iv. ESTRELA CADENTE

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"Dizem que, sempre que você conta o desejo feito a alguém é provável que ele não aconteça, foi por isso que eu o guardei pra mim, em meio às lágrimas de confusão, tristeza e terrível solidão."

Prometi a mim mesma que não escreveria mais, que esconderia todas as outras cartas e deixaria esquecidas até serem consumidas por traças e o mofo, mas não foi o que eu fiz.

Minha mente é uma máquina, simplesmente não consigo controla-la para parar de pensar de você e afasta-la de lembranças e querer transmiti-las em algum papel, talvez porque eu queira realmente fazer isso.

Ainda sinto saudades daquele tempo onde eu não precisava me preocupar com nada. Não importava o que acontecesse comigo ao decorrer do dia, eu sempre sabia que no final do dia, teria você.

Poderíamos conversar e trocar carícias até conseguirmos adormecer. Aqueles momentos eram meu poço de felicidade, onde eu conseguia esquecer tudo o que me afligia quando estava contigo, mas como todas as coisas que já me apeguei eu teria que abandonar antes que me abandonassem.

E lembro quando estávamos no final do ano, e estava perto do natal mas ainda não nevava e só fazia aquele típico frio cortante que fazia as folhas de outono caírem, e nesse exato dia que eu decidi destruí qualquer chance de permanecermos juntos, e que acabaria com tudo que tivemos.

Ainda era cedo quando acordei ja com um ensaio em cabeça de como acabar com tudo aquilo e tentar fazer que compreenda porque tinha que ser feito aquilo, passei pela cozinha com minha mãe vendo provavelmente algum reality show que passava aleatório na tv, e minha irmã mais velha Eleanor pintava as unhas sentada no sofá.

― Hope ― ela chamou vindo até mim quando percebeu minha presença e eu estava próxima a porta ― Você já contou a ele?

Neguei com a cabeça e ela pareceu decepcionada, porque ela sabia que nunca contaria, que eu estava enganando a mim mesma ao dizer que me encontraria a última vez com você para dizer que ia embora, minha irmã era a única a saber sobre nós e a única a saber que eu precisava ir embora e me ajudar com isso, porque minha casa era um furacão de intrigas e conflitos com minha mãe e eu não suportaria mais.

Então eu fui até a biblioteca, que era um lugar silencioso onde eu poderia mergulhar nas páginas de livros novos ou já tomados pelo tempo e esquecer minhas preocupações e que minha vida era uma porcaria, foi quando você apareceu, eu não sabia como reagir Noah, porque aquela não era hora eu não estava preparada  ― na verdade nunca estaria ― e  vc novamente com seus improvissos bagunçando tudo o que planejo.

Você tentou me beijar em comprimento mas eu desviei, doeu tanto em mim quando em você, mas eu tinha medo que ao sentir seus lábios em volta dos meus podiam querer me fazer ficar.

E quando fomos a praça, aquela foi nossa pior discussão, porque você complicava tudo Noah? Era inacreditável que você poderia me amar tanto assim, com todas imperfeições e confusões que moram dentro de mim, nunca acreditei em amor de verdade, apenas sentia que aquilo nascia em livros e roteiros de filmes que eram uma farsa do amor de verdade da vida real, mas o engraçado é que no fundo eu sentia que você dizia a verdade mas eu queria não acreditar, porque eu preferia ficar sozinha não complicar a vida de ninguém porque sabia que ora ou outra você ia se cansar Noah, você cansaria de tentar lidar com todas angústias e seria demais para você e eu nunca gostaria de ver quando aquele momento chegasse.

Sabe por quê fui embora? Não porque não tinha nada a dizer ao contrário eu tinha inúmeras coisas a dizer, queria contar da minha viagem e que fosse comigo, contasse da minha irmã e também de tudo que me afligia e que eu procuraria ajuda para tratar daquilo, e acima de tudo que eu o amava.

Mas eu permaneci calada, e simplesmente fui embora. Não dei explicações, não dei esperanças apenas fui embora e eu juro que tentei voltar mas eu simplesmente não consegui, qual seria o sentido? Quando eu despedacei seu coração e simples palavras não poderiam o trazer de volta.

Nosso relacionamento acabou de uma forma tão inesperada quanto uma estrela cadente que caiu no céu no mesmo dia, quando eu já estava longe de nossa cidade e a milhas de você.

E então eu fechei os olhos e suspirei fundo formulando um desejo do fundo da minha alma. Sabe o que eu pedi? Eu pedi você de volta, mesmo sendo a causadora de o ter perdido, desejei que tentasse dar algum indício que poderia fazer que eu cancelasse aquele vôo e fosse até você.

Dizem que, sempre que você conta o desejo feito a alguém é provável que ele não aconteça, foi por isso que eu o guardei pra mim, em meio às lágrimas de confusão, tristeza e terrível solidão.

E então eu apenas aceitei, desejos não se realizavam por fenômenos da natureza, simpatias ou milagres, e muito menos com meras desculpas, aquilo acreditei que era o melhor da época, talvez eu tivesse que aprender a lidar comigo mesma antes de tentar o fazer se lidar comigo.

Hope & NoahWhere stories live. Discover now