19: My Foolish Heart

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NEIL

Eu estava estendendo a mão para comprimentar Tilda — a mãe dos gêmeos, a mãe do Andrew — mas quando ela me viu começou a analisar meu rosto e depois, com os olhos bem abertos e um largo sorriso, ela me abraçou fortemente. Prendi a respiração sem saber o que fazer e olhei para Andrew que me olhava confuso, movimentei os lábios — sem soltar a voz — perguntando o que? e Andrew deu de ombros, olhei para Aaron que olhava mais confuso ainda e também deu de ombros.

Quando ela me afastou segurando meus ombros, ainda estava sorrindo. Senti o cheiro doce do seu perfume, sabia que iria ficar na minha roupa. Sorri de volta sem saber como reagir.

— O que você fez? — Tilda perguntou enquanto passava as mãos pelo meu cabelo e parando nas minhas sardas. — Parecem tão reais. Não sabia que era tão bom com maquiagem — ela olhou para Andrew e segurou meu rosto com as duas mãos. — Andrew, por que não me disse que ele mudou o rosto e o resto? — Seu olhar voltou para mim — Achei que você viria só mais tarde.

Olhei de soslaio para Andrew e voltei meu olhar para Tilda, abri e fechei a boca algumas vezes sem saber o que falar, eu estava tão confuso que não consegui formular nada.

— Ok — Andrew disse puxando levemente os braços dela para soltar meu rosto. — Pode explicar tudo o que você disse agora ou vamos ter que dar uma de gangue do Scooby Doo?

Tilda deixou os braços caírem enquanto se levantava e olhou confusa para Andrew e depois para mim.

— Você não se lembra de mim? — Ela perguntou me olhando, quando viu minha cara de desculpa mas não, disse: — Como você não se lembra da sua sogra?

E foi isso. Eu comecei a gaguejar e meu rosto começou a queimar, os três no colchão riam em um entendimento que eu não sabia e Andrew enterrava a cabeça nas mãos.

Por Deus — disse Andrew, a paciência faltando na voz. — Você escuta quando - raramente - conversamos no telefone? Tipo, realmente escuta? — Ele suspirou alto — Ele não é meu namorado. Se você prestasse atenção nas nossas conversas saberia que eu e meu real namorado terminamos há meses — Andrew se colocou de pé e começou a andar para fora da sala mururando: — Que se foda, tanto faz.

Os três que antes estavam rindo, agora estavam tensos olhando para o nada fingindo não prestar atenção.

— Oh, querido, me desculpa — percebi que ela falava comigo e coloquei minha atenção para ela. — Eu deveria ter percebido — ela, mais uma vez, analisava meu rosto.

Sorri suavemente.

— Tudo bem — me levantei, queria checar Andrew. — Prazer em te conhecer Sra. Minyard.

Ela pegou minha mão e deu uma risada simpática.

— Pode me chamar de Tilda. Senhora soa tão velha.

Concordei com a cabeça e sai da sala procurando por Andrew. Ele estava no quintal sentado em uma das cadeiras olhando para o céu que estava começando a ficar escuro. Me sentei na cadeira ao lado dele, não falamos nada, não tinha certeza se ele queria.

— Ela é inacreditável — ele disse mordendo um copo de plástico que tinha nas mãos. — Aparece depois de anos sem vir aqui e faz um show desses. Ela nem se esforça, é ridículo — a voz dele era neutra, mas pude sentir um pouco de amargura escapando.

Não falei nada, senti que ele tinha mais a falar então esperei.

— Betsy vai ficar feliz em vê-la, as duas são melhores amigas, sabe? Tão próximas ao ponto de Bee aceitar nos adotar para ela poder sair por aí e só voltar de poucos em poucos anos — Andrew inspirou e segurou por alguns segundos antes de suspirar e fechou os olhos. — Às vezes eu gostaria que ela não voltasse. Não preciso de uma mãe por uma semana a cada poucos anos, não precisei antes e com certeza não preciso agora. Bee fez um ótimo trabalho cuidando de nós e não preciso dela - Tilda - fingindo que isso foi obra dela. Talvez eu seja um merda por dizer essas coisas, mas que seja, é a verdade.

The Devil and The Deep Blue Sea || (completa)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon