1x03 - Bem-vinda

18.3K 1.8K 1.1K
                                    

― Como assim ele não estava de acordo com a minha mudança? – a garota se ouviu dizer em um grito esganiçado

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Como assim ele não estava de acordo com a minha mudança? – a garota se ouviu dizer em um grito esganiçado.

Sua tia só poderia estar de brincadeira com ela. Talvez fosse um trote de boas-vindas?

Os rapazes as deixaram sozinhas na sala de estar e foi quando Jana começou a rodear, rodear, rodear, até... Bem, até dizer esse monte de absurdos que não faziam o mínimo sentido. Quer dizer, como poderiam?

― Você me disse com todas as letras que ele estava ansioso pra me conhecer também e que só não me aceitou no facebook porque não usa regularmente as redes sociais e queria ter o primeiro contato comigo em pessoa – Manu fez questão de relembrar cada palavra da sua tia, como se quisesse se certificar de que não havia inventado nada e nem estava ficando maluca.

Parece que há mentirosos compulsivos entre nós.

Será possível que não existia um adulto na vida dela que não fosse um completo desastre?

Manuela Pimenta estava estupefata.

― Calma, calma. Não precisa se exaltar assim – tia Jana pedia, conciliatória. – Vamos conversar sobre isso.

Ah, tá bom, pensou a garota enquanto respirava fundo sentada no sofá da sala, mordendo o palito do pirulito com tanta força que já estava destruído. Ela piscou seus grandes olhos castanhos tentando raciocinar, a franja grudada na testa por causa do suor. Agora que parava para pensar, se sentia uma besta quadrada por ter acreditado tão facilmente em todas as desculpas esfarrapadas que a tia usou para justificar a ausência de contato de Matheus durante todo o tempo em que as duas vinham se falando.

Vou te contar. O ser humano quando quer muito acreditar em uma coisa fica completamente cego.

― Algo que você precisa saber sobre seu irmão é que ele é um gajo muy fechado.

Manu fechou a cara para a tia e se levantou do sofá, porque seu corpo todo já estava vibrando com a energia acumulada. Veja bem, ela até podia ser uma garota pequena, mas havia espaço para todo o tipo de temperamentos que precisavam ser extravasados de alguma maneira, ou então o tempo se fechava também e a casa caía.

― E você decide esperar eu atravessar a porcaria do oceano pra resolver começar a me contar essas coisas? – Manu indagou com as mãos na cintura e uma pose de quem não estava para brincadeira. Seu coração estava acelerado.

Tia Jana, pelo menos, parecia estar com o maior peso na consciência, mas tal percepção não mudou em nada a indignação da garota mais nova. Aquilo era um completo ultraje, se não coisa pior.

― Quem é que faz uma coisa dessas? – a menina se exaltou, frustrada. Foi exatamente essa mesma pergunta que ela fizera quando seu avô, também sentado em um sofá, lhe disse oito semanas atrás que ela tinha um irmão gêmeo que nenhum dos dois conhecia mais.

Terceiro TempoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora