Capítulo 1

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22 meses depois...

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Stefan

- Estou saindo! - gritei caminhando até a porta com a chave do carro girando no dedo indicador.

- Querido, eu e seu pai precisamos conversar com você. Que horas você volta?

Ergui os olhos para a mulher morena de aparência extraordinariamente jovem que acabara de surgir no topo da escadaria e encolhi os ombros.

- Não sei, mãe. A gente conversa amanhã. - Não conversaríamos.

- Amanhã seu pai quer você na empresa de manhã, não se esqueça.

- Diga a ele para não contar com isso. - E bati a porta ao sair.

Não sou o tipo de garoto rebelde, revoltado com a vida, mas, às vezes, acho que meus pais nunca tiveram adolescência. Eles são tão retrógrados! Para mim, jovens da minha idade precisam se divertir: é lei! É impossível curtir a vida e trabalhar ao mesmo tempo. Enquanto tiver quem faça isso por mim, eu não o farei. Minha mesada garante que eu viva melhor do que muita gente aposentada que passou a vida inteira trabalhando, está para nascer quem me faça pensar diferente.

Parei o carro na frente de uma das casas de alto padrão do meu bairro e buzinei. Segundos depois, Julia saiu com seu salto agulha e um short que, para mim, era mais uma calcinha. Os cabelos dourados que caíam em ondas suaves até os ombros cintilavam sob a fraca luz dos postes conforme ela caminhava rebolando sua bunda avantajada, e os olhos cor de mel adquiriram um brilho travesso quando ela sorriu para mim.

- Boa noite, amor - resmungou ao abrir a porta e ocupar seu lugar no banco do carona enquanto eu pegava no porta-objetos uma flanela amarela e desgastada que costumo levar no carro para limpar o vidro.

Julia se inclinou para me beijar, mas eu virei o rosto e lhe estendi o pano:

- Limpe a boca primeiro.

Ela piscou, por um segundo sem entender. Então, finalmente, pegou o que eu oferecia e tirou o batom brilhante vermelho-sangue da boca.

Garota patética. Achava que eu era idiota o suficiente para não saber que só estava comigo por causa de dinheiro. Se não fosse tão boa na cama, eu já teria a dispensado há muito tempo.

- Melhorou? - perguntou.

Como resposta, a puxei pela nuca e obtive o beijo que ela me oferecera momentos atrás.

Apesar de estar localizado na periferia, o apartamento tinha estilo, eu devia admitir. Embora pudesse jurar que meu quarto fosse maior que todos os cômodos juntos, ele tinha certa elegância com móveis variando entre várias tonalidades do preto ao branco.

Soube que o lugar pertencia a um novo aluno que acabara de se matricular na universidade onde estudo. Eu nunca o vi - aliás, nem sei seu nome -, mas dar uma festa foi a maneira que ele encontrou de se enturmar. Bem pensado.

- Vou pegar uma bebida - resmunguei quando Julia se distraiu brevemente cumprimentando alguns conhecidos, sabendo que a música alta não a deixaria escutar realmente o que eu acabara de dizer.

Me afastei dela e, depois de algum tempo deliberadamente a evitando, me dei conta de que havia perdido as contas de quantas garotas diferentes eu já tinha beijado, tal como quantas músicas já havia dançado. Eu podia sentir o suor brotando em meu corpo e ainda nem chegara à metade da noite.

Havia acabado de tomar meu quarto coquetel quando escutei alguém esmurrando a porta, o que me fez rir. A música estava tão alta que a pessoa do outro lado poderia facilmente perder a festa inteira sem que ninguém a escutasse.

O preço da Felicidade // DEGUSTAÇÃOWhere stories live. Discover now