24_ Tiroteio

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• Narrado por Drake •

ㅡ Aquele desgraçado do Freeman... ㅡ Meu pai deu mais um gole em sua bebida e apostou mais uma vez. Estávamos numa das mesas de um cassino. O barulho das máquinas, o cheiro da fumaça dos cigarros, os gritos em comemoração estavam me deixando maluco.

ㅡ Ainda não encontrou o resto do dinheiro? ㅡ Fingi estar interessado no assunto enquanto observava ele apostar. Uma mulher com um decote enorme me ofereceu um drink, mas eu recusei.

ㅡ Não. ㅡ Ele deu trago em seu cigarro e olhou pra mim. Meu pai estava bem vestido com um terno caro feito exclusivamente pra ele. O cabelo estava penteado e cheirando a gel. Mas, ainda assim, ele estava horrível. Meu pai era um dos maiores motivos por eu não querer seguir essa vida. Ele bancava o perigoso, dono de tudo, mas eu sabia o quão ele era infeliz e o tamanho da mágoa que ele guardava dentro de si. ㅡ Mas, Frank está cuidando disso.

ㅡ Freeman pode ter escondido em qualquer lugar. ㅡ Afirmei. ㅡ O Frank é bom, mas não tem super poderes.

ㅡ Ele vai dar um jeito. ㅡ Revirei os olhos com sua resposta. ㅡ Quando vai voltar? ㅡ Ele voltou seu foco para a mesa e resmungou quando perdeu dinheiro.

ㅡ Não sei. ㅡ Me espreguicei na cadeira. ㅡ Gosto daqui.

ㅡ É claro que gosta. ㅡ Ele riu. ㅡ Finalmente, na verdade. Você parecia até um santo, não fazia nada. Finalmente está vivendo um pouco. ㅡ Concordei com a cabeça e olhei em volta. Se aquilo era viver pra ele. ㅡ Quando estiver pronto para largar a boa vida e voltar ao trabalho, meu cargo estará te esperando. ㅡ Ele olhou para mim esperando alguma reação positiva.

ㅡ O que?

ㅡ Eu to velho, Drake. ㅡ Ele apostou mais uma vez. ㅡ Não consigo mais ir nas missões e nem fazer o que fazia antes. Quero me aposentar. Aproveitar os próximos anos com muito dinheiro e mulher.

ㅡ Você não está tão velho assim, não pode se aposentar ainda. ㅡ Me sentei direito na cadeira.

ㅡ Eu sei, Drake, sei como se sente. Assumir um negócio como esse é barra, mas você vai dar conta. Relaxa. ㅡ Sorriu para mim. ㅡ Eu já estou querendo isso a muito tempo, mas não podia me aposentar enquanto você não estivesse pronto. Mas, depois daquele dia que você assumiu a missão no galpão e não deixou um vivo lá, eu soube que era a hora certa.

Merda, merda, merda!

ㅡ Eu fiz uma missão, não significa que estou pronto para assumir a máfia.

ㅡ Está, sim. Aproveite seus dias de férias aqui, porque quando voltar, o trabalho começa. ㅡ Meu pai voltou seu foco para a mesa de apostas e eu senti uma raiva me dominar.

Que merda, eu não quero isso! O que eu vou fazer? Como saio vivo dessa merda toda? O único jeito de sair ileso da máfia depois de estar dentro, é com a permissão do chefe, só que o grande chefe me quer no lugar dele.

ㅡ Vou dar uma volta. ㅡ Me levantei da cadeira e saí de perto dele sem entender sua resposta.

Me desviei de todas as pessoas que estavam no caminho e saí por uma porta que dava para um corredor com luzes baixas e paredes vermelhas.

Fechei a porta atrás de mim e fechei os olhos aproveitando um pouco do silêncio. Eu estava irritado. Meu único sonho parecia estar indo por água a baixo e eu senti vontade de detonar aquele lugar.

ㅡ Oi, coisa linda. ㅡ Abri os olhos encontrando uma mulher. Seu decote também era enorme e seu olhar tinha más intenções. ㅡ Ta procurando alguém?

Encarei a mulher por uns minutos antes de abrir a porta novamente e sair dali. Minha ideia de felicidade era totalmente diferente da do meu pai ou da de Frank. Que droga, eu só queria ter uma vida simples e ter a mulher por quem sou apaixonado do meu lado. Sem medo de que algo aconteça com ela porque sou um mafioso.

