Você de novo?

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-Sai Pedro, não gosto dessa sua intimidade com a minha mãe-digo.

-Deixa de ser boba Helena, você é muito ciumenta-diz minha mãe.

-Claro, você é MINHA mãe. Não tem nada que ficar chamando o Pedro de filho-digo com ciúmes.

-Vamos logo ciumenta, antes que fique tarde-diz Pedro.

-Cuida dela hein, juízo mocinha, nada de chegar tarde, ou não atender celular-diz minha mãe.

-Sim senhora mãezinha, não esqueça que eu não sou uma criança, e tenho responsabilidade-digo.

-Responsabilidade sim, juízo não-diz e ri de mim.

-Tchau! Não aguento mais ofensas-digo rindo.

Depois de nos despedirmos da minhã mãe, eu e Pedro, fomos atrás da Melissa.

No caminho até aquele lugar, me viam a memória, cenas como um flash-back, Melissa de uniforme, os xingamentos que ela recebia, vindos de mim, ou por minha culpa, tudo isso me entristecia.

VOCÊ NÃO TEM MAIS O QUE SE CULPAR, VOCÊ NÃO É MAIS AQUELA HELENA DE ANTES, VOCÊ MUDOU!

VOCÊ CONSEGUE, NÃO DESISTA JAMAIS DESSA ALMA, EU NÃO DESISTI DE VOCÊ!

VOCÊ NÃO PERCEBE? NÃO VAI CONSEGUIR SALVAR ELA, MELISSA TE ODEIA, VOCÊ DEVIA DEIXAR ISSO PRA LÁ! 

NÃO É ATOA QUE AINDA NÃO VOLTOU A SER OBREIRA, E NEM VAI, OLHA O MAL QUE VOCÊ FEZ A ELA!

Tá amarrado, em nome de Jesus!

Pensamentos que eu amarrava, muitas vezes jogavam verdades a tona, bom...Verdades acompanhadas de mentiras, mais a verdade nisso tudo, era que eu havia feito muito mal a ela.

Eu sabia, que não devia me importar com isso, afinal, eu já tinha o perdão do meu Deus,e aquela Melissa, não é nem a sombra, do que eu sou hoje.

-O que você tem em mente?-pergunta Pedro.

-Nada!-digo.

-Sempre!-diz e ri.

-Sim!-digo e rio.

Chegando na biqueira, vejo o mesmo rapaz que havia visto da última vez.

-Voltou?-pergunta.

-Sim, podemos ir lá-pergunto.

-Se ela não te matou, por vir aqui na última vez, quem sou eu pra te impedir-diz e nos dá passagem.

-Matar?-pergunta Pedro.

-Sim...Quer voltar?-pergunto.

-Jamais!-diz confiante e segue na frente.

Aquela, era uma alma muito importante para mim. Melissa. Eu fiz parte da queda dela, e por isso me sentia na obrigação de ajuda-la, eu apenas queria olhar nos olhos dela, e ver aquele brilho que eu via, e tanto me incomodava.

Eu não desistiria dela por nada desse mundo. E agora tinha duas pessoas que não desistiriam também; Pedro e Julia.

As cenas se repetiam dentro daquele beco, embora estivesse mais claro do que a última vez, a escuridão permanecia dentro da alma daquelas pessoas. As janelas estavam escuras e sujas, não as janelas físicas, mais as espirituais, ou seja, os olhos.

Olhares maldosos, sofridos, carregados de desilusão e rancor. O ódio era comum entre aquelas pessoas, e eu me perguntava, será quem fez essas pessoas sofrerem tanto, será que essa pessoa estava cega, como eu estava quando maltratava a Melissa?

E aquilo me trouxe uma ideia incrível, pois se aquelas pessoas eram como a Melissa, e alguém as fez sofrer tanto, isso significava que elas assim como a Melissa, precisavam ser regatadas.

-Precisamos salvar essas pessoas!-digo.

-É o que eu estava pensando, precisamos voltar aqui para evangelizar todos nesse beco-digo.

-Sim, temos que fazer isso!-digo confiante.

Pedro sorriu para mim, e eu retribui.

Depois de tocarmos o interfone, que o rapaz havia indicado, Melissa saiu de lá, com os olhos vermelhos e inchados.

-Pelo amor de Deus Helena, você de novo?-pergunta Melissa.

-Sim! Já disse que não vou desistir-digo confiante.

-Trouxe outro amiguinho hoje é? Helena, esqueça da minha existência, eu não quero você na minha porta outra vez, ou você não vai gostar do que irei fazer-diz.

-O que? Me matar? pois bem, segue em frente, não pretendo deixar de vir-digo.

-Por que você está aqui, me diz, o que você quer?-pergunta aparentemente fraca.

-Quero sua alma, ela me interessa, seu bem estar me interessa, quero salvar você-digo.

-Que pena, eu não quero ser salva, muito menos ainda, por você-diz fechando a porta.

-Mais eu irei fazer de tudo pra isso!-digo colocando o pé na frente da porta, impedindo que ela á feche.

-O que eu preciso fazer, para você ir embora, e me deixar em paz?-pergunta.

-Terça-feira, 20 horas, na catedral-digo.

-Isso nunca!-diz e fecha a porta.

-Então eu continuarei insistindo, até você aceitar-digo e bato na porta.

-Helena, esquece que eu existo-diz com a voz distante.

-hei mocinha, venha cá!-diz Pedro.

-O que o faz pensar, que eu irei ai?-pergunta.

-Eu não fiz nada contra você-diz.

Ela abriu a porta, e olhou nos olhos do Pedro, com seus olhos semicerrados.

-Não sei quem você é, mais se anda com essa qualquer, deve ser um imbecil como ela, então some daqui-diz e tenta fechar a porta.

-Menina, Helena é uma mulher de Deus. Ela errou sim, e um dia esteve caída como você, porém, você não tem  direito de condena-la ouviu bem? Não desgrudaremos de você, sem que você esteja bem de verdade, o.k? Então facilite as coisas e aceita o convite da Helena-diz sério.

Melissa olhou para Pedro assustada, e logo após concordou com a cabeça, com desdém.

-Isso é um sim? Você vai?-pergunto.

-Sim, eu vou-diz e bate a porta na nossa cara.

-Terça-feira 19:30 estamos aqui-digo.

-Que seja!-grita.

-Fica com De...-digo, e sou interrompida por um barulho.

-Melissa!?-grita Pedro.

-Melissa!?-grito.

Pedro chuta a porta abrindo-a, e quando faz isso, nos deparamos com a Melissa desacordada no chão.

A Obreira Real (Em revisão)Where stories live. Discover now