Maus olhos...

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-Não, por favor-digo em meio a lágrimas.

-Você é mesmo uma imbecil não é? Sempre soube que você iria cair, a minha surpresa, foi em você levar um pastor tão bom, como o pastor Leandro-diz uma jovem.

-Por favor, você não sabe como as coisas aconteceram...Nunca foi minha intenção prejudicar Leandro, por favor, não faça isso-digo.

-Obreirinha...Eu era apaixonada por ele...Se você não tivesse se metido no meu caminho, hoje eu estaria, quem sabe, até casada com Leandro...Mais não, você tinha que aparecer e estragar meus planos. Me Lembro que ele ficava bobo te olhando, e sempre falava que vocês iriam juntos pregar o evangelho pelo mundo...Você não imagina a dor que eu sentia-diz.

-Me perdoa, eu não podia fazer nada, eu estava mal, cega, eu estava obcecada pelo Leandro, eu sei que contribui para a queda dele, porém, ele também não vigiou, me entenda por favor, não faça isso, eu apenas quero começar de novo-digo.

-Tarde de mais, Heleninha-diz.

Nas mãos dela, estava o meu uniforme de obreira. Eu havia o deixado no meu armário, dentro da sala dos obreiros, durante esse período em que estava de banco, e de alguma forma ela pegou.

Ela pegou um estilete e rasgou todo o meu uniforme. Meu echarpe estava em pedaços, e a cada pedaço do meu uniforme que eu via no chão, era um pedaço da minha alma se quebrando.

Somente um obreiro ou uma obreira, sabe o quão precioso é aquele uniforme para nós, ele é a peça mais importante, em todo nosso guarda roupa, é a nossa farda de guerra, e somente nós sabemos a guerra que enfrentamos, antes de coloca-lo e trabalhar em uma reunião.

Por isso a obra de Deus não é brincadeira, imagine você, se somente um uniforme tem esse peso para o diabo, imagine a nossa alma, por isso somos vigiados 24 horas por dia, por todos os demônios das pessoas que ajudamos, e os quais expulsamos. 

Mas quando temos o Espírito Santo, nada nem ninguém pode nos parar, ele é a certeza de que tudo vai dar certo. A esperança de que embora esteja tudo difícil, tempos melhores virão. E era essa a certeza que eu carregava comigo, no mais profundo da minha alma.

Corri até onde ela estava, e peguei os pedaços do meu uniforme. Eu soluçava feito uma criança, e já não podia mas aguentar a dor, que olhar aquilo me causava. Mesmo assim não foi o suficiente pra ela. Ela me humilhava, e falava que eu era uma qualquer.

-Para. Será que você não se cansa, saia daqui!-digo com os olhos marejados.

-Oh dó da obreirinha, tá chorando é?-pergunta debochando.

OLHA O QUE ELA FEZ COM SEU UNIFORME VOCÊ VAI DEIXAR?

NÃO É POSSÍVEL QUE VOCÊ AINDA NÃO ENTENDEU...SE NEM UMA JOVEM QUALQUER ACREDITA NA SUA MUDANÇA, QUEM DIRÁ OS OUTROS, VOCÊ NUNCA VOLTARÁ A SER OBREIRA HELENA.

NÃO DEIXA ELA FALAR ASSIM COM VOCÊ, MOSTRE A ELA QUE VOCÊ NÃO É UMA IMBECIL COMO ELA PENSA.

Tá amarrado em nome de Jesus!

Então eu apenas ignorei...

-Você não está me ouvindo não é, sua qualquer?-diz com ódio no olhar.

Ignorei novamente.

-Olha pra mim-diz virando o meu rosto para ela

-Para você está me machucando-digo.

-E se eu não quiser?-diz.

-Para!-digo.

-Não!-diz.

Me solto dela, e continuo juntando as partes do meu uniforme.

-Qual o seu problema garota?-pergunta.

-Eu não ligo pra o que você diz, simples-digo.

-Mais vai ligar pra isso-diz e em seguida me acerta um tapa no rosto.

EU SOU CONTIGO!

Ele apenas falou isso, não precisou insistir, não precisou fazer esforço, eu apenas olhei pra ela e sorri. não importa se os maus olhos dela e do restante da igreja dissessem que eu era mais uma, ou que eu não conseguiria. Pois o próprio Deus acreditava em mim.

Isso era o suficiente!


A Obreira Real (Em revisão)Where stories live. Discover now