Pelúcia

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(E não é que no fim das contas tinha mesmo gente lendo? Sintam-se abraçados!
Capítulo postado enquanto eu estou no ponto do fretado pra voltar pra minha cidade - UNICAMP em Campinas e eu morando em Jundiaí... A vida não tá facil.
Boa leitura!)

Quase dois meses passaram-se numa suposta paz entre eu e o moreno.

Ele vinha pelo menos uma vez a cada dois dias até minha casa ver como eu estava, além de encher constantemente minha caixa de entrada do celular com perguntas e frases preocupadas. Claro, o contato dele estava devidamente nomeado como “Estorvo”, a piada pessoal que me dava bom humor para responder com uma educação plausível suas mensagens.

Liam havia vindo falar comigo nesse tempo, dizendo que ele era o culpado pela informação sobre minha residência ter vazado. Disse que só se sentiria bem se ele soubesse de tantas informações pessoais sobre mim quanto eu sabia sobre ele.

Claro que eu quis estrangular o Payne a primeiro momento, mas em grande verdade, ele havia me feito um favor. Se o Styles não tivesse mudado de ideia eu estaria em grandes problemas a essa altura do campeonato.

No final das contas, talvez Harry fosse um bom pai. Digo, ele daria avôs aos meus filhos, coisa que eu não era mais capaz de oferecer. E todo mundo sabia que nenhuma criação era completa sem alguém para lhes mal acostumar, certo? Não que eu tivesse criado nenhum tipo de amor por ele, deixando isso bem claro. Apenas não o odiava com todas as minhas forças. Era muita energia para gastar com uma pessoa só. Principalmente uma que não parecia disposta a me deixar em paz.

O que eu não tinha previsto com a minha súbita perda de emprego é o tédio que me atingiria por não ter algo pelo que me esforçar todos os dias. Algo pelo que levantar de manhã e ser obrigado a colocar a cara pra fora de casa... Contudo, não havia motivos. Eu ficava lá, acordando todos os dias depois das onze da manhã e permanecendo por lá até ter conseguido terminar todas as doze temporadas de Grey’s Anatomy em quarenta dias.

Ficar em casa parecia um cárcere privado, eu já conhecia cada mancha na parede, sabia dizer onde o pintor havia borrado a pintura e isso honestamente estava me matando. Precisava arranjar alguma coisa para fazer, mas ainda não sabia ao certo o quê. Talvez Harry tivesse alguma ideia...

Não que eu precisasse dele para decidir alguma coisa na minha vida. Longe disso, no entanto, ele poderia servir para alguma coisa além de ser apenas um estorvo, certo?

Eram quase seis horas da tarde e eu estava finalmente tirando meu pijama. Normalmente eu saía, nem que fosse apenas para dar uma volta, mas hoje tinha acordado particularmente indisposto depois de vomitar três vezes de manhã. Filhos em dobro, náuseas em dobro, pelo que posso notar da prática.

Se bem que vomitar podia tornar-se rapidamente divertido quando, após um enjoo estupidamente forte, eu despejei meu almoço em cima de Harry. Demorou um tempo até descobrir que o cheiro do perfume dele havia causado isso. No mesmo dia, o Styles trocou a fragrância que utilizava, dizendo que a culpa era dele por usar um perfume tão forte perto de um gestante.

Fiz um high five mental com meus bebês por conta disso. Eu sabia que eles iriam gostar mais de mim e se voltar contra o segundo pai intrometido. Ou pelo menos rezava por isso todos os dias, já que algo em mim dizia que me sentiria morto por dentro se a situação fosse contrária.

Estava distraído escolhendo uma camiseta de mangas compridas quando bati os olhos no espelho percebendo uma pequena protuberância em meu ventre que costumava ser liso. Não era nada demais; na verdade, era até bem discreta, mas estava ali.

Uma euforia sem fim começou a se formar dentro de mim. Eu podia ter passado as últimas vinte semanas sentindo todos as náuseas, o sono absurdo, o apetite fora de hora e uma sensibilidade incômoda na região dos mamilos, mas nada que realmente provasse que uma vida estava ali, crescendo... Crescendo!

ImprovávelWhere stories live. Discover now