8 - Pesadelo Sem Fim

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Já é noite, e fiquei um bom tempo querendo tratar sobre o assunto de minha pequena “liberdade” com ele. Mas foi impossível, deste que eu voltei, ele havia saído pela tarde e não voltou até agora.

Fico no aguardo tentando não imaginar o que o palhaço deve estar fazendo, mas é difícil. Fico imaginando as crianças que ele está indo atrás, ou até aquelas que já foram...

- Droga...    - Murmurei de braços cruzados, dando voltas e voltas no meu círculo invisível.

Eu não queria pensar nisso mas... Por quê? Por quê ele tinha que se alimentar com carne humana? Por quê ele mantém crianças e adolescentes de menores flutuando naquele lugar enorme?!

Essas perguntas, que eu tentava encontrar uma maldita resposta, fazia doer minha cabeça me fazendo reclamar baixinho.

- BU!     - Gritei indo para trás, e caí ao tropeçar. Fiquei tão perdida em minha mente que não vi quando ele chegou. Fiquei assustada e estava ofegante, ele gargalhava -   Que foi? Estava fazendo algo de errado, Rata?   - Seus olhos me desafiavam. Eu odiei como ele me chamou.

- P-por que.. Me chamou assim?.. De rata?     - Perguntei ainda assustada. Olhá-lo de baixo é mais assustador. Ele fez um olhar entediado diante minha pergunta.

- Eu vi um rato enorme enquanto estava indo caçar. Acabei o devorando.

- Eww...   - Fiz careta.

- Você se acostuma. Aí por causa disso, eu pensei em colocar seu novo nome  assim.   - Deu de ombros e se sentou no sofá.

- Oh claro! E talvez me devore no final.    - Resmunguei com sarcasmo, e recebi um sorriso sujo para cima de mim.

- Talvez.    - Falou baixo.

Revirei os olhos e me levantei. A dor de antes volta, e ponho minha mão sobre o topo de minha cabeça. O olho e ele me devolve um olhar curioso.

- Eu vou.. Dormir.   - Digo mais para mim do que para ele. Wise não faz nada além de olhar para a TV desligada.

Caminhei até a frente do corredor, e o olhei pela última vez. Por impulso, murmurei um “boa noite” pela primeira vez, e não sei bem se ele ficou surpreso ou pasmo com aquilo. Acabou rindo e mandou eu ir dormir de uma vez, e o obedeci.

Chegando no quarto, deitei e me encolhi debaixo das cobertas de veludo preto, e logo durmo.

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Abro os olhos e contemplo um quarto escuro. Me sentei e percebi que estava ainda ali. Naquela casa. Olhei para cama, Wise não estava lá.

Me levantei e caminhei até a porta, ao abrir a mesma, me deparei com um espelho logo de frente. Vi como eu estava. Um caco, pode assim dizer. Cabelo bagunçado, e olhos com olheiras profundas.

Estava mais pálida do que posso imaginar.

Num piscar de olhos, meu reflexo estava sério. Estava diferente. Eu franzi a testa, meu reflexo não.

- Que estranho.    - Digo para mim mesma.

- Você é uma idiota.    - Escuto a minha voz. Era o meu reflexo.

- O que?

- Por que ainda não tentou fugir? Ele está te tratando como ele bem entender! Você é uma idiota! Não está lutando para não ser um fantoche! Logo você vai ficar doente, e vai querer fazer uma besteira na hora errada! Você é burra! Uma idiota! Você...   - Uma mão enorme com luva branca, bem familiar, a calou pondo a mão sobre a boca dela... Minha... Do meu reflexo.

𝐴 𝑃𝑟𝑖𝑠𝑖𝑜𝑛𝑒𝑖𝑟𝑎 𝐷𝑎 𝐶𝑜𝑖𝑠𝑎 | IT A COISA +18Where stories live. Discover now