𝐓𝐑𝐄𝐈𝐍𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 𝐃𝐎 𝐇𝐄𝐗𝐀 ─ gabriel martinelli

𝟎𝟖

A próxima partida é contra Camarões, e já estávamos em clima de treino, e novamente, sem papai, somente eu.

Papai não vinha mostrando melhora em seu condicionamento físico, eu havia insistido com ele para irmos ao médico, até mamãe havia pedido para ele me escutar, mas não adiantava nada.

Ele sempre dizia que estava bem, e não adiantava nada que eu dissesse para ele ir, ele não queria e ponto.

O número de treinos que ele vinha participando era bem menor, mas eu estava dando mais que conta, agora, eu estava tendo o apoio do meu empregado particular Martinelli.

Ele era o responsável de trazer as comidas no meu quarto, mas ele sempre me fazia sorrir.

Confesso que ele me ajudou bastante em questões de pressão e ansiedade.

─ Pelo amor de Deus garotos, vocês estão relaxados, parecem que estão idosos. - Digo batendo palma.

Eles continuam treinando, não mudam o ritmo.

─ Sei que já estamos classificados, mas que tal mostrar também pra Camarões quem é que é penta? - Digo na intenção de motivar.

─ Hexa. - Diz Martinelli me olhando.

Com certeza ele disse na intenção de chamar minha atenção, e com sucesso.

─ Ainda não. - Respondo.

Eu peço pra todos pararem para eu poder falar.

─ É o seguinte garotinhas, para tristeza dos titulares e alegria dos reservas, os últimos irão estrear amanhã contra Camarões, foi uma decisão dupla, entre mim e papai.

─ Então quer dizer que finalmente vou poder entrar no primeiro tempo? - Pergunta Martinelli.

─ Na verdade, todos os reservas vão, não só você. - Ele debocha quando digo. - É somente isso, obrigada pessoal.

Em seguida eu os libero, mas Martinelli permanece ali parado, então eu sussurro para ele.

─ É sua chance Martinelli, ou faz seu gol, ou vai continuar sendo meu empregado por mais uma semana, e se eu fosse você, eu voltaria a treinar.

Ele sorri e diz.

─ Dessa vez quem vai levar a melhor sou eu.

─ Eu espero. - Digo.

No final do treino, eu libero os jogadores para o descanso, mas Gabriel novamente não vai, e ficamos sentados no gramado, eu pergunto.

─ Tá com fome?

─ Fome Isadora? É pouco, eu tô morto.

─ Ah, só porque eu ia pedir pra você fazer algo pra gente comer no hotel.

─ Não seja por isso, vamo pedir um delivery.

─ Ah é? Você paga? - Eu pergunto.

─ Ah princesa, eu até pagaria, - Ele diz ironicamente. - mas sabe como é né, meu dinheiro tá no banco.

─ Ah desculpa milionário, pensei que você tivesse pelo menos pix. - Debocho.

─ Pix é pros amadores, eu gosto de sentir a nota na minha mão.

Eu fico o olhando com ar de riso, até que tenho uma ideia, digo.

─ Embaixadinhas. - Digo levantando.