Novas rotas

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Procurei por uma chave naquele bar, e nada, voltei para rua e meus olhos ficaram mais irritados com a claridade repentina. Depois de mais de dez minutos andando no silencio ouvindo apenas meus pés contra o asfalto seco, ouço passos e um tipo de choro misturado com palavrões. Olho para trás e percebo que um cara esta debruçado no chão chorando, não me parece infectado nem nada mais ainda sim mantenho distância.

- Mais que droga, cadê essas coisas, estou aqui venham me pegar! – ele falava como bêbado. – Venham! – ele continuou, mais seus gritos se foram com o silêncio da cidade fantasma.

Olhei de um lado para o outro vendo seus gritos ecoarem. Bufei e me dirigi a ele revirando os olhos.

- Você e uma daquelas coisas? Você vai me matar? – ele olhava com olhar de piedade e pavor.

- Não, mais se você continuar gritando eu mesma mato você, idiota. – o peguei pelo braço e o coloquei de pé.

Ele me olhava assustado.

- Quem e você? Como e tão forte?  - ele encarava minhas mãos.

Revirei os olhos. – Presta atenção, sem perguntas ou eu deixo aquelas coisas te comerem vivo.

Ele serrou os lábios.

- Ótimo. – olhei para os prédios para ver se alguma janela havia se movimentado, precisava ficar atenta. – Vamos, me diga o que você tem? - voltei a olhar para ele, sua cara estava vermelha como um pimentão, cabelo suado e colado na testa, olhos vermelhos e serrados, suas linhas de expressão me indicavam o sofrimento dos anos acumulados.

- Nenhum dinheiro, cigarro, chaves de casa, chaves de um carro que não sei aonde esta. – ele apalpou cada bolso que tinha, olhando mais para o chão do que para o que estava fazendo.

- Me passa a chave do carro. – ordenei.

- Mais... – seu olhar vacilava entre mim e sua mão

-Agora. – disse com mais voracidade na voz.

Ele a tirou do bolso e eu a peguei.

- Onde você mora? – perguntei.

-Eu... Acho que no final da rua 37. – ele virou o dedo para todas as direções possíveis.

Mais o bom e que eu conhecia bem aquela cidade, afinal passei minha infância ali, cada rua era um esconderijo, cada moita das casas uma armadilha. Caminhamos ate a rua 37  e levamos bastante tempo já que tive que esperar o cara que parecia ter dois pés direitos, mais hora e outra uma cortina se mexia. Mais finalmente chegamos e logo avisto o carro ao lado de uma casa bem pobre. Eu não acredito que eu ia rouba de um cara pobre. E de repente pra piorar a situação uma garota sai gritando de lá de dentro. Droga.  Ela corre em direção ao cara, e o abraça forte e diz o quanto ficou com medo mais suas palavras se sessão quando me vê. 

- Quem e ela papai? – ela olhava para ele com medo. Podia ver em seus olhos. 

Ela aparentava ter mais o menos 14 anos, cabelo comprido, não tão comprido quanto o meu mais ainda sim era bem grande, castanho, e escorria por seus braços, bochechas ossudas e olhos verdes, seu rosto era pequeno e delicado, quase como uma ameixa, sem maquiagem e unha por fazer, típica pré-adolescente desleixada. Tênis, blusão e causa Jens apertada escura e rasgada. 

O encarei enquanto ele ficava sem reação por estar bêbado e perceber realmente que não fazia a menor ideia de quem eu era. Enquanto o observava percebi que seus olhos estavam bem vermelhos, bem mais do que antes e seus lábios agora eram pálidos, rachados. Olhei para a garota e a posição do meu rosto fez com que o sol me segasse alguns segundos, olhei para as montanhas e percebi que não iria demorar muito para o sol se pôr, no máximo duas horas e eu precisava sair dali e me esconder. Só que mais uma vez me pego olhando para a garota.

Guardiã Where stories live. Discover now