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ATUALMENTE

Louis

Eu estava sozinho.

Sentado num banco de madeira, vendo a luz do sol banhar de laranja a grama ao meu redor.

Ouvindo o vento sacudir as folhas novas da primavera que havia começado.

A septuagésima quarta primavera da minha vida.

Me disseram que eu era velho, mas eu não lembrava de ser velho.

Não lembrava de ter visto tantas primaveras.

Mas eles diziam que sim, todas as manhãs.

- Vô? - ouvi uma voz doce chamar ao meu lado - Vô? - ela repetiu me fazendo virar um pouco o rosto para olhá-la.

Eu a encarei confuso, por que ela me era familiar, mas não devia me chamar de avô.

Ela se aproximou sorrindo e sentou ao meu lado, segurando minha mão e a acariciando entre os dedos.

- Katherine? - perguntei confuso, minha voz soando diferente em meus ouvidos.

- Não vô - ela respondeu triste - É Beverly, lembra?

- Mas você parece com ela...

- Eu sei - ela respondeu sorrindo - Você sempre me dizia isso quando eu era criança.

- Onde ela está?

- Ela já se foi vô - a garota, Beverly respondeu impaciente, como se não fosse a primeira vez que dissesse aquilo - A muito tempo.

- Como? - perguntei triste.

- Ela estava doente - ela disse suspirando, de novo como se não fosse a primeira vez que falasse isso também - Se foi quando o papai ainda era criança.

- Papai?

- Sim vô... seu filho - ela explicou triste - Lembra?

- Mas, mas e o Harry? - perguntei nervoso, meu coração martelando em meu peito quando lembrei dele.

A garota franziu o cenho triste, sem entender o que eu estava falando.

Ela acha que sou louco - constatei.

- Harry - repeti - Harry Styles o...

- Aaah - a garota me interrompeu com um brilho nos olhos, parecia aliviada, como se tivesse percebido naquele instante que eu não era tão louco quanto ela imaginava - Você fala do doador? Você lembra dele?

- Doador? - perguntei confuso.

- Yeh - ela assentiu, seu rosto tranbordando esperança - O seu doador lembra, a pessoa de quem você recebeu um coração...

Eu não tive tempo de sentir meu coração doer no sonho horrivel que estava tendo, minha mente me fez acordar justamente nesse instante, para que eu pudesse sentir literalmente meu coração palpitar e uma falta de ar começar a me fazer ofegar.

Red DestinationOù les histoires vivent. Découvrez maintenant