Guardiã

Esse e o fim

Senti um cheiro forte, podre, cheirava a morte, logo em seguida senti meu corpo queimar, como se jogassem ácido em mim, como se uma lâmina me rasgasse de dentro para fora, eu só consegui abrir os olhos quando o grito de dor saiu da minha garganta, a dor estava me paralisando aos poucos, eu não conseguia sentir meus braços, mais eu sentia a cama húmida de suor ou sangue. Minha visão ainda estava embaçada, gemi de dor.

- calma...  - alguém passou a mão pelos meus cabelos suados.

Vi Enzo com os olhos preocupados sobre mim. Minha respiração estava acelerada, como se eu me afogasse no meu próprio sangue. Senti seu leve toque segurando minha mão.

- você está horrível. - Caio veio do canto do quarto com um leve sorriso, mais ainda sim preocupado.

Sorri. Vi seus olhos se arregalando ao ver o que provavelmente era meu ferimento. Senti mais uma vez a dor me corroer e dilacerar, tentei ver como estava o ferimento, vi uma brexa aberta escuta coberta por um sangue tão escuro que era quase preto, as veias ao redor saltadas escuras, como se o veneno estivesse se espalhando.

- caramba, eu vou morrer não vou? - sussurrei, senti minha saliva cheia de sangue.

- não, não diga isso. - Enzo disse. - vai ficar tudo bem.

Sorri com deboche.

- Conan está tentando achar alguma coisa... - Caio disse.

Eu senti o veneno caminhar dentro de mim, se alastrar, querendo me mata pouco a pouco, gritei de dor mais uma vez, e foi uma dor tão forte que me levou a inconsciência.

"  mamãe? - perguntei. - quem são esses moços mamãe?
Via dois homens de preto parados na porta. Me escondi atrás dela, mais vi seu corpo cair sem vida no chão e eles me pegaram.
- mamaeeee! - eu gritava. "

Acordei com meu próprio grito. Mais suada mais fraca e a ferida estava maior, já cobria boa parte do meu tórax, eu sentia a carne pulsar.

- kai, tudo bem? - Enzo veio para perto de mim correndo.

- eles mataram minha mãe Enzo. - comecei a chorar compulsivamente.

- kai você estava delirando não é real meu amor. - ele tentou me acalmar.

- o que? - perguntei confusa, não conseguia raciocinar. Tentei ficar meus olhos em Enzo.
Olhei para ele e fiquei admirando lembrando de tudo que já passamos.

- o que foi? - ele perguntou.

- eu amo você, eu tinha me esquecido de como amo você.  - disse calmamente.

- eu também amo você. - ele disse enquanto passava a mão levemente por meu rosto.

- se eu morrer quero que saiba disso. - sussurrei.

- você não vai morrer kai, você e imortal.

- foi uma lâmina de prata envenenada perto do coração Enzo... - sussurrei em meios as arfadas de sangue.

Vi seu maxilar se enrijecer, ele parecia com mais raiva do que triste por saber o final da historia. Ele se levantou inquieto, o segui com os olhos ele andava de um lado para o outro, Caio olhava para ele com medo.

- Enzo - chamei mesmo sem forças. - Precisa me levar ate o Conan, não a muito mais tempo mais eu ainda preciso tentar salvar a humanidade.

- Você não vai morrer ! - Ele bateu contra a parede, e vi uma lagrima se forma em seus olhos.

- Por favor... - implorei.

Ele se aproximou de mim, se sentou ao meu lado e afagou meu rosto e me beijou, ele se afastou alguns centimetros para que pudessemos nos olhos nos olhos como se aquele momento fosse o nosso momento, o mesmo de dizer o "eu te amo" em silencio.

Ele me pegou nos braços me olhou nos olhos em quanto minha cabeça se recostava sobre seu peito.

- Consegue fazer isso? - ele perguntou.

Balancei a cabeça em afirmação. Ele comecou a caminhar, mais a cada passo sentia meu corpo piorando, era como se o veneno se espalhace mais rapido, a dor era absurda mais eu precisava aguentar firme. Finalmente ele parou, abri os olhos e vi que estavamos na floresta.

- O que ela esta fazendo aqui? - Ouvi a voz de Conan perguntar.

- Pai, esta tudo bem, eu preciso fazer isso, preciso salvar a humanidade... - sussurrei.

- Kai... - ele gaguejou enquanto olhava para mim de forma preocupada e cautelosa.

Enzo me colocou deitada no chão, senti a terra humida em baixo de mim, me sentia confortavel nela, a terra parecia amenizar a dor.

- Precisão confiar em mim. - olhei para todos eles enquanto segurava o meu choro.

Respirei fundo, senti meu coração começar a falhar, uma lagrima de dor e tristesa escorreu por meus olhos, enquanto na minha cabeça me passava lembranças dos ultimos anos, de tudo que vive com eles, ate mesmo com Conan, eu os amava com todo meu coração. Dei um leve sorriso. olhei para o ceu escuro e a lua cheia sobre ele, a lua velava toda cidade, em clusive minha morte lenta e dolorosa.

- Eu amo vocês. - disse o mais auto que consegui.

Segurei a terra em minhas mãos com toda força que conseguia, lagrimas e mais lagrimas sairam do meu rosto, eu sentia a morte pairando sobre mim, mais eu precisava lutar, ainda não era hora eu precisava completar o meu destino. Meu corpo todo se iluminou, as marcas floresceram e cada uma delas seguiu do meu corpo para o chão formando um circulo em volta do meu corpo, as folhas voavam ao meu redor o vento era pesado eu mal podia respirar, segurei a terra com mais força, parecia que mil adagas estavam sendo enfiadas no meu peito, eu não aguentava mais, o vento ficou mais forte e eu comecei a dizer as palavras o mais auto que eu conseguia e a cada palavra a terra parecia rachar, olhei pelo canto do olho e vi fogo saindo pelas frestas, conseguia ouvir as almas gritando.

"et oblinito hoc maledictio vorabit terram et ad finem hic est sanguis custos, et in fine labore tuo et a terroristis eius in hominum genus novis dimisit omne malum, quod est ad finem.  "

O vento parou assim que as palavras se sessaram dos meus lábios, e de repente senti tudo sendo sugado para mim, como se todo mal do mundo estivesse vindo para o centro de mim, tudo ficou calmo e silecnioso, olhei para os tres, Caio ajoelhado no chão, Enzo com as maos na cabeça e Conan perto de Caio. Eu soltei a terra já sem forças, senti meu coração parar de bater, e uma ultima lagrima escorrer sob a pele fria do meu rosto, e eu pisquei uma última vez como sinal de Adeus.