Capítulo 4

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Alexia

Megan saiu do banheiro secando os cachos escuros com uma toalha e estreitou os olhos quando me viu engolir um comprimido, quase duas horas depois de chegarmos da faculdade.

- É sério? - Perguntou. - Vai virar a noite outra vez?

- Eu vou dormir mais tarde.

Ela cruzou os braços, ciente do meu péssimo histórico de sono.

- Você vai ficar doente, Lexy.

- Pare de me jogar praga - Abri os livros e apostilas conferindo o relógio. Era quase uma da manhã.

- Não é praga, não. - Ela bocejou. - É um aviso.

- Vá dormir você, já está parecendo um zumbi.

- Vou mesmo. Você devia ir também.

- Eu vou.

- Quando?

- Daqui a pouco.

Fui dormir três horas da manhã e acordei às 05h37min com Alice em cima de mim. Como não escutei o despertador?

- Acóda, mamãe, acóda! - Ela me sacudia.

- Humm... eu estou acordada!

Minha irmã pulou da cama e começou a me puxar para que eu me levantasse.

- Vem ver. Vem, ápido!

- Ver o que, Alice? - Levantei-me esfregando os olhos, grogue de sono.

- Eu pintei a sala. Ficou nindo, vem! Vem logo, mamãe!

Ah, não...

Eu já saí do quarto tentando reforçar meu psicológico enquanto esfregava os olhos e trocava as pernas, mas nada que eu fizesse poderia me preparar para o que encontraria. Havia trigo espalhado por toda a sala. Todos os móveis. Os dois sofás, a estante, a televisão, a mesinha de centro, a coleção de antiguidades de Megan, chão, tapete... tudo. Tudo branco.

- Alice, o que... - Eu não sabia o que dizer.

Seu sorriso sapeca estava destacando sua expressão orgulhosa de si mesma enquanto ela se balançava para frente e para trás com as mãozinhas atrás das costas.

- Você gostou, mamãe? Eu que fiz!

Fiquei a olhando por um tempo, tentando decidir o que fazer. Bater nela? Eu nunca fiz isso.

Passei as mãos na cabeça como se esperando alguma intervenção divina.

- Alice, por favor... fala para mim que eu estou sonhando.

- Não, não. Eu fiz de vedade! - Ela correu e começou a pular em cima de um dos sofás, fazendo a poeira branca levantar. - Tia Megui! Tia Megui, vem ver!

Megan saiu do quarto esfregando os olhos, mas parou com um solavanco ao chegar na sala.

- Puta que...

- Não! - Eu gritei interrompendo seu xingamento.

Uma das únicas regras que existia em nosso apartamento era a de não xingar. Eu não quero que minha irmã cresça com esse tipo de palavreado.

Megan fechou a boca, abriu de novo, fechou, e dessa vez fechou os olhos também.

- Tudo bem. Calma. Respira - Ela falou consigo mesma e respirou fundo. - Certo - Então abriu os olhos e me olhou. - Que porra aconteceu aqui?

Alice pulou do sofá antes que eu pudesse dizer qualquer coisa e correu para ela.

- Eu que fiz a pôa.

O preço da Felicidade // DEGUSTAÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora