Sete - Parte II

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Depois das farpas trocadas durante a noite, ela havia se deixado levar pelo cansaço e dormira, mesmo que apenas por alguns momentos

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Depois das farpas trocadas durante a noite, ela havia se deixado levar pelo cansaço e dormira, mesmo que apenas por alguns momentos. Somente em seus sonhos era capaz de esquecer tudo o que estava acontecendo pois quando acordava sentia a cabeça prestes a explodir devido ao acúmulo de pensamentos. Mas então a noite se foi e o clarear da aurora de repente a fez sentir-se muito consciente da presença do homem atrás dela.

No momento em que girou o rosto para vê-lo, deparou-se com ele a encarando, seus olhos escuros como a noite, turvos como as águas de um oceano profundo e misterioso. E feroz, muito feroz. A barba espessa por fazer concedia a ele um ar perigoso. O maxilar quadrado, as sobrancelhas bem marcadas, a pele morena e o ar de superioridade apenas acentuavam isso. Seu longo cabelo estava preso em uma trança quase desfeita, várias mechas soltas balançando conforme o ir e vir do vento. Era um cabelo realmente longo, totalmente fora dos padrões. Ela não conseguia ter a exata dimensão na posição em que estava mas suspeitava que eles iam muito além do meio das costas dele, algo incomum para um guerreiro — o que ela suspeitava que ele fosse. Imaginou como ele seria com os cabelos soltos. Ficou bastante tempo perscrutando a imagem dele e só parou quando o viu sorrir de canto, certamente por causa do intenso escrutínio dela. Virou para frente de novo, as bochechas pegando fogo. Então olhou para o homem que cavalgava ao lado deles carregando Belinha.

Era totalmente diferente. A barba era cheia e cobria todo o maxilar. Seus cabelos ruivos iam um pouco além dos ombros, longos também, mas dentro do esperado. Seu porte era gigantesco e tinha feições sérias. Lizzie se deu conta de que ele não dissera uma única palavra desde que se encontraram. Nem uma mísera palavra. Ao perceber que era examinado, ele olhou de relance para ela, permitindo um vislumbre de seus intensos olhos azuis. Olhos bastante sérios, que não demonstravam ferocidade ou aspereza. Eles mais pareciam... melancólicos.

— Aparenta estar bem curiosa, moça.

A voz grave trouxe sua atenção de volta ao cavaleiro atrás dela.

— E porque não estaria? — respondeu prontamente — Quero ver o rosto das pessoas que tão gentilmente me escoltam mesmo que sequer tenham perguntado qual é o meu destino. — alfinetou. Por algum motivo sentia-se bastante corajosa a luz do dia.

— Assim que montarmos acampamento, nós vamos conversar. Fique tranquila.

O tom de descaso não diminuiu em nada a ansiedade dela. Felizmente, momentos depois tinham chegado ao local planejado e Elizabeth ficou muito feliz em poder desmontar do cavalo e se esticar um pouco. Em seguida se apressou em prestar cuidados à irmã que seguia bastante sonolenta. Só então descobriu que o acampamento não teria algo como uma tenda ou coisa parecida.

— E dormem onde? — indagou aos homens.

Era certo que nunca tinha estado em um acampamento, mas até mesmo em épocas festivas, quando Drummond estava lotada de visitantes, as tendas eram armadas do lado de fora para que ninguém dormisse ao relento.

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