Quarto

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Quando Harry chegou à minha casa, tudo que eu tive vontade de fazer foi expulsá-lo de lá aos chutes. Passa uma semana sem sequer me mandar uma mensagem porque estava metendo com um homem qualquer? Era um desaforo, não importa de que maneira eu encarasse aquilo. Eu estava grávido dos filhos dele! Deveria ser a merda da prioridade, mas não!, era muito melhor ficar na cama com alguém do que ir na consulta semanal com o obstetra, claro!

Cretino!

"O que queria comigo, Louis?" Perguntou assim que passou pela minha porta, com a cara mais deslavada do mundo e um sorriso pequeno e educado nos lábios, como sempre. Como se nada tivesse acontecido.

Eu deveria falar sobre o problema com meu obstetra, deveria mesmo, porque era um assunto urgente e grave, que tinha a ver com a saúde dos meus filhos, que eu nem sabia como estavam, afinal, saí do consultório do Dr. Malik antes de conseguir me consultar. Contudo meus hormônios de grávido gritaram mais alto e eu acabei externando uma questão completamente diferente.

"Quero saber por que diabos você, em primeiro momento, não larga do meu pé nenhum segundo sequer e depois resolve me dar um banho de água fria ficando uma semana sem falar comigo? Daí quando eu resolvo te ligar, descubro que você estava ofegando na companhia de um cara! Qual é sua Harry Styles? Eu sei que nós não temos nada, e deixo claro que nem quero que tenhamos, mas era a consulta dos seus filhos também e você não apareceu porque estava metendo?!" Foi como uma crise de vômito. Saiu muito antes que eu sequer conseguisse pensar sobre o assunto e o alívio que me atingiu chegou quase ao mesmo tempo que a minha dignidade me abandonava.

O moreno piscou repetidas vezes, tentando entender da onde tudo aquilo tinha saído. Acredito que ele não esperava por nada daquilo.

"Ok, calma, vamos entender melhor da onde surgiu isso..." Ele falou, naquela paciência que só servia para que meus nervos alcançassem picos absurdos. A calma dele rebatia muito fortemente o meu estresse, de uma maneira que, figurativamente falando, eu fosse um barril de pólvora e ele um fósforo aceso. "Eu tive uma semana infernal no meu trabalho e depois de você ter quase me expulsado da sua casa, pensei que talvez quisesse um tempo só pra você. Acreditei que você estivesse se sentindo sufocado por minha causa, então, acabei ficando mais ausente nos últimos dias." O moreno começou, falando compassadamente e mantendo certa distância de mim, como se eu fosse começar a bater nele a qualquer momento. E eu ia mesmo. "Eu estava em outra cidade ontem, numa reunião com um representante, e só me lembrei da consulta que você tinha hoje quando já estava uma hora atrasado. De vez em quando minha cabeça entra em pane. Não é sempre, mas acontece e ontem foi um desses dias. Você não faz ideia de como eu me senti culpado por causa daquilo."

"Quanto eu estar com... Outro homem, ou seja lá qual foi sua acusação, você entendeu tudo errado, juro." Eu ainda estava com as mãos em punhos, mas ele começou a se aproximar aos poucos. "Sim, tinha uma pessoa comigo na minha casa, um grande amigo meu, de longa data que um dia pretendo te apresentar, mas realmente estamos longe, muito longe, de ter um caso. Ele se chama Ed Sheeran e estava me ajudando com uma coisa que eu quero te mostrar, se você me der a chance. Mas não hoje. Semana que vem, pode ser? Ainda não ficou pronto."

Claro, ele me desarmou.

Eu adoraria que uma vez na vida, Harry pudesse chegar na minha casa e gritar comigo quando eu gritasse com ele. Digo, se ele fosse mais alterado, talvez eu conseguisse descarregar de uma vez toda a minha frustração e não ficar desarmando aquela bomba que mais hora ou menos hora, iria definitivamente explodir.

Mas não, ele ficava ali, com sua voz doce e todas as explicações do mundo, que me deixavam incapaz de rebatê-lo, incapaz de permanecer na minha pose de indignado.

ImprovávelWhere stories live. Discover now