Segredos da madrugada

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 A forma natural como as conversas entre mim e Taehyung aconteciam era algo que eu nunca havia experimentado antes, ouso dizer que acredito que conseguiriamos falar por horas sem que o assunto acabasse e foi exatamente isso que fizemos aquela madrugada.

Taehyung me contou que seu pai era médico e que até pouco tempo antes do divórcio do seus pais ele queria ser médico também, mas que depois de tudo a última profissão que queria seguir era essa.

Eu contei que morei no Brasil até o seis anos e que minha mãe era brasileira, falei sobre como um câncer a levou de mim e do meu pai, por isso voltamos para a Coréia porque era difícil demais para ele continuar lá.

Falei sobre como parei um ano de escola para que me adaptasse a Coréia, aos costumes e ao idioma e que se não fosse por isso eu também já estaria me formando, talvez até tivéssemos estudado juntos em algum momento.

Ele me contou sobre como a amizade dele com Jimin começou e a forma afetuosa com a qual ele falava do melhor amigo deixava evidente a força da relação deles, eu contei como Mirae me defendia dos comentários ruins desde que éramos crianças e que foi assim que nossa amizade começou.

A cada parte da nossa vida que contávamos um para o outro eu sentia que ficávamos mais próximos e essa era uma sensação boa.

— O dia de ontem é um dia difícil. -ele murmurou baixinho, respirando fundo. — Era o aniversário de casamento dos meus pais, era o dia mais importante do ano pra eles. Todo ano eles comemoravam essa data fazendo algo especial, só os dois sabe? É o terceiro ano deles separados, não é tão mais doloroso quanto foram os dois anteriores, talvez ano que vem seja mais fácil e conforme os anos forem passando já não doa tanto. Não exatamente pra mim, mas pra minha mãe e como você pode imaginar, se dói pra ela…

— Doi pra você também. -completei quando ele deixou a frase no ar e Taehyung assentiu com a cabeça. 

— Quando eles se separaram, eu tive medo que minha mãe nunca se recuperasse, acho que momento mais difícil foi quando o primeiro aniversário com eles não estando mais juntos passou. -mesmo com a pouca luz eu conseguia ver que ele havia fechado os olhos. — Sei que você não vai fazer isso, mas mesmo assim vou pedir pra que não julgue ela.

— Eu prometo que não vou. -murmurei e ele abriu os olhos marejados, a ideia de vê-lo voltar a chorar me machucava.

— Ela passou o dia no quarto, não saiu nem pra comer. No fim do dia eu fui tentar fazer ela sair de lá, esperava conseguir convencer ela a pelo menos tentar comer alguma coisa. -Taehyung fez uma pausa, voltando a respirar fundo. Eu apenas continuei em silêncio esperando que ele estivesse pronto para continuar, porque eu sabia que não era algo fácil de se contar. — Ela tentou… Você sabe! Aquele período foi um inferno, eu o odiei tanto, eu ainda o odeio tanto. Jimin é o único que sabe disso tudo, ele ficou comigo no hospital enquanto ela se recuperava, ele me ajudou a manter a casa organizada e levava comida quando eu esquecia de comer. 

— Eu sinto muito, Tae. - sem que eu percebesse minhas lágrimas haviam voltado. — Nem você e nem sua mãe mereciam isso.

— Minha mãe fez terapia e ela está melhor agora de verdade, ela voltou a dar aulas de piano e está estudando inglês. Mas não quero deixá-la só nesse dia, então ano passado e esse ano passei com ela, nós saímos juntos, nos divertimos… É bom. —ele deu um sorriso ao falar a última parte e senti um alívio me atingir. — Esse ano ele tentou se reaproximar de mim e sabe apesar de tudo eu ainda sentia falta dele e tentei dar uma chance, aí aconteceu aquilo que você viu no dia do jogo. Decidi que o melhor pra mim vai ser ele estar o mais longe possível da minha vida.

— Você é tão forte, Tae. Só consigo pensar enquanto deve ter sido difícil segurar toda essa barra por todo esse tempo. —minha mão passou pelos cabelos ondulados dele, afastando-os e me permitindo enxergar melhor o rosto dele. 

Cinco aulas de sedução - Taehyung || REVISÃO Onde as histórias ganham vida. Descobre agora