The End

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Nora tentava abrir os olhos com certa dificuldade. A luz fazia seus olhos arderem e todo seu corpo doía como se tivesse levado uma surra. Sua garganta arranhava, impedindo-a de fazer qualquer som que não fossem resmungos. Precisava de água. Assim que seus olhos se habituaram à luminosidade, pode ver a mãe, dormindo desconfortavelmente em uma poltrona ao seu lado. Sentiu seu braço comichar e viu a agulha colocada em sua veia, somente atentando agora para o bip contínuo que ressoava no quarto. Droga, hospital. Ela odiava hospitais. Aquele cheiro, a comida ruim, o roupão desconfortável, enfermeiras que te tratam como objetos ou com pena. Ela odiava isso tudo.

- Mãe... - Ela chamou quase sem voz, mas Sarah não despertou. Ela devia estar ali, sem descanso. Nora estendeu a mão e tocou a mão da mãe, despertando-a em um susto.

- Nora? Oh meu Deus, Nora! - A mãe se jogou sobre ela, chorosa, em um abraço desengonçado. - Ai meu amor, eu fiquei tão preocupada! - Sarah chorava sem pudor, acariciando a filha como podia. - Melhor chamar alguém. - Nora observou a mãe apertar um botão acima de sua cama, freneticamente. - Como você se sente, filha? Eu fiquei tão preocupada... Todos ficamos. Meu amor, nem sei o que eu faria... - Ela não terminou a frase, voltando a derramar lágrimas. - Esses sete dias foram os piores, Nora.

Sete dias?! Ela estava no hospital há sete dias? Isso era tempo demais! Ela nem se lembrava de ter acordado nesse meio tempo. Por que ela passara tanto tempo desacordada? Antes que pudesse perguntar à mãe, um médico entrou, acompanhado de uma enfermeira e Sarah se afastou.

- Bom dia, Nora! Como você está se sentindo? - O lindo médico a questionou e Nora não conseguiu evitar o sorriso leve.

- Sede... - Disse tentando não parecer tão patética.

- Oh claro. - Ele disse e a enfermeira se encaminhou até ela, com um grande copo d'água e um canudo, de onde ela imediatamente começou a sugar água, sentindo alívio instantâneo. - Enquanto a enfermeira Koryn mata sua sede e verifica sua medicação, vou te explicar o que aconteceu, okay? - Nora concordou. - Eu sou o doutor Adam Matthews e, bom, você teve uma grave crise de bronquite asmática. Isso te proporcionou três paradas respiratórias em quatro dias, o que foi altamente preocupante. Felizmente, nós conseguimos te estabilizar e parar completamente a crise. Segundo sua mãe, você tem já teve outro ataque parecido quando criança, mas a asma nunca se desenvolveu dessa forma. - Nora lançou um olhar para a mãe, sem entender, enquanto a enfermeira ajustava sua bolsa de soro. - Dadas as circunstâncias, percebemos que seu gatilho é emocional, ou seja, quando você é exposta a grandes níveis de estresse, seus brônquios inflamam e sua musculatura se contrai, impedindo que você respire com facilidade. Antes do desmaio, você se lembra de ter sentido alguma falta de ar, respiração ofegante, dor nas costelas, tosse, congestão, chiado no peito, ou algo parecido?

- Um pouco de falta de ar, algumas vezes. - Ela disse em uma voz fraca.

- Entendo. Bom, você já está bem melhor, mas nós ainda precisamos manter um olho em você e garantir que você está cem por cento, okay? Se tudo der certo, você sai ainda esse fim de semana, que tal? - Ele lhe abriu um grande sorriso que a garota não pode deixar de retribuir. - Ótimo. Então, descanse bastante, comporte-se bem e tudo vai dar certo. - Ele anotou mais algumas coisas no prontuário. -  Enfermeira, continue com a aplicação do budesonida e da teofilina. - A enfermeira concordou. - Nora, qualquer desconforto, avise à enfermeira, tudo bem? Não esqueça: nada de estresses e bastante repouso, está bem? Nos falamos mais tarde. Até mais, senhora Johnson.

- Obrigada, doutor Matthews. - Sarah voltou à poltrona, olhando a enfermeira acomodar a filha da melhor maneira possível e avisá-la que logo voltaria para lhe dar banho. - Como você está se sentindo, meu bem?

- Perdi seis dias da minha vida e das férias em um hospital, vou ter que passar mais dias aqui, não tenho mais um namorado, o mesmo cara que meu pai tentou subornar pra ficar longe mim e uma estranha acabou de dizer que vai vir me ajudar no banho. Parece ótimo. - Ela riu um pouco, mas no fundo, sentia a dor em cada uma das palavras. Sarah sacudiu a cabeça em descrença. Não podia acreditar que ela ainda estava fazendo piada disso.

The Holiday SagaWhere stories live. Discover now