Capitulo 3

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O único lugar para dormir foi um motel de beira de estrada, não tinha muitas escolhas melhores mesmo, e um banho seria perfeito, ela aproveitou para colocar novos lençóis e travesseiros e dar uma limpada no local, ainda estava cedo, estava com nojo de usar aquela banheira então preferiu apenas usar a ducha para se refrescar.

Usando roupas mais adequadas para o frio repentino da noite, trancou a porta e saiu em busca de algum mercado aberto, sua mente estava em seu companheiro Thomas Hewitt, não queria trabalhar todos os dias com ele sabendo que o mesmo nunca teve ninguém legal ao seu lado, poderiam ser amigos, sempre foi fácil em fazer amizades.
Olhou para a lata de biscoitos era um valor caro, mais são muito gostosos, quando era criança mamãe comprava sempre em seu aniversário, ela pegou duas caixas. Tomara que o senhor Hewitt goste de biscoitos.

O dia amanheceu quente, vestindo uma calça jeans escura e uma blusa de alcinhas preta ela estava pronta, ter um carro ajudava muito, cantando alto a música que tocava até chegar no matadouro, muitos trabalhadores estavam chegando também, viu de longe ao estacionar embaixo de uma sombra, Fred veio em sua direção com um sorriso enorme, com suas botas pretas e sua calça apertada e camisa xadrez preta, destacando seu cabelo ruivo claro.

—Num creio, este é seu carro, menina é muito bonito. Ele elogia todo alegre.—Bom dia Rubi.

—Bom dia Fred. Responde sorrindo enquanto arruma o cabelo em um coque desajeitado e pega a bolsa antes de sair do carro.

Como um cavalheiro Fred abriu a porta para ela e até deu-lhe a mão para ajudá-la a sair do veículo. Isso a fez sorrir, seguindo até seu lugar ao lado de Thomas que já estava cortando a carne.

—Bom dia senhor Hewitt. O cumprimentou alegre, mas como no outro dia ele nem a olhou.



Ela chegou sorrindo e cercada pelos homens, prostituta suja, ela não deveria ter voltado para o lado dele, ter que ouvir os comentários sujos dos outros trabalhadores era quase insuportável, deixou claro ontem que a odiava, ela era uma mestiça suja, uma puta facil como seu tio dizia que as mulheres da cidade grande eram. Ele manchou suas roupas e se alegrou com o olhar que ela lhe lançou, surpresa e chocada, possivelmente com medo. Ele adorou...adorou a possibilidade de ter feito ela ter medo dele. Mas vejam só, aqui estava ela de novo, olhando para ele com aqueles olhos castanhos que Thomas queria tão desesperadamente arrancar com suas mãos e devorar.

A carne de hoje era mais fácil de cortar do que o normal, mas ele quase não prestou atenção a isso, Tio Charlie falou uma vez que Thomas cresceu forte em comparação com os outros meninos e ele estava feliz com isso, feliz por ser considerado tão forte. Mas não importa o quanto ele cresceu e quão forte ele bateu - isso ainda não lhe rendeu o respeito que ele merecia por direito.

Thomas cerrou os dentes ao ver Ben se aproximando, o supervisor o viu ontem e notou a mudança em seu comportamento quando sua ajudante chegou perto demais.

—Bom dia senhorita Rubi. Ben a cumprimentou com as bochechas vermelhas e um sorriso bobo.— Está tudo bem ?

—Bom dia senhor, sim tudo perfeito. Respondeu rapidamente a ele com um sorriso.

Thomas bufou com aquilo, atraindo o olhar chateado do supervisor, que se virou para inspecionar o trabalho dele, estalou a língua em desaprovação para as porções irregulares e escreveu um aviso ao lado do nome do Hewitt.

—Tenha cuidado Hewitt mais um erro e sera descontado do seu salário. Ben falou irritado. —Até mais tarde Senhorita.

Sua família precisa do dinheiro e Thomas se arrependeu de provocar o supervisor, Tio Charlie mencionou como as coisas estavam apertadas, que o dinheiro "não caia do céu " e que Thomas deveria ser grato por sua força, porque pelo menos isso o tornava útil. Mãe o havia avisado sobre como ele teveria agir em público, ela entendia, sempre fez isso, tem as palavras mais gentis e os melhores conselhos. Thomas era bom em obedecer; bom em fazer o que lhe era pedido, e ela sabia. Ela confiou na decisão do tio Charlie de mandá-lo para o matadouro. Ele não era bom em nada, só em cortar, cuidar e obedecer sua família, então, se o tio Charlie disse que trabalhar no matadouro era a melhor coisa que ele poderia fazer, Thomas continuaria se comportando...Comportar-se...Só mais um pouco.

