Capítulo 4

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Capítulo 4

Pov. Harry

Hoje é domingo, queria que esses três dias tivessem demorado mais para passar. Mesmo concordando em sair com o Ronald eu não quero. São nove da manhã e eu acabei de acordar, combinamos de sair às uma e meia, já que ele disse que na parte da tarde o shopping não é tão movimentado.

Não é que eu não acredite nele, mas é domingo, a maioria dos jovens sai no domingo. Eu até sairia se me sentisse bem.

Eu estou com fome, mas não quero descer para tomar café, provavelmente meus pais nem lembraram de colocar um prato para mim, todos os dias eles esquecem, hoje não seria diferente.

Depois de alguns anos eu meio que me acostumei a não ser lembrado, não é tão ruim passar todos os aniversários sozinho e poder ficar no quarto o tempo que quiser, já que ninguém nem lembra que você está ali.

Para os meus pais eu sou um encosto, mesmo não saindo e não gastando. Eles só não queriam que eu estivesse vivo, eu sinto isso.

Eles nem dirigem a palavra a mim, é como se eu não fosse importante. E eu sei que eu não sou. Mesmo que doa ver eles passarem ao meu lado e não falarem comigo, eu preciso aceitar que sou uma decepção para eles.

Pretendo ficar deitado até ser uma da tarde, para eu poder me arrumar. Mesmo não querendo ir eu vou, não deixaria Ron ir sozinho para um lugar novo onde ele não conhece nada. Mesmo sendo bem extrovertido eu não tenho total confiança nele.

Na minha mente não vai demorar muito para ele ser sequestrado, já que ele conversa com qualquer pessoa que passa por ele. Seria hilário ver ele sendo sequestrado, mas isso é algo ruim de se pensar.

Às vezes eu gostaria de ser como ele, seus pais não acharam ruim quando ele se descobriu ômega, eles amaram, na verdade. Queria ser o orgulho dos meus pais também, a mãe do Ron gosta bastante de mim também, todas as vezes que eu ia lá ela me deixava trazer comida para casa escondido.

Não é como se eu necessitasse receber comida dos outros, mas elas eram reservadas para momentos onde meus pais esqueciam totalmente de mim e me deixavam preso. Eu preciso de alguma fonte de energia e as comidas que ela me dava sempre me ajudaram.

Faz tempo que eu não vou na casa do Ron, mas eu não me sinto bem indo lá e vendo a família perfeita que ele tem. Eu nunca poderia ter uma família unida, nem se eu nascesse de novo.

Eu não odeio minha família, mas eu também não gosto deles.

Sabendo que tenho tempo de sobra para ficar sozinho, quatro horas para ser exato. Resolvi pesquisar mais sobre o shopping.

Não havia muita coisa no Google, nada de muito interessante. Só diziam a localização, que ficava a vinte e cinco minutos aqui de casa. Ou seja, chegaríamos lá perto das duas da tarde.

A loja onde vamos se chama "Gomes Milkshake", um nome mediano ao meu ver.

Mas voltando ao assunto, achei bem bonito o shopping em si, é bem grande e robusto, em uma localização boa. Estou torcendo para que não tenha quase ninguém hoje, por mim poderia ser só eu e Ron. Quando menos pessoas, melhor.

Escuto meu celular tocando, provavelmente é o Rony, já que ele é a única pessoa que tem meu número. Mesmo sendo um ômega eu não tenho vários alfas correndo atrás de mim. Eles meio que fogem de mim e eu agradeço por isso, a última coisa que eu quero é ter um alfa babando atrás de mim.

Vejo as mensagens que ele mandou, não foram muitas, mas eu gosto da maneira que ele interage comigo.

Vadia Ruiva: SE EU CHEGAR AÍ E VOCÊ NÃO ESTIVER PRONTO EU TE PUXO PELOS CABELOS, HAROLD.

Vadia Ruiva: O aviso foi dado, chego aí em trinta minutos.

Puta que pariu, agora que eu percebi que já são meio dia e meia. Rony daqui a pouco vai chegar e eu nem tomei banho ainda, realmente não quero ele puxando meus cabelos até o carro.

Levanto da cama e vou direto para o banheiro, meu closet fica no caminho, mas eu prefiro me vestir no quarto. Quando entro no banheiro já ligo o chuveiro, não terei tempo para encher a banheira e relaxar.

Faço as coisas o mais rápido possível, passo sabonete por todo o meu corpo e lavo meus cachos com um shampoo qualquer que peguei pela frente. Eu uso sabonete com cheiro masculino para tentar esconder meu cheiro de ômega, mas nunca adiantou.

Eu tenho um cheiro doce, tenho cheiro de morango para ser mais específico. Eu gosto desse cheiro, é doce, mas não tão enjoativo.

Não demorou muito para sair do banheiro e vou direto para o closet, vejo todas as minhas roupas ali e nenhuma chega a me agradar de verdade. Eu gosto de saias, amo na verdade. Mas não me sinto bonito usando elas.

Em meu roupeiro tem apenas algumas, cinco na verdade, uma rosa que é minha preferida, uma vermelha quadriculada, uma toda preta, uma azul com bichinhos e uma branca com rendas.

Com medo do Ron chegar e me ver ainda sem roupa pego a saia rosa, uma camisa preta grande que chega um pouco pra cima da minha coxa, uma meia 3/4 e meus vans pretos.

Coloco também um colar, meu preferido, ele tem um quartzo azul. Sempre levo ele comigo. Ajeito também meus cachos, apenas jogando eles para baixo e amassando um pouco, já que não vou ter tempo para finalizar ele direito.

Quando me olho no espero percebo que não estou tão ruim assim, talvez eu esteja até bonito. Meus olhos verdes parecem esmeraldas e combinam com a camisa preta que estou vestindo. Escuto uma batida na porta e logo ela já está aberta, vejo uma cabeça ruiva e ouço ele falar:

— Sorte sua que você tá pronto, eu vim preparado pra te puxar pelos cabelos.

Dou um riso e vou até ele para abraçá-lo, ele é realmente o melhor amigo de todos.

Crime Favorito | DrarryWhere stories live. Discover now