II

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Hunter Patel, o famoso "garoto da minha idade".

Pois é senhor Patel, parece que nós também não tivemos muita sorte, não é mesmo?  

Hunter: caçador.

O que faz muito sentido pela sua personalidade e fama. 

Quem diria que o líder do grêmio estudantil, popular, simpático e pegador teria problemas por causa da sua sexualidade?

Oh por favor, não me odeie. Leia atentamente o que escrevi para você, sem remorsos, o.k.?

Você sempre teve tudo o que quis na palma de suas mãos. Nunca foi privado de nada pelos pais, fazia o que queria quando queria e não precisava prestar contas a ninguém. 

Ia a festas a noite e ainda conseguia ter uma boa campanha eleitoral do grêmio durante a manhã. Sempre foi amado por todos, inclusive pelos professores. 

Ainda me lembro de sua aproximação repentina. 

Éramos apenas colegas de turma e de campanha. Tínhamos sempre curtas e boas conversas normais sobre o colégio ou algo parecido. Mas eu sei que você sempre me observou.

-Aquele moço é seu namorado? -você perguntou enquanto andávamos pelos corredores do colégio.

-O que? 

-Sabe, aquele de sobretudo que vem te buscar ás vezes.

-Ah... Não, não. É apenas um amigo. -respondi cabisbaixa. 

-Faz tempo que eu não o vejo. Está tudo bem? -você perguntou meio preocupado.

-Nós tivemos algumas brigas mas já nos acertamos.

-Tem certeza que ele não é seu namorado? -perguntou rindo e me fazendo rir também.

-Tenho sim. 

-Se você diz... -deu de ombros e logo puxou outro assunto sobre o grêmio estudantil.

E a partir desse dia, sempre vinha conversar comigo sobre outras coisas. Sempre fazendo perguntas pessoais sobre o que eu gostava ou não, sempre tentando me conhecer melhor.

Depois de alguns meses, nos tornamos melhores amigos e isso nos ajudou bastante quando fomos eleitos como líder e vice-líder do grêmio estudantil. Estávamos em plena sintonia e isso fazia nossos cargos e a nossa responsabilidade ser algo leve e divertido. 

Então teve um dia que estávamos sozinhos depois da aula discutindo sobre algumas reclamações das outras pessoas do colégio.

Você conseguia me fazer rir a cada dois minutos com alguma piada e eu sempre me senti bem ao seu lado.

E aproveitando um segundo de silêncio, você puxou o assunto dizendo:

-Acho que nós devíamos namorar. 

O encarei totalmente confusa.

Marina entre Lobos - ContoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora