♪Chuva de Melodias

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"Lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é melhor.
— William Shakespeare.

  ♪♪♪ 


Edward subiu as escadas rapidamente e eu fui para a sala logo depois, era engraçado e ao mesmo tempo fofo como ele reagia quando ficava vermelho, mas duvidava que fosse ver aquela cena se repetir.

Sentei-me na poltrona próxima a lareira acesa e coloquei minha xícara na mesinha ao lado. Esperei o escritor voltar admirando as chamas contidas e terminando meu café. A chuva que caia me deixava mais a vontade, era agradável, mesmo com o frio que trazia consigo.

Como já havia dito Edward não demorara e trouxe junto seu livro.

Só sabia da existência de um trecho da história, mas queria saber mais. Talvez encontrasse vestígios do escritor de quinze anos por lá, na verdade, apostava que isso fosse acontecer.

— Seus olhos estão brilhando como os de uma criança, Lyra — falou andando até o centro da sala. — O que esconde por trás deste sorriso travesso?

— Nada. Agora podemos a ler? — perguntei.

— Pode começar sozinha. Vou levar esta xícara para a cozinha. — Edward a pegou e enquanto voltava para a cozinha se virou para mim, mas não disse nada e continuou a andar.

Peguei o livro que ele deixara na mesa e observei sua capa mais de perto, um tecido parecia envolvê-la e tinha uma cor entre o verde e o azul, mas estava tão desgastada que custava a distinguir qual das duas era a verdadeira. Não havia nenhum sinal de título, abri o livro para procurar algum sinal de seu nome, mas não o encontrei, a primeira página já era o início da história.

A caligrafia de Edward naquela folha era diferente da atual, menos cursiva e elegante, também havia uma variação às vezes drástica no tamanho das letras e alguns trechos pareciam mais garranchos que foram escritos com pressa. Tentei ler alguns trechos, mas sem sucesso, não apenas porque a letra dificultava, e sim porque estava tudo escrito em alemão.

Tentei decifrar as palavras sozinha, mas falhei miseravelmente.

— Acho que vou precisar de um tradutor — comentei, mais para a chuva do que para alguém, até porque o Senhor Capriccioso ainda não voltara.

E foi apenas pensar no diabo que ele aparecera.

— O que achou? — perguntou lançando um olhar para as páginas, se sentando no sofá ao meu lado.

— Muito profundo esses espirros em forma de letras, senhor escritor. Imagino que pronunciados devem ser semelhantes a uma crise de rinite alérgica, realmente muito poético.

Edward riu e pegou o livro, colocou-o no colo e me encarou:

— Quer que eu comece do primeiro capítulo ou da parte que parei naquela ligação?

— O que você acha? — Sorri. — A segunda opção obviamente!

O escritor retribuiu o sorriso e folheou algumas páginas até chegar ao trecho que queria.

— Vou traduzir e ler meio que simultaneamente, então sem muitos julgamentos. Entendido? — falou e eu balancei a cabeça de modo positivo.

— "A segunda coisa que reparei foi o grupo de pessoas que a acompanhava, mas não tive certeza se eles a bajulavam ou o foco era a garota ao seu lado. Imaginei que fosse a outra, com seus traços orientais e seu sorriso repleto de carisma, era muito mais bonita que sua amiga, mas não conseguira me cativar apenas com uma troca de olhar." — Edward tropeçou nas últimas palavras, demorou um pouco para traduzir e em alguns momentos lia a frase na língua original sem querer e tinha que voltar, se embaraçava todo e eu achei uma graça toda aquela confusão, talvez por estar apaixonada, mas naquele momento não conseguia negar que era fofo. — Você disse que não julgaria! — exclamou.

Mozart Terminou ComigoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora