

Estava ansiosa e apreensiva. Queria muito que eles gostassem do meu mundo.
Estávamos sentados agora no sofá, Clara tinha dormido. Raul beijou os nós dos meus dedos e em seguida minhas mãos.

— Eu adoraria conhecer a sua família e a sua casa. E tenho certeza que a minha filha vai amar.

Pulei no seu colo enchendo meu amor de beijos.

— Vou organizar nossa ida então. Quero fazer uma surpresa pra eles. Pode ser no próximo fim de semana? Na sexta? Meu pai tem um avião particular, vou tentar acertar tudo e contratar o piloto que sempre trabalha pra gente sem que meu irmão fique sabendo. Vai ser difícil, mas não custa tentar.

Estava atropelando as palavras e falando rápido.

— Calma Nanda, respira. — Raul estava rindo de mim, mas eu não ligava. Estava feliz e muito ansiosa.

— Nunca fiquei tanto tempo longe deles. — Meus olhos encheram de água e disfarcei.

Raul me beijou com seu jeitinho todo carinhoso.

— Não vejo a hora de ter todos vocês juntos. As pessoas que eu mais amo na vida, juntinhas, na fazenda...

Clara acordou e não me aguentei em contar a viagem que faríamos. Eu sabia que deveria esperar ficar mais próximo do dia para não deixá-la ansiosa como eu. Mas não estava me aguentando. Ela, como esperava, amou a notícia e pulou sobre nós nos fazendo gargalhar. Deitada no meu colo assistimos mais um pouco de TV até Raul decidir que estava na hora de levar Clara para dormir em casa. Fiz uma pequena mala e fui com eles. Não queria passar mais nenhum um segundo longe dos meus amores.


Laços de Amor (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now