1x01 - Balas Fini

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Manuela Pimenta sempre achou que sua primeira viagem internacional seria mais glamorosa do que chegar sozinha em um país desconhecido e não ser recebida por absolutamente ninguém

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Manuela Pimenta sempre achou que sua primeira viagem internacional seria mais glamorosa do que chegar sozinha em um país desconhecido e não ser recebida por absolutamente ninguém. Mas quando se trata da vida de uma garota que descobriu ter um irmão gêmeo há exatamente oito semanas, nada mais pode ser surpreendente.

O primeiro pensamento que ela teve assim que chegou ao aeroporto internacional de Porto Dourado foi "graças a deus eles têm balas Fini por aqui também!" – quando avistou uma garotinha com um pacote de balas de dentadura esperando alguém sair do portão de desembarque.

O segundo pensamento em solo europeu foi: "onde diabos minha tia se meteu?"

Tudo começou no dia três de outubro de 1999, quando Manuela veio ao mundo na cidade de Belo Horizonte, Brasil. Foi um dia um tanto chuvoso, segundo o avô da menina, e sua mãe começou a sentir as dores do parto bem durante a madrugada.

― Ela gritou horrores – dizia o avô, ao se lembrar daquele dia que mudou a vida de todos os envolvidos. – Não foi nem um pouco fácil pra ela, coitada. Também, você nasceu com quase quatro quilos, não sei como foi que acabou ficando tão pequena.

Manuela, de fato, era bem baixinha. Mal chegava aos um metro e cinquenta e cinco direito. Por sorte vivia em um mundo onde salto plataforma era possível – sua marca registrada lá em Belo Horizonte.

Ela havia vindo ao mundo às 4:53h da manhã de uma segunda-feira e era libriana, com ascendente em virgem. Sua melhor amiga dizia que essa não era exatamente uma boa combinação, mas Manu sempre acabava se esquecendo do motivo. Sua mãe era o contrário, virginiana com ascendente em libra, e a menina gostava de pensar que esse era um laço especial que pertencia somente a elas duas. Era uma das poucas coisas que ela tinha da mãe que não poderia ser comprado.

Ela estava parada bem no meio do maior aeroporto de Costa Malva, sentindo-se um pequeno pontinho no universo. Não podia negar que se sentia nervosa e quem a conhecia bem teria sacado isso só pelo modo como a mineira mexia no brinco em formato de concha no lóbulo da sua orelha esquerda. Ela olhava para todos os lados pensando "que maravilha", balançando a perna com a maior vontade de ir ao banheiro.

Não era mesmo assim que ela tinha imaginado sua chegada triunfal.

Finalmente, seu celular começou a vibrar e, ansiosa, Manuela atendeu no primeiro toque.

― Alô? Tia Jana?

― Manuelita! Perdão por ter deixado você sozinha, mas aconteceu uma emergência aqui na república e não vou poder ir te buscar agora – lamentou a tia com aquele sotaque europeu característico.

Ok, isso não estava nos planos. Não estava nem um pouco nos planos.

Manuela abriu a boca, pasma.

― Hum, tia, você sabe que eu acabei de chegar de outro país e não faço ideia de como ir até sua casa, né? – disse a garota, um tanto em choque. Será possível uma coisa dessas? 

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