The Holiday Saga

Summer

- Lamento muito por isso meninas, de verdade. - Aquela devia ser a vigésima vez naquela hora que Ryan se desculpava por estarem voltando antes das férias.

- Ryan chega de se desculpar, cara. Ninguém tem culpa que o cara morreu. - Nora respondeu, já cansada de dizer que não se importava. Aquelas desculpas todas já estavam ficando chatas.

- Ele era responsável por boa parte do setor de criação da empresa... É uma perda significativa para nós. Eu realmente espero que não afete em nada nos lucros e tudo o mais. - Ele disse com toda sua pinta de publicitário importante que quase fez a enteada rir.

- Parece que teremos que nos aturar pelo resto das férias então. - Sarah disse rindo e fazendo o marido e a filha rirem também. - Parece que Gray já sabia que essa viagem acabaria mais cedo e por isso não quis vir conosco. - Ela riu, sendo acompanhada por Ryan, mas Nora não se uniu a eles.

Depois do episódio na Páscoa, da briga e do modo como Gray voltou para Nova York, eles não tinham mais se falado. Mais dois meses sem trocar nem mesmo um email, sem dar notícias. Ela ficara sabendo que Gray não apareceria através de Ryan, que disse que ele acompanharia a mãe em uma viagem à Londres, terra natal do avô. Ela não podia dizer que estava feliz com aquilo. Também não podia dizer que queria vê-lo. Não saberia o que fazer se ele estivesse ali, com eles, durante todas as férias deste ano. Estava magoada, triste, desejando-o mais do que em qualquer outro feriado. Ao mesmo tempo que queria encontrá-lo, resolver tudo e ficar em seus braços de novo, lembrava-se de Megan, das coisas que ele lhe dissera e de como tinha sido idiota com ela. Bufou e voltou a olhar pela janela, vendo as casas da vizinhança passando rápidas enquanto subiam a ladeira onde moravam. Foi quando aquele carro gigante e completamente chamativo atraiu sua atenção. Ele estava parado em frente a sua casa.

- De quem é aquele carro? - Perguntou aproximando-se das cadeiras frontais e encarando Ryan.

- Eu não sei... Seja lá de quem for, tem dinheiro. - Sarah completou.

- Oh meu Deus... É o carro do Gray. - Ryan completou, fazendo Nora arregalar os olhos.

- O.. O quê? - Perguntou nervosa.

- É um Porsh Panamera Turbo, preto, com placa de Nova York, na porta da nossa casa. É óbvio que é o carro do Gray... O que pode ter acontecido? - Ele retrucou, encostando o carro logo atrás do carro do filho e Sarah pôde vê-lo sentado no chão, com as mãos na cabeça abaixada, parecendo meio desesperado.

- Oh, acho que ele não está nada bem, querido... - Ela disse antes que Ryan pudesse sair do carro batendo a porta e despertando Gray, que levantou da porta em segundos, abraçando o pai o mais rápido que pôde. Nora estava estática. Ele estava visivelmente um trapo. Olheiras absurdas, o cabelo desgrenhado, a roupa desarrumada... Ela nunca o tinha visto daquele jeito. Ele agarrava-se no pai, como se tivesse anos - e não semanas - que ele havia visto o mesmo pela última vez. Sarah saiu do carro, indo até o enteado e passando a mão pelos ombros do mesmo, que não largou o pai nem por um minuto. Nora tentava entender toda aquela cena, mas ficava cada vez mais confusa. Abriu a porta e desceu, sem afastar-se nem um milímetro do veículo.

- Eu não vou voltar, pai. Eu não aguento mais... Não aguento mais tudo o que ela faz, todo aquele drama e ela achando que pode dominar a minha vida. Eu não aguento mais. - Gray falava quase em um fôlego só. Precisava desabafar de uma vez, tirar todo aquele peso.

- Gray, calma... Acalme-se e fale devagar. - Ryan tentava entender o filho com alguma dificuldade. Ele parecia meio sujo, desarrumado... - Há quanto tempo você está aqui, filho? Sarah, por favor, vamos entrar. - Ele perguntou e sentiu Gray hesitar.

- Nós chegamos aqui ontem à noite... - Ele disse quase em um sussurro, tentando ajeitar o cabelo.

- Nós? - Sarah perguntou enquanto ia até a porta, abrindo a mesma.