4. Amanda

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O Antônio sempre tentava ter algum contato ou alguma conversa comigo, mas eu sempre fugia ou inventava uma desculpa pra sair do quarto da Anna quando ele chegava.

Passaram-se dez anos, mas no meu coração parecia que eram apenas dias. Eu ainda o amava, não tinha dúvida nenhuma disso, mas eu também o odiava, por tudo ter terminado daquela forma.

Hoje era a alta da Anna, e eu estava checando os últimos exames dela antes de ir até o quarto liberá-la. Graças a Deus ela recuperou boa parte dos movimentos, mas ainda precisava de fisioterapia por conta das pernas, o resto tinha dado tudo certo.

Entrei no quarto animada. O Antônio e a mãe dele estavam lá sentados no sofá no canto.

- Como está minha paciente favorita? - perguntei assim que entrei e apertei o nariz da Anna entre os dedos.

- Eu estou muito feliz que estou indo pra casa titia Amanda, mas eu estou triste que não vou te ver todo dia - ela falou.

- Ei, nós vamos nos ver muito ainda, nas suas fisioterapias, eu estarei sempre por aqui - falei.

- Sim, mas a vovó também me prometeu que nós vamos tomar um sorvete com você - ela disse animada.

Eu olhei pra Dona Wilma e pro Antônio buscando confirmação e eles apenas acentiram com a cabeça.

- Claro, eu vou ficar lisonjeada- falei fazendo uma pequena reverência.

- Ebaaa, você tem filhos tia Amanda? - ela perguntou.

E nessa hora meus olhos já encheram de lágrimas quando eu me lembrei da Olivia.

- Anna, não... - Dona Wilma ia falar, mas eu respondi.

- Tenho uma princesa meu amor, mas hoje ela mora com o papai do céu - falei, mas eu não olhei pra ele, era uma informação que a mãe dele sabia mas que eu pedi que não contasse pra ninguém, inclusive ele.

- Eu queria que a Sra. fosse minha mãe. - ela falou e eu engasguei, o Antônio levantou correndo e começou a dar tapinhas nas minhas costas até que eu voltei, depois de muito custo.

- Anna, o que eu já conversei com você? - ele falou sério.

Eu não queria que ele brigasse com ela, eu já sabia toda a história dela e falei.

- Olha Anna, eu não sou a sua mãe, mas qualquer mulher teria muita sorte de ser mãe de uma criança tão incrível como você. Mas existem vários tipos de família, e o papai do céu resolveu te dar uma família com seu papai, sua avó, seus tios e primos. Na minha família éramos só eu, a Olivia que hoje está com o papai do céu, meus pais e meu irmão - falei, tentando explicar.

- Eu sei titiaa, mas se meu pai namorar um dia, eu quero que ela seja igual você - ela falou e se jogou no meu pescoço.

Eu não sabia o que falar, olhei pro lado e os dois estavam muito emocionados, resolvi me blindar um pouco. Quando o abraço acabou passei todas as instruções para o Antônio e já ia saindo da sala quando ele me chamou.

- Amanda, eu gostaria muito de agradecer por tudo que você fez pela minha filha, compramos um presente pra te agradecer por todo o cuidado que teve - ele disse indo até à mesa do canto e me entregando um arranjo enorme de flores e uma caixa de vinho. Eu amava ganhar vinho dos pacientes.

 Eu amava ganhar vinho dos pacientes

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DocShoe - Sempre suaWhere stories live. Discover now