Capítulo 2

3.2K 430 101
                                    

Capítulo 2

Pov. Harry

Hoje, em plena quinta-feira, meu melhor amigo, Ronald, está me obrigando a sair com ele no domingo. Pelas palavras dele eu descobri que abriu um shopping novo na cidade. Eu não quero ir, realmente não me vejo saindo e fingindo estar feliz em um momento assim.

Para explicar melhor, eu não estou na melhor fase da minha vida, mas também não é a pior. Eu não consigo sair de casa e socializar como uma pessoa normal, não é como se eu fosse totalmente introvertido ou coisas assim, eu apenas criei uma rotina onde eu vou para a escola, volto para casa e fico no meu quarto o resto do dia.

Eu não me rotularia como uma pessoa depressiva, acho que eu apenas me sinto triste grande parte do tempo e para que ninguém se afete eu prefiro ficar sozinho.

Meus pais não se importam comigo, então pra eles é ainda melhor que eu fique no meu quarto o dia todo sem incomodá-los.

Realmente foi difícil pra eles aceitarem que eu sou ômega, até hoje me tratam diferente por causa disso. Eles não entendem que eu não escolhi nascer assim, eu não sou um "erro genético" como eles dizem.

Eu tenho sentimentos também, ser ômega não me transforma automaticamente em uma pessoa frágil e submissa. Tenho orgulho em dizer que em todos os meus dezoito anos eu nunca precisei abaixar a cabeça para alfa nenhum, e não pretendo.

Não está nos meus planos me casar e ter filhos, depender de um alfa não me parece boa coisa. Mas isso nem é tudo que me deixa triste.

Eu sofria e ainda sofro bullying na escola pelos motivos mais bizarros, como, por exemplo, me zoam por em ter dezoito e ainda não ter um alfa. Eles não entendem que eu não quero, para eles pouco importa se eu me sinto bem ou não.

Não suporto essa cidade, além de todos os problemas diários, eu ainda tenho que "obedecer" ao alfa lúpus mafioso que governa essa cidade. Eu sei que precisaria da permissão dele para abrir minha floricultura, que é meu sonho, mas eu realmente não pretendo fazer isso.

Tudo que eu sei sobre ele é que tem vinte e seis anos e seu nome é Draco. Não me interesso sobre o que ele faz ou deixa de fazer.

Enquanto estou perdido em meus pensamentos, Ronald ainda está tentando me convencer a ir para o shopping com ele no domingo. E ele sabe que eu irei acabar concordando com isso só para que ele pare de falar.

Eu gosto do Ron, ele é um bom ômega. Nós nos conhecemos em um projeto de escolha há dois anos, desde aquele dia vivemos unidos por todos os lados.

Ele chegou em uma boa hora na minha vida, já que não fazia muito tempo que eu tinha descobrindo ser um ômega. Meu cio se atrasou pelos remédios que eu tomava, mas só bastou um dia que eu esqueci de tomar para que tudo viesse abaixo.

Além disso ser ruim eu ainda tive que passar todo o meu cio amarrado, meu pai disse que não se orgulhava de ter um filho homem, mas queria que eu fosse puro para poder me entregar a um alfa rico.

Meus pais não são pobres, eles têm dinheiro de sobra. Mas quando descobriram que eu era um ômega, decidiram que tirariam minha parte da herança para doar para uma instituição que ajudava alfas a se tornarem pessoas bem sucedidas.

Aquele era o meu dinheiro, o que eu iria investir na minha floricultura. É claro que eu fiquei desapontado com essa atitude deles, já que pararam de me considerar como filho só pelo fato de eu não ser alfa como esperavam.

Eu tenho uma irmã, Hermione. Ela é o orgulho da família, uma alfa bem sucedida que vai herdar toda a herança. Eu sei que ela não gosta de mim, todas as vezes que me vê fica olhando para mim com cara de nojo e desprezo.

Poxa, eles ao menos poderiam ser respeitosos, não fazem nem o mínimo. Eu não quero ter filhos, tenho medo de tratar eles tão mal quando meus pais me tratam.

Eu entendo que eles me amarram a cada cio para eu continuar puro, mas ainda dói. Eu sei que eles não fazem por mal quando esquecem de me desamarrar depois do cio, às vezes me deixando alguns dias sem alimento.

Tudo isso dói porque eles são meus pais, os mesmos que me davam amor e carinho enquanto ainda achavam que eu seria um alfa. Crescer com amor é bom, mas ter as pessoas que você ama lhe machucando consegue apagar todas as lembranças boas.

Eu não os culpo por isso, mas se eu pudesse sairia de casa o mais rápido possível. Pensando bem, eu posso fazer isso, já sou maior de idade e tenho algum dinheiro guardado.

Mas para eu comprar uma casa tenho que falar com o alfa chefe, não pretendo fazer isso tão cedo. Mesmo que eu precise de uma casa para poder ser livre, eu nunca deixaria que um alfa decidisse se eu posso ou não comprar uma casa.

A assinatura dele pode me dar a liberdade, mas ao mesmo tempo pode me prender na casa dos meus pais para sempre. Eu ainda estou pensando sobre ir até a mansão dele para pedir que me permita comprar uma casa.

Não acho que seja necessário tanta enrolação só para assinar um papel.

Enquanto eu estou perdido em meus pensamentos, Ron ainda está falando sobre os motivos para eu sair com ele para esse tal shopping novo.

Eu já sabia que ia concordar em ir no minuto em que ele me disse que lá tem uma loja de milk shake personalizados. O meu preferido é de pistache e eu quase nunca acho um lugar que venda.

Interrompo o discurso de Ron com um "tcs tcs" coçando a garganta. Ele rapidamente fecha a boca e coloca seus olhos azuis em mim, esperando uma resposta.

— Tudo bem, Ron, eu vou!

Vejo ele pular de alegria comemorando e não consigo esconder o riso que sai dos meus lábios. Eu tenho o melhor amigo de todos.

Crime Favorito | DrarryWhere stories live. Discover now