Alexia
Megan saiu do banheiro secando os cachos escuros com uma toalha e estreitou os olhos quando me viu engolir um comprimido, quase duas horas depois de chegarmos da faculdade.
- É sério? - Perguntou. - Vai virar a noite outra vez?
- Eu vou dormir mais tarde.
Ela cruzou os braços, ciente do meu péssimo histórico de sono.
- Você vai ficar doente, Lexy.
- Pare de me jogar praga - Abri os livros e apostilas conferindo o relógio. Era quase uma da manhã.
- Não é praga, não. - Ela bocejou. - É um aviso.
- Vá dormir você, já está parecendo um zumbi.
- Vou mesmo. Você devia ir também.
- Eu vou.
- Quando?
- Daqui a pouco.
Fui dormir três horas da manhã e acordei às 05h37min com Alice em cima de mim. Como não escutei o despertador?
- Acóda, mamãe, acóda! - Ela me sacudia.
- Humm... eu estou acordada!
Minha irmã pulou da cama e começou a me puxar para que eu me levantasse.
- Vem ver. Vem, ápido!
- Ver o que, Alice? - Levantei-me esfregando os olhos, grogue de sono.
- Eu pintei a sala. Ficou nindo, vem! Vem logo, mamãe!
Ah, não...
Eu já saí do quarto tentando reforçar meu psicológico enquanto esfregava os olhos e trocava as pernas, mas nada que eu fizesse poderia me preparar para o que encontraria. Havia trigo espalhado por toda a sala. Todos os móveis. Os dois sofás, a estante, a televisão, a mesinha de centro, a coleção de antiguidades de Megan, chão, tapete... tudo. Tudo branco.
- Alice, o que... - Eu não sabia o que dizer.
Seu sorriso sapeca estava destacando sua expressão orgulhosa de si mesma enquanto ela se balançava para frente e para trás com as mãozinhas atrás das costas.
- Você gostou, mamãe? Eu que fiz!
Fiquei a olhando por um tempo, tentando decidir o que fazer. Bater nela? Eu nunca fiz isso.
Passei as mãos na cabeça como se esperando alguma intervenção divina.
- Alice, por favor... fala para mim que eu estou sonhando.
- Não, não. Eu fiz de vedade! - Ela correu e começou a pular em cima de um dos sofás, fazendo a poeira branca levantar. - Tia Megui! Tia Megui, vem ver!
Megan saiu do quarto esfregando os olhos, mas parou com um solavanco ao chegar na sala.
- Puta que...
- Não! - Eu gritei interrompendo seu xingamento.
Uma das únicas regras que existia em nosso apartamento era a de não xingar. Eu não quero que minha irmã cresça com esse tipo de palavreado.
Megan fechou a boca, abriu de novo, fechou, e dessa vez fechou os olhos também.
- Tudo bem. Calma. Respira - Ela falou consigo mesma e respirou fundo. - Certo - Então abriu os olhos e me olhou. - Que porra aconteceu aqui?
Alice pulou do sofá antes que eu pudesse dizer qualquer coisa e correu para ela.
- Eu que fiz a pôa.
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O preço da Felicidade // DEGUSTAÇÃO
RomanceCapa por: Stephanie Santos ( @AutoraSSantos ) #-# Aos 18 anos, Alexia não pensa em se comprometer com nada mais além do seu trabalho, sua irmã de três anos e sua faculdade, mas sua vida dá um solavanco surpreendente quando numa noite de estudos, por...