Saí do Cassiano e pisei na calçada. Las Vegas era uma cidade muito acesa. Era noite agora, mas haviam tantas cores e luzes nos edifícios do centro que eu me senti numa balada.

Olhei de um lado para o outro até ver um beco ao lado do cassino. Escuro e vazio, perfeito para conseguir respirar e ouvir meus pensamentos sem tanto barulho ou luzes piscando.

Entrei no beco e me sentei no meio-fio.

Saquei o meu celular e liguei para Frank.

ㅡ Fala, chefe. ㅡ Frank atendeu.

ㅡ Como estão as coisas?

ㅡ Tranquilas. Eu to jogando no celular e Chloe está assistindo um filme de bonecos que ficam dentro da nossa cabeça. Não sei o que mente. ㅡ Ouvi a voz da Chloe ao fundo o corrigindo. ㅡ Divertidamente. ㅡ Ele disse. ㅡ E aí? Como está o papai?

ㅡ Perdendo dinheiro no cassino e decidindo que quer se aposentar.

ㅡ O que? Ele já vai se aposentar? Então... você vai assumir?

ㅡ Não quero assumir nada, Frank. Não vou fazer isso. Ele vai ter que me matar por desobediência, porque não vou assumir a máfia.

ㅡ Que merda, Drake... O que vai fazer?

ㅡ Não sei, mas ele disse que posso ficar aqui por enquanto. Tenho um tempo pra pensar. ㅡ Passei a mão na testa. Eu estava tão cansado. Queria poder colocar a cabeça no travesseiro sem me preocupar com nada. ㅡ Posso falar com a Chloe? ㅡ O tom da minha voz saiu quase como se eu estivesse implorando. E eu estava. Queria ouvir a voz dela.

ㅡ Perai...

ㅡ Oi, Drake. ㅡ Ela não sabia o quão me fazia bem só de dizer o meu nome. ㅡ Você está bem?

ㅡ Estou. ㅡ Segurei o celular perto do ouvido e sorri. ㅡ E você? Ta tudo bem? O Frank ta se comportando?

ㅡ Ele estava falando um pouco de mais e atrapalhando meu filme, mas briguei com ele e agora ele está quieto no canto. ㅡ Sorri novamente. ㅡ Você vai demorar muito a voltar? ㅡ Tentei não acreditar que ela sentiu minha falta para não criar falsas esperanças.

ㅡ Não, eu só vou... ㅡ Parei de falar quando olhei para o lado e vi um grupo de homens saindo de uma das portas do cassino no beco. ㅡ Freeman? ㅡ Falei comigo mesmo já me colocando de pé e sentindo meu sangue ficar quente.

ㅡ O que? Freeman? ㅡ Chloe perguntou.

ㅡ Passa pro Frank, Chloe! ㅡ Me escondi atrás de uma caçamba de lixo e observei Freeman conversar com mais três homens enquanto outra pessoa o esperava num carro estacionado.

ㅡ O que foi?? ㅡ Frank perguntou.

ㅡ O Freeman ta aqui. ㅡ Sussurrei para não me ouvirem.

ㅡ No cassino??

ㅡ Num beco ao lado do cassino.

ㅡ Eu já estou indo. Não faça besteiras, Drake!

Desliguei a chamada e olhei, tomando cuidado para não ser visto.

ㅡ Eu não to nem aí! ㅡ Freeman gritou. ㅡ Eu quero o meu dinheiro!

ㅡ Estamos procurando, mas o Garth disse que esconderia a localização. Quando chegamos no galpão, ele já estava morto. Não sabemos onde ele escondeu. ㅡ Um dos caras explicou.

ㅡ Garth... Aquele imbecil. ㅡ Freeman resmungou. ㅡ Encontrem logo o dinheiro e também a garota que estava lá. Quero acha-la antes do Grove.

ㅡ O que vai fazer com ela?

ㅡ O que eu quiser. Ela não é minha mulher? ㅡ Ele soltou uma gargalhada alta.

Eu não deveria ter feito aquilo, mas eu sabia que ele estava falando da Chloe e acabei perdendo o controle.

Me levantei, saquei minha arma e atirei. Não consegui acertar o Freeman, mas derrubei um de seus seguranças.

Um tiroteio começou. Mais homens saíram pela porta e logo foram muitos contra mim. Foi um erro.

Tudo ficou escuro quando senti uma dor aguda.

•••
Continua...

Me ame, ChloeDove le storie prendono vita. Scoprilo ora