𝟏𝟏

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Chegando lá, Martinelli aguarda do lado de fora, e me diz.

─ Eu vou esperar o tempo que for, sem pressa, está bem? - Ele me pergunta, segurando minhas mãos.

─ Obri-

Eu sou interrompida por ele.

─ Por favor Isa, sem agradecimento.

Tento dar um sorriso, e então ele beija minha mão antes de eu entrar.

Eu o vejo, ele estava deitado na cama, enfermeiras do seu lado, injetando substâncias nele, sua respiração ainda ofegante, me dói ainda mais saber que isso poderia ser evitado.

Quando me vê entre elas, sorri pra mim, e seus olhos brilham.

Tento parecer o mais calma possível, para não deixá-lo ainda mais preocupado e ancioso.

As enfermeiras se afastam um pouco quando finalizam o que lá estavam fazendo, para eu poder conversar com ele a sós.

─ Senhor Adenor, disseram-me que o senhor gostaria de me ver. - Digo segurando sua mão.

Seu olhar recorre as moças, como se procurasse autorização.

As enfermeiras fazem sinal de positivo com a cabeça, permitindo que ele fale.

─ Ah querida, antes de eu descansar por um bom tempo... Eu tenho que te pedir uma coisa...

Era nítido que ele estava fazendo força para falar, e antes que ele pudesse terminar, a enfermeira toma a frente e me diz.

─ Senhorita Isadora, sou Melanie, é lamentável nos conhecermos em um momento como este, mas oque o senhor Adenor quis dizer, é que a senhorita soubesse, que ele deseja que você de vez, assuma a Seleção Brasileira, como oficial treinadora.

Olho pra papai, esperando novamente, e em vão, ser um tipo de brincadeira.

Mas de novo, não era, ele não brincava com coisas sérias, e eu sabia mais do que tudo que isso era verdade.

Ah papai, que confiança absurda que o senhor tem em mim.

Novamente a enfermeira concorda, e o deixa falar.

─ Querida, eu preciso de descanso, e passar momentos de emoção como esse, só irão... Me prejudicar. Eu confio em você. Sei que você será maravilhosa, percebi isso na partida de hoje ou de ontem, sei lá Deus que horas são, você tem o dom querida, sempre teve, e qualquer um pode ver, você pode não ter sido a maior jogadora do mundo, mas eu garanto que será a treinadora.

Ele sorri, e aperta minha mão, as palavras foram demoradas, pois afinal ele precisava dar enormes pausas, mas quando ele termina, eu não aguento a emoção.

─ Ah papai, pode acreditar, sua mini treinadora vai te trazer orgulho e outra coisa, que você sabe muito bem. - Digo com lágrimas nos olhos.

─ O hexa sempre foi, e sempre será nosso querida, disso eu tenho certeza.

─ Uma coisa vou lhe garantir papai, na segunda-feira, eu vou vencer aquela partida, e então, venceremos, de novo, de novo e de novo. Eu prometo ao senhor.

─ Eu sei querida, não precisa me prometer nada. Só tenha paciência com os garotos... principalmente aquele Martinelli... Está bem?... Ele gosta muito de você... Isso eu não posso negar, é nítido.

─ Ah papai, eu vou tentar. Não se preocupe.

─ Eu não preciso me preocupar. A Seleção está em mãos maravilhosas, agora.

─ Obrigada meu professor. Obrigada papai. - Digo sorrindo.

Ele sorri e aperta minha mão, minutos depois eu digo que Martinelli estava me esperando do lado de fora.

E pergunto a enfermeira se ele não pode chamar os meninos para dar a notícia, e fazer uma visita enquanto estou aqui.

Elas aceitam, mas tudo muito calmo para não deixar papai ancioso novamente.

Martinelli os chama, e eles chegam mais comportados do que nunca, como eu nunca os vi antes.

Todos cumprimentam papai, desejando saúde e melhoras.

Acho que eles percebem, e ninguém precisa dar notícia nenhuma.

Tempo depois, a enfermeira pede pra que nos retirarmos, já era o sábado, e de acordo com ela, era melhor papai descansar agora, sem ninguém.

Eu concordo e digo para papai.

─ Até logo professor, volto logo em? Não pense que se livrou da sua filhota. - Digo beijando sua mão.

─ Deus me livre me livrar de você minha garota.

Ele sorri e beija minha mão antes de eu sair.

Antes de ir para o meu quarto, eu pergunto a enfermeira Melanie se o quadro de papai está bom, e diz que o estado dele está melhorando, mas nem tão cedo ele pode passar por momentos de tensão ou suspense, oque eu já previa.

Eu agradeço, e me dirijo pro meu quarto, os meninos haviam me esperado, e enquanto vão na frente, Gabriel me acompanha, e então digo a ele.

Nossos planos mudaram, que tal marcarmos nosso encontro pra outro dia? Um dia em que papai estará bem? - Sugiro.

Por mim, tudo bem, eu espero o tempo que for. - Ele me diz.

─ Por hora, vamos encarar somente os dias de luta, ou melhor, os de treino, garanto que os de vitória chegarão.

─ Deus te ouça treinadora do hexa, Deus te ouça. - Ele diz cruzando os dedos.

Comunico o horário do treino de amanhã para os meninos.

Voltamos para nossos quartos para descansarmos, afinal, ainda hoje teríamos o nosso primeiro treino sem papai, e comigo como treinadora oficial da Seleção Brasileira.

𝐓𝐑𝐄𝐈𝐍𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 𝐃𝐎 𝐇𝐄𝐗𝐀 ─ gabriel martinelli Onde as histórias ganham vida. Descobre agora