𝟏𝟎

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A próxima partida seria contra a Coreia do Sul, daqui a 2 dias.

Nós estávamos retornando da vitória contra camarões, Martinelli estava ao meu lado, quando eu digo.

─ Sabe, é bom a gente decidir logo pra onde e quando vamos sair, a partida contra a Coreia está bem próxima.

─ Puts, verdade. Amanhã não... Que tal no domingo? - Ele me propõe.

─ Não vejo por que não. Não vai atrapalhar seus treinos ou sua produtividade? - Pergunto.

Garanto mil vezes que não, e até lá, eu vou treinar muito mais.

─ Nossa, como ele tá esforçado, tô gostando de ver.

─ E você também, senhorita Isadora. Quem diria, 3 jogos da sua estréia, 3 vitórias. Uma garota com 3 vitórias em uma Copa não é pra qualquer um não em? Que casa- digo, que Seleção somos em?

─ É, mas eu estava com papai. Não era eu sozinha Gabriel. - Digo.

Você tá de brincadeira né? Eu vi suas conversas com o Tite, ele ajudou é verdade, mas poxa Isa, 80% foi tudo você, e hoje eu vi que quem nos dirigiu foi você sozinha, seu pai não opinou nem nada.

─ Então quer dizer que você é um stalker? - Digo o olhando.

Nananinanão, eu sou observador, é diferente.

─ Se você diz. - Digo sorrindo.

Eu estava respondendo Phil, ele estava me mandando mensagens nos parabenizando.

Disse que assim que pudesse me ligaria, e só não ligava agora porque queria deixar eu descansar.

Acho que Gabriel viu nossa conversa, porque então me diz.

Sente muita falta dele né? - Pergunta.

Ah... Lembra quando você disse que se não conhecesse a gente julgaria sermos irmãos? Então, é isso. É normal eu sentir sim... Mas poxa, eu tô sentindo e não é pouca, nós crescemos juntos.

Martinelli faz uma cara de compreensão, e então passa o braço em meus ombros, me levando para perto dele, eu encosto minha cabeça em seu peito.

─ Relaxa, logo, logo vocês vão estar juntos, e você nem vai lembrar de mim aqui.

─ Para de besteira Gabriel, você já tem um espaço no meu coração.

─ Tenho? - Ele pergunta espantado.

Lógico que você tem bobão.

Ficamos rindo e então ele percebe meu cansaço e diz.

─ Descansa tá bem? Você não é de ferro.

─ Você também não em. - Digo o olhando.

Ele me dá um sorriso, e então beija lentamente minha testa.

Ficamos assim até voltarmos para o hotel, papai havia ido o caminho todo dormindo, e eu preferi deixá-lo assim.

Mas foi aí que eu percebi uma coisa.

Ele estava mais cansado ainda do que eu pensei.

Mesmo com as minhas insistências, ele continuava negando, e dizendo que estava bem, e eu deixando tudo passar.

Então simplesmente fui para o meu quarto, tomei um bom banho, e liguei e falei com Phil.

Alguns minutos depois do encerramento da ligação, Martinelli bateu no meu quarto, e pediu ajuda para finalmente decidirmos um lugar para nosso encontro, eu havia sugerido restaurante, passeio e tudo mais.

Até que fomos interrompidos, um funcionário bateu na minha porta, eu digo a Martinelli.

Pera aí, já volto.

Vou até a porta, abro, e um cara, acho que funcionário do hotel, me pergunta.

Senhorita Isadora Bacchi, filha do Adenor não é?

Sim, sim, sou eu. - Digo.

Ele no momento está sendo tratado por nossa equipe de enfermagem no hotel, ele me pediu para comunicar a senhorita que ele quer vê-la.

Isso tudo foi como uma facada, minha respiração começa a ficar acelerada.

Sinto alguém me segurar pelos ombros.

Era Martinelli, e então ele pergunta sem enrolação.

É grave?

─ Não, oque sabemos é que ele teve uma crise de ansiedade, e a sua idade também contribuiu para que ele estivesse nesse estado agora. Mas ele ficará bem, só me pediu e que garantisse a ele que chamaria a senhorita.

É aí que eu tive o choque da realidade, eu estou aqui não estou? Papai precisa de mim, do seu lado. E Se ele me chamou, eu tenho obrigação de ir.

Certo, muito obrigada. Eu estarei lá agora mesmo.

O funcionário acena com a cabeça e me agradece, e então se retira.

Vou com você Isa. - Diz Martinelli, ainda atrás de mim.

Tem certeza? - Pergunto.

Toda certeza do mundo inteiro, e não se preocupe, não vou me intrometer na conversa.

─ Obrigada Gabriel. - Digo.

E então ele me puxa para um abraço, e de alguma forma, ele sabe que era o que eu precisava.

E é ali que eu choro de pura preocupação, caramba, caramba, caramba papai, porque você não me escutou e foi para o médico quando eu e a mamãe pedimos? Porque estava negando o tempo todo dizendo que estava bem?

A voz que eu conheço me traz de volta ao presente.

Essa não é a treinadora Isadora que eu conheço. - Diz Gabriel.

Ele me encara, eu enxugo meu rosto, e o ergo.

Eu também não. - Concordo.

Não é hora de chorar.

Não agora justo quando papai precisa de mim.

E ele precisa AGORA.

Quando você quiser. - Diz Martinelli.

Vamos. - Digo.

Martinelli assente e então oferece sua mão para eu segurá-la, eu aceito, e a seguro forte.

Desculpa! - Digo.

Não precisa se preocupar.

E então vamos para o quarto de papai.

𝐓𝐑𝐄𝐈𝐍𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 𝐃𝐎 𝐇𝐄𝐗𝐀 ─ gabriel martinelli Where stories live. Discover now