Red Destination

11 ▪︎ Futuro

FUTURO

Louis

Eu estava morrendo.

Literalmente.

Eleanor começou a chorar ao meu lado enquanto apertava minha mão com força.

- Mas deve ter outra coisa que você possa fazer Richard - ela disse desesperada para o médico sentado a nossa frente - deve existir um tratamento.

- Não há - ele respondeu balançando a cabeça - o transplante é a única solução em casos como esse.

- Mas... - Eleanor continuou tentando procurar uma solução - o diagnóstico pode estar errado, você pode estar enganado e...

- Ele fez duas ecografias transesofágicas Els, além de vários outros exames não-invasivos, é praticamente impossível que o diagnóstico esteja errado.

- Mas ele é jovem, é saudável - ela protestou - tem que estar errado.

- Eleanor por favor, você está agindo como se fosse leiga nesses assuntos, você sabe muito bem que doenças como essas podem ser assintomáticas que progridem de repente e...

- Mas...

- Quanto tempo eu tenho? - falei interrompendo os dois.

Eleanor soluçou e desviou os olhos enquanto Richard voltava a me encarar.

- Tomando os cuidados certos - ele começou, ponderando as palavras - um ano e meio ou dois no máximo.

Deixei uma lágrima quente escorrer por meu rosto e engoli em seco enquanto assentia com a cabeça.

- A medicação vai manter você estável por alguns meses antes que a cardiomiopatia comece a prejudicar seu estilo de vida.

- Eu não posso mais mergulhar? - perguntei preocupado.

- Não é recomendável para pessoas na sua condição - ele explicou - mas é uma escolha sua.

Eleanor respirou fundo ao meu lado e limpou o rosto com as mãos antes de se virar para mim e dar um sorriso fraco.

- Vai ficar tudo bem - ela disse mais para si mesma que para mim - isso é temporário, depois do transplante você vai estar novo em folha, e - voltou a encarar Richard - eu quero que você o ponha como prioridade em todos os hospitais da Inglaterra.

- Ele não pode ser posto como prioridade se não estiver morando aqui - Richard começou a explicar e eu apertei os olhos com força sabendo o que viria a seguir.

Eleanor me olhou confusa sem entender o que Richard queria dizer, e quando sua expressão mudou de confusa para surpresa.

- Você aceitou o emprego em Sidney? - perguntou incrédula.

Assenti com a cabeça e ela soltou uma risada amarga enquanto lágrimas desciam por seu rosto.

- E quando você pretendia me contar? Quando o convite para o seu funeral chegasse pelo correio?

- Els...

- Cala a boca - ela disse abismada - Você não vai a lugar nenhum, você pode ficar na lista de espera por anos se não estiver no país.

- Eu não me importo - Soltei irritado.

- Você não pode esperar por anos...

Quando eu não respondi Eleanor abriu a boca desacreditada e seu rosto adquiriu uma expressão de dor como se eu tivesse a esfaqueado.

- Obrigado Dr. Richard - disse me levantando e estendendo a mão para o médico a minha frente.

- Eleanor está certa - ele disse enquanto devolvia o cumprimento - suas chances aumentam em quase noventa por cento se você continuar a residir no país.