AS DIFERENÇAS ENTRE SERVIÇOS, PRODUTOS E PROMESSAS

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Comprar um carro é diferente de adquirir um serviço, do ponto de vista das decisões que envolvem o processo. Os serviços e os produtos têm características diferentes, quanto à sua avaliação. Um serviço é uma atividade, um desempenho, uma satisfação que é proporcionada aos clientes. Já um produto é algo material, visível, pronto para ser experimentado, comparado, consumido. A promessa é uma expectativa de prestação de um serviço futuro, o que a torna mais inconsistente. Por esse motivo, ela deve ser bem elaborada, interpretando a necessidade do eleitor e invertendo o processo de troca ou de compra. Primeiro ele pagará (com seu voto), adquirindo a expectativa de ter suas necessidades atendidas. Por ser tão intangível, a promessa exige do Marketing Político uma ação muito mais elaborada. O político eleito pode demonstrar suas qualidades, evidenciando os serviços já prestados, o que dá consistência a suas promessas. O político iniciante tem que se esforçar para superar essa vantagem de seu concorrente. Como se julga que o eleitor tem memória curta, a maioria dos políticos eleitos acaba deixando para mostrar serviço nos anos de eleições. É a famosa "visita da raposa aos galinheiros". Essa estratégia pode ser facilmente desmontada por um concorrente que evidencie o trabalho feito pelo político no decorrer de seu mandato.

Algumas estratégias para tornar tangíveis as promessas

1. Comitê limpo, bonito, organizado e confortável, com cores suaves, pessoas felizes, música ambiente e outros confortos, projetando uma imagem de qualidade e eficiência;

2. Material de campanha graficamente bem elaborado, de visual agradável, evitando improvisações, xerox, recortes, etc. Usar fotos do candidato sorrindo, segmentando o público-alvo: sem paletó para o povo mais simples, bem vestido para as pessoas mais bem posicionadas.

3. Colaboradores, cabos eleitorais e voluntários bem apessoados e bem vestidos, se possível usando um crachá de identificação, um broche ou um botton do candidato.

4. Vídeos, santinhos, material de divulgação, boletins e outras publicações, divulgando e reforçando a imagem do candidato. Se o candidato tem em sua vida qualquer deslize que possa ser utilizado pelos concorrentes, deixar prepara preparados textos e material de contrapropaganda para combater a agressão.

5. Cartas aos eleitores, reforçando as promessas. Segmentar os eleitores e aproveitar as datas comemorativas como pretexto para essa correspondência: dia das mães, dia do bancário, dia do comerciário, etc.

6. Mensagens que informem como o candidato pretende transformar em realidade as suas promessas.

7. Organização de um cadastro de eleitores, com seu endereço, profissão e data de nascimento. Um cartão no dia do aniversário, um ano antes da eleição, pode ser decisivo.

8. Realização de constantes pesquisas de necessidades dos eleitores, seu nível de satisfação com os políticos em ação e suas expectativas para as próximas eleições.

Conquista e Retenção de Eleitores

O que é mais fácil para o político, conseguir novos eleitores ou mantê-los satisfeitos com os serviços, de forma que eles se mantenham fiéis e sempre votem nele? O político no exercício do mandato poderá fazer as duas coisas ao mesmo tempo, se manter seus eleitores satisfeitos. Cada eleitor satisfeito poderá conquistar pelo menos mais um eleitor descontente com seu político. Hoje em dia está se tornando perigoso confiar na pouca memória do eleitor e só mostrar serviço às vésperas da eleição. Também está cada vez mais delicado confiar na força do poder econômico para garantir a eleição.

A satisfação de seus eleitores é um instrumento que alavanca o número de pessoas de seu reduto eleitoral. Para o político no exercício do mandato isso é fácil de resolver. Para o político iniciante, no entanto, é preciso um trabalho redobrado, senão triplicado, para evidenciar as vantagens das promessas do candidato, em relação aos serviços deficientes ou propostas limitadas de seus concorrentes. Sua promessa dever ser melhor até que a consistência dos serviços já prestados pelos outros. Se conseguir isso, se suas propostas ou promessas são melhores que as da concorrência, mais pessoas aceitam o candidato. Eleitores satisfeitos e convictos trazem mais eleitores, através de indicações (propaganda boca a boca). A fama e a reputação do candidato crescem na comunidade, atraindo novos eleitores. A perspectiva de vitória é um grande instrumento de convencimento porque o eleitor detesta perder seu voto.

