Capítulo 4

31 1 0
                                    

Eu estava olhando o céu noturno, da sacada de meu quarto, quando percebi uma movimentação estranha vindo de algum lugar do lado de fora. Sem fazer muito barulho, caminhei até a janela vendo Thor e Loki conversarem próximos a uma fonte. Thor estava sentado e Loki estava de pé a sua frente, com os braços cruzados. Fiquei imóvel para que ambos não me notassem e eu pudesse ouvir a conversa.

— Aparentemente, Asgard e Alflheim estão ligados por Balder. — Disse Loki — Deixei que Hara desviasse diversas vezes do assunto, mas quando ele se distraiu, consegui a informação que precisava.

— Ainda acho que não seja tão mal assim. Alflheim é pacifico, como eu já disse. — Comentou Thor.

— Sim, mas eles estão sem Rei agora. Hara disse que, de fato, Feudan "seria" a opção perfeita para assumir o trono. Mas ele não confirmou, tão pouco insinuou sobre uma coroação futura. E, cá entre nós, se existe um herdeiro ao trono por aí, Feudan não poderia assumir Alflheim.

— Loki, você está insinuando traição de Alflheim contra Asgard. E Midgard está no meio dos dois.

— Até a alma mais pura pode ser corrompida, irmão. Midgard estar no meio é apenas puro capricho da Grande Mãe. Ela vê algo nessa humana que nem mesmo eu consigo explicar.

— Me admira, já que não consegue parar de olhá-la.

Loki ficou mudo. E eu em choque.

Thor sorriu, como se tivesse ganhado aquela discussão.

— Ah, irmão. Achou mesmo que eu não iria notar?  Eu conheço bem e sei quando algo o interessa. A questão é... Por quê?

Loki engoliu seco.

— Você não gosta dela, isso é fato. Mas ainda assim, se mantém por perto.

— Eu devo proteger o bebê.

— Claro que deve. Loki, o Deus da mentira... Cuidando de um bebê de uma mortal.

— Esse bebê é o futuro Rei de Asgard, idiota.

— Reino do qual você já quis tomar para si diversas vezes.

Loki não respondeu. Thor levantou-se e ficou cara a cara com seu irmão.

— Não é pela garota, o bebê ou por Asgard. Você está aqui porque quer saber como é ter uma família, como Gwen e Peter tem. Você acha que, ficando por perto e ganhando a confiança deles, eles irão te aceitar e deixar que conviva com eles. Eu tenho uma notícia pra você, irmão. Não será tão fácil como parece. Chitauri, Thanos... Você tem muito para se redimir.

Loki sorriu fraco.

— Achei que minha "morte" tivesse me redimido.

— Para mim. Eles são outra história, Loki. Vai precisar muito mais do que ser o guardião desse bebê.

Loki desviou seu olhar de Thor, visivelmente incomodado.

Voltei para dentro do meu quarto, pensativa. Peter estava dormindo e assim eu o deixei, sem conseguir pregar o olho durante a noite. Pela manhã, fui falar com Valquíria. Ela estava tomando café com Korg, Thor e Loki quando me viu, e me convidou a me sentar junto com eles.

— Dormiu bem, Aranha? — Perguntou ela.

— Ah, sim. — Sorri fraco. 

— E o bebê, como está?

— Bem. Ele está quieto hoje.

Valquíria me olhou de um modo estranho, como se estivesse desconfiada. Quando os rapazes saíram, ela veio falar comigo. 

— O que está te incomodando, Gwen?

— Ouvi a conversa de Thor e Loki ontem a noite sobre Alflheim. Eles acham que, como eles estão sem seu Rei, poderão tentar algo com meu filho.

— Olha, pra ser sincera, não acho que eles tentarão nada. Eles têm o Feudan.

— Eles mencionaram esse tal de Feudan. Quem é ele?

— General de exército. Braço direito do falecido Aranion. Depois de Balder, ele seria o segundo na linha de sucessão, porém, Balder ainda nem nasceu, portanto, Feudan tem que assumir Alflheim.

— Ele é perigoso?

— Perigoso? Feudan é a pessoa mais doce que já conheci, mais ainda do que o próprio Peter.

Sorri involuntariamente.

— Feudan é filho único. Foi contratado pelo Rei ainda jovem, pois o mesmo mostrou habilidades notáveis com magia, medicina e artes maciais. Ele é muito bom com armas brancas, principalmente arco e flecha. Sua pontaria é a melhor de Alflheim, alguns dizem que até dos noves reinos.

— Nossa!

— Já faz um tempo que eu o vi, mas desde a nossa última interação, ele não me pareceu apto a ser Rei. Feudan sempre deixou suas emoções falarem mais alto e isso prejudicou algumas de suas escolhas. Um Rei tem que ter pulso firme, mesmo numa terra calma como Alflheim. Viajante dos noves reinos vão para lá em busca de conhecimento e até medicina, depois de batalhas sangrentas. Nós Valquírias, íamos para nos curar, mesmo que nossos médicos asgardianos fossem muito bons.

— E por que prefeririam os de Alflheim?

— Porque lá podíamos descansar de verdade, sem nos preocupar se haveria um ataque surpresa. 

— Entendi.

— Fique tranquila, Garota-Aranha. Ninguém irá tirar lhe tirar seu bebê, palavra de Rei. 

— E como pretende cumpri-la? — Cruzei os braços com um sorriso.

— Aí você terá que ajudar ficando aqui, em Nova Asgard. Seria muito bom se ele nascesse aqui.

— Sabe que se ele nascer aqui, além de asgardiano, ele será Norueguês também, não sabe?

— Detalhes. — Ela ri — E então?

— Preciso falar com Peter, antes.

— Entendo, Garota-Aranha. Bom...Você sabe onde me encontrar. — Ela me lança uma piscadinha e me deixa sozinha na sala de estar.

Indo ao encontro de Peter e pensando não só na conversa com Valquíria, mas também no diálogo de Thor e Loki. Meu bebê era parte humana, parte asgardiana e agora parte Álfar. Todos tem seus inimigos e ele é só um bebezinho, talvez ficar aqui em Asgard seja o melhor, mas boa parte de seu exército se fora com os ataques de Hela e Thanos. Será que é o suficiente caso algum ataque ocorra?

Foi aí que tive a melhor ideia de todas. Ou a pior.

E eu precisava contar ao Peter.

Spider-Gwen VII: The Bloody HuntWhere stories live. Discover now