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A semana se passou... Silenciosa.

Acho que era esse o termo.

Não que eu fosse procurar por alguma palavra melhor do que essa para descrever a televisão ligada como única fonte de som nas paredes do lugar que eu chamava de lar, mas acredito que silencioso fosse completar aquela lacuna da minha vida.

Depois que expulsei o Styles da minha casa por conta daquele bendito sonho erótico, o que me sobrou foi o... Nada. De verdade, os dias arrastaram-se sem nenhuma mensagem sequer. Nada de estorvo, nada de aparições repentinas na minha porta, nem mesmo encontros na sala de espera do hospital em minha consulta de rotina, que sempre acontecia a cada duas semanas, no mesmo horário.

Nada mesmo. Apenas o silêncio insuportável que parecia me sufocar cada dia mais, como se eu tivesse me acostumado com a pequena cacofonia que minha vida havia se tornado depois que Harry havia entrado nela.

Sendo que em minha pseudo-solidão, decidi-me por levar Liam comigo para me consultar com Zayn. Eu era um gestante, precisava de alguém para segurar minha mão caso as noticias da semana não fossem muito boas. Eu poderia estar anêmico, um dos meus bebês poderia não estar crescendo direito, eu poderia ter abortado um dos meus gêmeos, eu poderia ter câncer, meu médico poderia ter virado um zumbi... Medos normais de qualquer pessoa grávida. Sério, a intriga da oposição sempre vence barreiras para deixar os sentimentos "maternos" alterados. E por isso, o Payne estava sendo sumariamente arrastado para a consulta.

Tudo está errado até que o médico lhe prove o contrário.

Com o repentino desaparecimento de Harry, ir ao hospital havia se tornado consideravelmente mais horripilante. Antes o moreno aparecia para me buscar e falava durante todo o percurso sobre qualquer assunto que conseguisse afastar meus receios de mim até que já estivéssemos dentro do consultório.

E eu gostava disso.

Contudo, sabendo que era função minha pedir desculpas depois da cena da cama e não conseguindo criar coragem para tanto, era Liam que estava no meu banco do passageiro conforme eu guiava meu carro até o hospital. Meu melhor amigo não tinha carteira de habilitação, atitude sobre a qual eu sempre chiava e ele ignorava, dizendo que transportes públicos eram mais ecologicamente saudáveis. Pro inferno a ecologia!

"Não vai pedir desculpas para o pai dos seus filhos?" Ele indagou, comendo uma Pringles como café da manhã. Reprovável. Liam deveria se alimentar direito ou se tornaria um velho doente e chato.

"Eu sou o pai dos meus próprios filhos. Ele é o penetra da festa, basicamente." Respondi, bufando. Um certo aperto formou-se novamente em meu peito ao pensar que o havia magoado, mas até que ponto eu conseguiria ignorar meu orgulho para pedir desculpas e pedir que ele voltasse a me estorvar?

"Não fuja do assunto, sabe muito bem que sem ele seus filhos já teriam ido pro saco, Lou." O Payne cruzou os braços em frente ao peito, encarando-me com aquele olhar cínico conforme saíamos do carro. Eu estava em cima da hora para a consulta. E com uma grande dose de falta de vontade, principalmente quando ficava constantemente lembrando de Harry.

"Você está aqui para ser minha mão amiga, não a merda da minha consciência, então vamos mudar de assunto. Eu sei o que ele é na minha vida, sei que preciso fazer algo a respeito, mas não estou muito a fim de pensar sobre o assunto agora, entendeu?" E com toda a minha delicadeza eu iria acabar magoando todas as pessoas à minha volta.

Mal avisei na recepção que havia chego, Zayn já nos chamou para dentro da sala, enquanto Liam continuava com sua função pé-no-saco de provar que eu estava errado. Eu estava errado, isso era óbvio, só não queria ficar ouvindo o mundo todo me lembrar disso. Lidar com a minha própria culpa já era difícil sozinho, que dirá com as reclamações alheias.

ImprovávelWhere stories live. Discover now