beija com raiva.

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— Como é que é?

Não estava entendendo nada do que a agência estava falando, e já estavam parados ali fazia duas horas. O carro simplesmente não estava funcionando, e todo o mecanismo era diferente dos que Amaury estava acostumado, além de ser tudo ao contrário. Amaury, em dado momento, desistiu, passando o celular para Diego.

— Fala com eles. Eu não estou entendendo nada!

O menor pegou o celular, saindo do carro, batendo a porta com força. 

Amaury permaneceu ali, tentando muito não pensar no fato de que estavam parados no meio do nada, numa estrada nas highlands, sem ver uma casa por perto, e o carro não ligava. Além disso, já era bem tarde, e, se não conseguissem sair dali logo, anoiteceria.

— Inferno de Europa... — murmurou para si mesmo, frustrado por mil motivos diferentes.

Diego entendia o que o atendente falava, mesmo com o sotaque tão forte, só não estava gostando do que ouvia. Ele havia dito que precisariam esperar um pouco mais porque estavam com alguns casos de turistas com o mesmo problema no carro, mas estes já estavam mais próximos do centro histórico, e que eles precisariam esperar. Ali, na beira da estrada, no meio do nada.

— Esperar? No meio do nada?

Senhor Diego, eu sinto muito. Há um sistema em cada carro, conseguimos ver onde estão, então, assim que possível, enviaremos alguém.

— Assim que possível, em quantas horas? — o inglês de Diego se misturava ao portunhol, tremia de nervoso.

Em algumas horas. — houve uma pausa e um falatório que Diego não entendeu. — Há um kit no porta-malas do carro, recomendamos que fiquem dentro do veículo. Tudo bem?

— NÃO, NÃO ESTÁ TUDO BEM. — Diego gritou em português, mas logo voltou ao inglês. — Estamos parados no meio do nada, o carro não funciona, nada do que instruíram antes funcionou! Não podemos ficar aqui!

— Sabemos que pode ser desesperador, mas pedimos para manter a calma...

Depois disso, tudo que restou foi um Diego gritando tanto que ficou vermelho, da mesma cor que seu cabelo, andando de lá pra cá na relva baixa da beira da estrada. Amaury notou que, agora sim, ele parecia ainda mais uma vaquinha escocesa, e, se ao menos estivessem perto delas, poderiam comparar.

Diego voltou para o carro tão nervoso que bufava. Em anos de provocações, Amaury nunca o tinha visto assim.

— O que houve? — perguntou Amaury, já pressentindo o desastre.

— O que houve?! — Diego repetiu com um tom sarcástico, sem sequer olhar para Amaury. — Em resumo, vamos precisar ficar aqui e esperar. Todos os carros estão com esse problema, mas a prioridade deles são os turistas que estavam mais próximos ao centro histórico. Ou seja, a gente não é. Tem um tal kit no em algum lugar. 

— Você falou pra eles que a gente tá no meio do nada?

— Falei. — Diego respondeu friamente, ainda sem olhá-lo.

— Falou que não entendemos o sistema desse carro?

— Falei!

— Você...

— Amaury! — ele explodiu, girando o corpo com violência para encarar o professor. — Eu falei tudo isso com eles, meu Deus! O que mais você quer que eu faça? Que eu abra o carro e conserte com minhas próprias mãos? Se acha que eu tô mentindo, pode ligar lá e falar com eles, toma!

Ele jogou o celular no colo de Amaury, quase sem cuidado, suas mãos tremendo de frustração. O silêncio que se seguiu foi sufocante. Amaury pegou o celular com calma, mas ao invés de ligar, apenas o colocou sobre o painel. 

idiota raiz | dimauryWhere stories live. Discover now