O sinal para a hora do almoço tocou e Thomas mal percebeu, a comida tinha que esperar até que ele voltasse para casa, a máscara dificultava a alimentação, os outros nunca entenderiam, eles não precisavam vê-lo comer, não precisavam apostar e rir sobre quão feio ele ficaria sem a máscara, mas hoje estava com fome, mas não tinha nada para comer mesmo.

—Senhor Hewitt, quer almoçar comigo hoje? Ela perguntou esperançosa, chamando a atenção dele.

Ela olhou para os ombros largos dele, mas não obteve nenhuma confirmação
Thomas não dava a mínima para aquela vadia, era apenas mais um rosto bonito, outra ameaça potencial à sua sanidade, ainda mais depois do sonho erotico que teve com ela. Ele olhou para a mão dela, bonita e imaculada sobre a mesa, não ele nunca iria tocá-la da forma que tocou no sonho.

Não achava ela digna de ser tocada. Parte de sua mente sabia que ele é que era indigno, mas ele era um Hewitt. Thomas se virou, ansioso para voltar ao trabalho até que ela engasgou e segurou sua manga.

Ele jogou a cabeça para trás com um grunhido, olhando para a mão dela como se ela o tivesse ofendido seu próprio ser, a fazendo se encolher e dar um passo para trás, reconhecendo que fez algo errado. Mesmo assim, Thomas notou com aborrecimento que ela não parecia ter medo.

—Sinto muito...Eu só...Ela explicou com um suspiro.—Desculpar por ontem. Entendo que não gosta de ser observado, e eu fiz muito disso. Então, para pedir desculpa e sermos amigáveis um com o outro, trouxe uma oferta de paz .

Ela estava arrependida?Desculpas? Thomas franziu as sobrancelhas, seu olhar caiu no pequeno corpo. Ela vasculhou sua bolsa enquanto ainda murmurava, aparentemente inconsciente do perigo que estava à sua frente, a mão dele formigou ao ver os seios dela naquela blusa apertada, tirando o fôlego dele.

—Então pensei em... eh... você sabe...Rubi encolheu os ombros e riu nervosamente.—Então pensei, talvez pudéssemos almoçar juntos...Eu e você ... Aqui, comprei para você.

Thomas mal conseguiu processar o que quer que ela estivesse dizendo antes que uma caixa fosse colocada em sua frente. Ele instintivamente agarrou-o, com o olhar ainda nos seios dela, são grandes e redondos. Ela mencionou pedir desculpas. Mencionou que comprou algo para ele. Ele olhou para ela. Um presente? Para ele? Não fazia sentido. Não fazia sentido.

Seria uma brincadeira, outra piada cruel, sabia muito sobre pegadinhas. Provavelmente havia algo sujo dentro da lata, cerrou a mandíbula e removeu a tampa, sua mente voltando para quando ele era criança, provavelmente algo morto e mutilado. Mas ficou surpreso ao ver os biscoitos bem empilhados, sabia o que eram, já os vira no mercado e nas revistas, a propaganda da Tv dizia ser feitos com chocolate, um luxo. Thomas deu uma cheirada hesitante e... sim. Doce. Eles também foram feitos com açúcar.Não fazia sentido. Ele pegou um pedaço com cuidado; inspecionando-o.

Quando ainda era uma criança uma mulher que ia na mesma igreja que sua mãe lhe deu um pedaço de torta de chocolate, ele então deu uma mordida completa e a dor aguda a lâmina rasgou sua língua e o céu da boca, mas não chorou, não gritou - apenas aceitou a violência.

Então quebrou um dos biscoitos ao meio; esperando uma agulha, caco de vidro, laminas ou insetos, mas não tinha nada além de algo macio e pastoso, Thomas olhou para ela com uma carranca, tinha que haver alguma coisa. Por que ela lhe daria biscoitos de chocolate quando ele não tinha sido nada além de hostil com ela? Claro, ela disse que era uma forma de se desculpar - mas? Não, tinha que ser outra pegadinha cruel. Ele aprendeu com seus erros passados. Talvez tenham sido envenenados, feitos com cocô de vaca, embora seu olfato apurado não detectasse nada. Talvez ela tivesse colocado algo que não cheirasse?

—Eles são biscoitos. Ela disse sem muita convicção, seus olhos tão brilhantes como sempre. —Você não gosta?

Thomas se mexeu desconfiado quando ela se aproximou e agarrou uma das metades que ele havia quebrado. Ela deu uma mordida e começou a mastigar. Assim que terminou e lambeu os dedos, e abriu a boca mostrando a ele que havia engolido tudo.


—Pronto, viu? São só biscoitos grandão. Falou sorrindo.—Vamos comer?

Não fazia sentido.

 Efeito borboleta 🔞Where stories live. Discover now