A propaganda boca a boca influi diretamente no número de simpatizantes, sendo um dos principais responsáveis pelo sucesso ou não do candidato. Ela consiste de comentários pessoais, positivos ou negativos, que seus eleitores fazem aos amigos, parentes, conhecidos, colegas de trabalho, vizinhos e outras pessoas. Após ouvir esses comentários, as pessoas que desconhecem o candidato e suas propostas passarão a ter uma opinião positiva, ainda que vaga, sobre ele. Pela propagação desses comentários, o candidato vai adquirindo fama.

A propaganda boca a boca necessita de fatos para ser estimulada, de aspectos concretos e marcantes que possam ser lembrados com entusiasmo. O que o candidato fez, o que pretende fazer, quais suas relações, seu histórico de vida e tudo que for realmente importante pode ser utilizado para alimentar esses comentários. Sua coragem em criticar, sua decisão em agir, seu brilhantismo ao discursas, nada pode ficar de fora, se for passível de ser explorado positivamente. O comentário positivo resulta de uma série de pequenas atitudes positivas do candidato. Este é o combustível principal da propaganda boca a boca positiva.

Amigos, conhecidos, eleitores fiéis e parentes podem colaborar também, indicando eleitores passíveis de serem conquistados. Esses eleitores, indicados por seus conhecidos, poderão ser alvos de uma campanha específica através de cartas, visitas do candidato ou de seus colaboradores, levando-se sempre em conta que o importante é maximizar resultados. O líder de uma associação de bairro é um formador de opinião e merece mais atenção do que o pai de uma família de poucos membros. Nem é preciso lembrar, no entanto, que cada voto conta. Por isso, é preferível visitar o pai de família que pode ser convencido do que o líder de bairro que já fechou questão com um candidato concorrente.

A Comunicação na Campanha

Fundamental para o sucesso de uma eleição, a comunicação é uma das ferramentas básicas do candidato. Através dela ele interage com seus eleitores e com sua equipe, transformando simples encontros em verdadeiros relacionamentos humanos. É importante saber um dado significativo do processo de comunicação. Ele se estabelece segundo as seguintes porcentagens:

Conteúdo (palavras) 7%

Tom de voz (modo como dizemos) 38%

Expressão corporal (linguagem do corpo) 55%

Isto quer dizer que é mais importante como dizemos as coisas do que o que dizemos. Esses três aspectos caminham juntas, é claro, mas ressalta-se o fato de que precisamos dar mais ênfase à inflexão vocal e à linguagem do corpo, jamais esquecendo que é o tom de voz e a expressão corporal que dão eficácia ao discurso.

Um fraco poder de comunicação pode arruinar uma carreira política, pois o que o candidato pretende dizer não é exteriorizado eficazmente, não atingindo o objetivo proposto. Essa habilidade não deve ser restrita apenas ao candidato, mas a todos os membros de sua equipe. A criteriosa seleção desses colaboradores pode ser decisiva para suas pretensões.

Dicas para uma boa comunicação:

1. Passe a observar-se quanto ao tom de voz e a expressão corporal. Peça informações às pessoas que o cercam, a fim de conseguir maior eficácia e atingir seus objetivos;

2. Aprenda a transformar promessas em benefícios para os clientes, usando a linguagem que ele entenda. Em Roma, fale como os romanos, para plagiar a célebre citação.

3. Aproveite todo contato com seus eleitores para comunicar seus diferenciais, suas propostas de trabalho, transformando promessas em esperanças.

4. Diga o nome do eleitor, quando falar com ele. Delegue a atribuição de descobrir nomes aos seus colaboradores. Num discurso, num bairro, cite nomes de pessoas ilustres, apontando-as na multidão.

5. Observe a si mesmo e a sua equipe durante a comunicação para poder corrigir ou melhorar o processo. Oriente para que seus colaboradores façam o mesmo.

6. Sintonize-se com seus interlocutores, estabelecendo a empatia;

7. Não evite reconhecer erros e pedir desculpas. Só não faça isso com muita frequência, é claro.

8. Nunca discuta com um eleitor. Você nunca ganhará nada com isso. Adote uma postura humilde e agradeça as críticas, conselhos ou argumentos dele.

9. Ouça atentamente,observe, entenda o que é dito (e não dito, através da inflexão e da expressão corporal) para se comunicar melhor. Ouvindo, você poderá interpretar com exatidão as necessidades e desejos de seus eleitores, retribuindo-as com a melhor proposta, com a mais eficiente das promessas.     

O CANDIDATO A VEREADOR - Um Manual Para Sua EleiçãoNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