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Era o casamento de seu irmão, e Diego estava feliz.

Feliz mesmo. Bruno e Lennon tinham planejado tudo há muito tempo, e, naquela família maluca, todo mundo acabou se intrometendo um pouco na coisa toda.

Diego se manteve firme em não se meter porque, sinceramente, ele não era fã de casamentos. Faltava uma hora para começar a cerimônia, e ele estava sentado em uma das mesas perfeitamente alinhadas, bebendo uma caipirinha que pediu no bar. Nada como um sorriso e uma piscadinha para conseguir bebida, mesmo quando ainda estavam se preparando para a festa de mais tarde.

Estava indo tudo bem até então.

— Espero que tenha preparado seu discurso, porque Lennon me obrigou a escrever um...

A voz às suas costas, infelizmente, era conhecida. Diego bufou.

Definitivamente, odiava casamentos.

— Eu não escrevi um, vai ser no improviso.

— Quanto comprometimento...

Sem ser convidado, Amaury se sentou com ele na pequena mesa, e Diego já estava irritado apenas com a presença dele.

O irmão do noivo do seu irmão era o cara mais chato que Diego conhecia, e ele conhecia muita gente chata.

Não se davam bem desde que Bruno começou a namorar Lennon anos atrás, quando, num almoço de família, ele trouxe o cunhado, Amaury. Diego era bem novo na época e não admitira para ninguém, mas criou um certo crush nele de cara, depois de conversarem por quase uma hora.

Não durou muito, porque, no mesmo dia, ouviu uma conversa entre ele e Lennon, e aquilo ficou em sua cabeça por mais tempo do que admitira para sua terapeuta.

"Diego parece ter gostado de você, por que fica fugindo dele?"

"Porque ele é novinho demais. E quem cursa teatro?"

"Meu namorado, o Bruno, irmão dele, cursa!"

"É diferente, Lennon!"

"Diferente como?"

"Só... diferente."

Diego se lembrava das palavras exatas, porque, na ocasião, estava indo chamar os irmãos Lorenzo-Silva para o almoço e, quando ouviu, ficou tão envergonhado que deu uma desculpa esfarrapada para fugir de todos da família pelo resto do dia.

E depois, a vergonha se transformou numa rivalidade que ele gostava de cultivar.

Eu poderia facilmente perdoar seu orgulho, se ele não tivesse mortificado o meu. Diego gostava de pensar como Elizabeth Bennet, às vezes. Era do teatro, afinal, e a diva sabia exatamente como tratar alguém que a feriu com palavras.

Com o passar dos anos, foi tolerando a presença de Amaury, e, no fundo, esperava que o irmão, Bruno, terminasse com Lennon em algum momento. Assim, nunca mais teria que fingir estar gostando da família deles, mas não aconteceu.

E, infelizmente, não aconteceria, já que estavam no casamento dos dois.

Que grande inferno.

— Eu não preciso escrever para falar bem do meu irmão. — Diego bebericou a bebida e pensou ter visto Amaury rir ao seu lado. — Então, não me irrite.

— Eu, literalmente, não fiz nada. — o homem ergueu as mãos em rendição. — Prometi à mamãe que hoje estaríamos em trégua, então, por favor, faça sua parte.

— Ai, Amaury, cala a boquinha, vai. — pediu num tom tão grosso, mas, ainda assim, Amaury riu.

"E vai se fuder, você é seu rostinho lindo." quase emendou.

idiota raiz | dimauryWhere stories live. Discover now