QUATRO ANOS ATRÁS.
— Diego, só me diz qual é o problema! — Bruno estava no quarto de Diego, mesmo o ruivo dizendo que odiava aquela invasão de privacidade.
— Não tem problema nenhum, eu só não gosto dele. — respondeu Diego, enquanto se arrumava para sair. — Você não precisa se preocupar com isso.
— Como não? Eu namoro o irmão dele, e ele vai estar sempre aqui. Você não gostar dele é um problema sim!
— Bruno, não é!
Diego não encarava o irmão. Sentia-se o ser humano mais idiota da face da terra, chateado por algo que ouviu de alguém que sequer conhecia.
Talvez tenha sido o tom que Amaury usou ao falar sobre o teatro, ou talvez o fato de Diego nunca ter sentido uma conexão como aquela na vida antes, e ter gostado tanto de como Amaury parecia inteligente e interessado em tudo que ele dizia, mesmo que não tenham passado mais de uma hora conversando quando se conheceram.
Diego não se envolvia amorosamente com ninguém fazia muito tempo, porque simplesmente não se interessava além de encontros casuais, sem compromisso. Ele era poliamoroso, e gostava assim. Mas quando conheceu Amaury, nem se lembrava que naquele mesmo dia teria um encontro com dois caras que eram um casal, e ele seria uma marmita bem servida.
O fato de ter esquecido isso enquanto conversava com Amaury o irritou demais. E depois, somado ao que ouviu do cunhado de seu irmão, o fez perceber que a poligamia era mais segura.
Além disso, toda a imagem que ele havia criado na cabeça sobre Amaury Lorenzo foi descartada. Diego era especialista em criar expectativas sobre as pessoas e depois se decepcionar quando as conhecia de verdade, e ainda se dava o direito de ficar frustrado.
Ele tratava isso na terapia, porque fazia isso o tempo todo, e por isso, nunca se interessava verdadeiramente por ninguém.
Mas com Amaury, ele não ficou só decepcionado, ficou bravo.
O tom de prepotência na voz rouca do professor, ao criticar o teatro como se fosse um juiz decidindo qual profissão era melhor, o ofendeu profundamente.
E, pelo amor de Deus, ele era professor de história. Quem estuda história?
— Bom, vou indo. — anunciou ao irmão. — E sai do meu quarto!
— Diego, espera, vamos conversar sobre isso, sério.
— Bruno. — fez uma pequena pausa. — Não tem o que conversar, eu vou tentar suportar ele por você, tá bom? Não vou estragar seu romance, prometo. Só... não vamos falar mais sobre isso, tá? Eu não quero.
O irmão não pareceu convencido, mas depois daquele dia, não tocaram mais no assunto.
Diego desabafou no seu diário quando voltou do date no dia seguinte, escrevendo sobre suas emoções e o que tinha acontecido.
A psicóloga havia dito que um caderno terapêutico ajudaria, mas mal sabia ela que, anos depois, o diário se tornaria um antro de ódio a Amaury Thiago Lorenzo.
⊱⊰
ATUALMENTE.
Amaury odiava aviões, mais do que odiava o capitalismo.
Bom, talvez não tanto assim, mas odiava.
Das poucas vezes em que precisou andar de avião, sempre tomava remédio para dormir e acordar no destino, ou, no pior dos casos, não acordar. Acontece que naquele dia em específico, o remédio ficou em casa. Naquela loucura toda de viagem em cima da hora, ele sequer lembrou do remédio.
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idiota raiz | dimaury
FanfictionHá um passado entre eles que tornou a convivência impossível, mas agora fazem parte da mesma família e precisam aprender a viver juntos. Diego, ator de teatro, e Amaury, professor de História, terão que aprender a conviver, e isso começa em uma lua...