Thanksgiving

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- Por que ele tem sempre que vir pra cá? - Nora perguntou novamente à sua mãe, enquanto arrumavam suas roupas no armário.

- Querida, por favor, você sabe o quanto isso é importante para o Ryan. Ele quase não vê o filho... - Sarah respondeu à filha, dobrando mais uma blusa com logo de super heroi. - Pra que tantas blusas de menino, querida? - Ela pega a blusa das mãos da mãe.

- Mãe, o foco aqui não é esse. - Nora guardou sua camisa. - O foco é que eu tenho que aturar o filho do Ryan em todos os meus feriados, que deveriam ser meus momentos de diversão. Eu odeio ter que ficar de babá pra ele, mãe.

- Do jeito que você fala, parece que Gray é um bebê do qual você tem que cuidar. - Sarah revirou os olhos para a filha. Adolescentes eram dramáticos demais. Tinha quase certeza de que Ryan tivera uma conversa parecida com o filho.

- Não importa se ele é mais novo ou se é mais velho, eu odeio ter que ficar saindo com ele porque ele não tem companhia. - Nora bufou jogando-se na cama e encarando o teto.

Nora Pebbles morava em São Francisco com sua mãe, Sarah, e seu padrastro, Ryan Johnson, desde que entendia-se por gente. Seus pais se divorciaram quando Nora tinha quatro anos e desde então, sua ligação com o pai nunca foi das melhores. Ryan tem suprido o papel de pai desde que ela tinha por volta de sete ou oito anos e ele sempre foi incrível. Ele só tem um problema: Gray Johnson, seu filho dois anos mais velho, de humor insuportável, que mora do outro lado do país, em Nova York. Há uns oito anos, Gray vinha passar todos os feriados em São Francisco, com o pai e, consequentemente, com ela e sua mãe. De quatro anos pra cá, foram diversas datas comemorativas nas quais teve de "'fazer companhia" ao garoto, que "não tinha nenhum amigo na cidade". Aquilo a desgastava. Era simplesmente idiota ficar andando com alguém por aí, como uma bola de aço presa ao seu pé. O pior é que ele parecia querer estar no inferno ao estar ali e isso acabava com qualquer programação, por mais legal que ela fosse. Até tentou enturmá-lo com seus amigos, mas ele era frio, irônico e estúpido, fazendo com que ninguém quisesse ficar perto dele.

Gray Johnson era um carma. O carma dos feriados de Nora Pebbles.

- Prometa que vai se esforçar. Por Ryan. - Sarah pediu à filha, sentando-se ao lado dela na cama. Nora bufou novamente, cerrando os olhos impaciente.

- Se não fosse pelo Ryan, eu já teria até me mudado de casa. - Levantou impaciente. - Vou tomar banho.

- Você é uma ótima filha. - A mulher beijou a cabeça da garota, saindo logo em seguida.

- AINDA BEM QUE VOCÊ SABE! LEMBRE-SE SEMPRE DISSO! - Gritou e ainda conseguiu ouvir a risada da mãe, descendo as escadas.

xx

- Nora, você pode atender à porta, por favor? - Ryan gritou da cozinha, enquanto ajudava Sarah a guardar as compras para o jantar.

- Já estava indo! - Ela sorriu e gritou de volta, abandonando seu programa de TV e abrindo a porta, para seu desgosto e surpresa. Gray estava parado na porta, o braço direito apoiado na soleira, cabeça baixa, o óculos pendurado na gola da camisa, com as malas aos pés. Ele estava mais definido? Desde quando Gray ia à academia? Seus cabelos estavam mais curtos do que a última vez que o vira, no quatro de julho. E, espera, aquilo era uma tatuagem escapando pela gola da camisa branca?

- Pebbles. - Ele endireitou-se na porta, encarando Nora e sua calça de moletom cinza e seus braços cruzados em frente ao peito. Ela tinha pintado o cabelo, estava mais claro.

- Gray. - Respondeu seca e quase raivosa.

- O que foi? Não vai me convidar para entrar? Você ganhou dessa vez e eu vou voltar pra Nova Iorque? - Ele perguntou com um sorriso sarcástico.

The Holiday SagaWhere stories live. Discover now