15. Salto de 4 anos

1.2K 70 14
                                    

Antônio

Vicente nasceu, forte e saudável, pesando 3,542kg e medindo 48cm. Um meninão. Eu estava em êxtase.

O pequeno tem quase dois meses, e não desgruda da mamãe. Eu fico babando por ele o tempo inteiro, tem todos os traços da minha mulher, os cabelos clarinhos, a pele branquinha, o nariz e a boca bem desenhados.

Vicente é o rei da casa. Tudo gira ao redor dele, ele manda e nós obedecemos.

Come a cada duas horas e não dorme muito. Eu me encarrego dessa segunda parte, já que a Amanda passa o dia com ele no peito. Quero que ela descanse.

Outro dia, após uma noite difícil, com o pequeno cheio de cólicas, em que preciso niná-lo nos braços por horas, Amanda acorda, e me encontra balançando pra lá e pra cá, como se ainda estivesse com ele nos braços.

Ela acha graça da situação. Faz uma piada. E me ajuda a deitar, no outro dia, me deixa dormir o dia inteiro. Eu estava exausto.

E o nosso filho vai assim, o primeiro ano nos deixa cansados ao extremo, mas a sensação de o ter, enchendo e brincando pela casa, é a nossa recompensa.

Quando Vicente faz dois anos Amanda resolve voltar ao trabalho em meio período. Quer se dedicar o máximo de tempo às crianças.

Estamos em uma festa de confraternização de final de ano do hospital em que ela trabalha.

Vou no bar pegar os nossos drinks, e quando estou retornando ela está em um super papo com Aline.

- Impressionante né?, um gostoso. Nós o chamamos de Caixa Forte - Aline fala, cheia de sorrisinhos.

- Caixa Forte?, não é pra menos - minha pequena fala - E quem é?

- Arthur. O novo dermatologista. Começou há dez dias - explica Aline - um gostoso né?.

- Sim - Amanda balança a cabeça concordando.

Me sinto enciumado. Encosto ao lado delas e não escondo meu desconforto.

- Tua bebida - não chamo de amor, nem pequena.

- Obrigada querido - ela agradece e olha pra mim, buscando no meu rosto o que eu estou sentindo, ela sabe que eu ouvi e estou com ciúmes.

Ela abre um enorme sorriso quando percebe. Gosta de me provocar. Eu não.

Se aproxima e encosta os lábios nos meus, não me movo um centímetro, nem lhe dou acesso à minha boca.

- Só amo e só penso em você - ela diz, com a boca encostada no meu queixo.

- E no Arthur - solto, com raiva.

Ela começa a rir, dá uma enorme gargalhada. Mas depois de muitos beijos e abraços, estamos bem.

Dias depois, estamos na cada de Dindinho em uma recepção comemorando o aniversário da minha cunhada, Roberta.

Amanda está sentada no sofá com a Anna no colo, enquanto Vicente dorme no quarto.

Encosto perto delas que estão tendo um super papo.

- Mas mamãe, por favorzinho - Anna pede fazendo um biquinho.

- Meu amor, a Maricota já é grande, e os pais dela escolhem se ela usa maquiagem, pinta as unhas e alisa o cabelo. Você ainda é muito pequena e não precisa de nada disso, além disso pode piorar suas alergias - Amanda explica com muita paciência.

- Mas eu queria ter um dia de salão com você - Anna tenta argumentar com a mamãe.

- Meu amor, que tal se eu comprar uma maquiagem de criança pra você, e um esmalte de glitter? Nada de cores muito fortes - minha esposa pergunta colocando um pouco dos cabelos da Anna atrás da orelha.

Anna a enche de beijos e lhe dá um enorme abraço. Depois apoia a cabeça no seu ombro.

- Gosto muito dos teus abraços, sabia? - Amanda pergunta.

- Eu te amo mamãe, você é a melhor.

- E eu? - falo enciumado enquanto me sento ao lado das duas.

- Você também papai, mas a mamãe é minha melhor amiga - Anna tenta me explicar de forma que não me magoe.

E eu não me magoo, eu fico extremamente feliz da Anna ter essa conexão com a Amanda. É mérito das duas. E amo ver minha filha, enfim tendo a mãe que ela desejou ter a vida toda.

A mãe de Anna, foi uma aventura que aconteceu em uma noite regada a muita bebida. Eu mal me lembrava dela, até que meses depois, apareceu na minha porta com um pequeno embrulho nos braços, a deixando ali como se não significasse nada. Alegando que já tinha estragado seu corpo e sua vida demais. Nunca mais deu notícia e nem apareceu. Anna foi registrada apenas no meu nome e recebeu de mim todo o amor e suporte que eu pude.

Eu e a Amanda havíamos entrado com a papelada pra registrar a Anna no nome dos dois. Era o desejo dela, que disse que Anna era tão sua filha quanto Vicente.

Por isso eu amava aquela mulher. Não existia melhor e mais perfeita para mim.

Nosso casamento estava marcado para dali um mês. Eu estava feliz, por que enfim ela havia organizado a festa e todos os preparativos que a data exigia. Travamos uma luta durante esses anos em relação à isso, e eu perdi em tudo, as escolhas foram todas dela.

Decidi não retornar para Miami. Estava montando com minha mulher, um grande centro de treinamento na zona Sul do Rio para diversas modalidades das artes marciais mistas.

Amanda com toda a sua experiência, seria a médica responsável por todos os atletas. E eu, entraria como o treinador técnico responsável.

Alguns meses depois, o CT inaugurou. E devido à nossa influência, conseguimos inúmeros patrocionios e trazer atletas bem renomados para treinar conosco.

Com quatro anos de idade, Vicente iniciou no jiu-jitsu, e já era destaque no nosso centro. O pequeno treinava apenas nos horários que a mãe estava por lá. Amanda gostava de ter uma rotina bem montada e pré-definida com as crianças.

Trabalhava nos horários que eles estavam na escola, e no turno contrário, desenvolvia várias atividades com os dois. Levava a Anna no balé e aula de inglês, e o Vicente no jiu-jitsu.

Eu e a Amanda tínhamos várias brigas, a maioria das vezes por conta do meu ciúmes. Eu ficava possesso com qualquer homem se aproximando e ela brigava e me colocava no meu lugar como se estivesse falando com uma criança.

A minha pequena era perfeita, e se saia de qualquer briga ou situação incomôda cheia de graça.

Ela também era a parte racional da relação, com nossos filhos, no trabalho ou em qualquer problema familiar.

Estou no Centro de Treinamento finalizando mais um dia de expediente, vou até a sala dela. Está concentrada resolvendo algum problema quando a chamo.

- Amor, vamos? Já está tarde pequena - falo já adentrando a sala dela.

- Vamos, as crianças devem estar nos esperando para dormir - fala, já me dando as mãos enquanto apaga as luzes.

Comentem e curtam muito o capítulo. Nossa história está chegando ao fim, no máximo dois capítulos, o que vocês querem ver por aqui?

Próximo capítulo tem o casamento e a lua de mel.





DocShoe - Sempre suaWhere stories live. Discover now