Prólogo | É tarde demais para voltar atrás?

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— O-Oi — gaguejei, limpando a lágrima que havia caído do meu rosto.

Trevor franziu a testa, mas não por ódio ou por qualquer outro motivo que me fizesse se sentir insignificante. Era por surpresa. A vontade de chorar com mais intensidade veio, e então eu decidi me focar no futuro e ao lindo homem que eu perdi para não me desmanchar por completo — mais do que terrivelmente eu já estava.

— O que... o que você está fazendo aqui? — perguntou ele baixinho, os olhos percorrendo meu rosto com cautela.

Me redimindo!

— Vim... para pedir desculpas.

Ele intensificou sua expressão desnorteada. É claro... Depois de um bom tempo, era mais que perceptível que minha atitude atrasada não se encaixava no agora — e eu não saberia se seria encaixada em algum outro momento próspero.

— Não estou entendendo.

Forcei um sorriso e, se era mesmo para valer qualquer sacrifício para tê-lo de volta, me ajoelhei à sua frente, o sufoco prendendo minhas falas a todo vapor. Do franzir o rosto ele passou a arquear as sobrancelhas, parecendo entender o que esse gesto resultava antes mesmo de eu traduzi-lo em palavras.

— Chris... Por favor, levante-se... — Ele dobrou um dos joelhos no chão e segurou meus braços com cuidado para me levantar, as lindas íris azuis brilhante em extrema bondade.

— Olha... — comecei, quase não ouvindo minha própria voz. — Esse sou eu, engolindo meu maldito orgulho após três meses, de joelhos, aqui, na sua frente, dizendo que sinto muito por deixar você escapar da minha vida quando eu estava cego demais para perceber... que você... era tudo o que eu precisava.

— Chris...

— Eu sinto muito, Trevor. Muito mesmo! Me perdoe — supliquei —, mas eu não consigo viver sem você. Não mais.

Ele soltou a respiração a princípio, depois levou uma das mãos com lentidão à sua boca rosa, enquanto eu fiquei apenas na espera pacientemente. Meu desejo de que ele expusesse seus pensamentos em palavras era imenso, mas eu precisava frear minhas emoções e interpretar as de Trevor — que eram decisivas para mim. E o silêncio reinou. Por favor, diga alguma coisa...

— Eu também não consigo, Chris — admitiu ele nos mínimos detalhes, examinando-me minuciosamente. Ele passou a língua no lábio inferior em seguida. — Mas eu preciso seguir em frente... Mesmo que meu coração ainda esteja conectado a você.

Engoli em seco e fitei o chão.

— Poxa, foram três meses — sussurrou ele, o tom com características para me fazer repensar no tempo distante. — Sabe o quanto eu sofri com a sua ausência na minha vida? Sabe o quanto me destruiu?

— Eu sei. — Ergui meu olhar lacrimejado. — Mas... se você me deixar explicar...

— Explicar o quê? — Ele balançou a cabeça, a voz ainda natural. — Você fez sua escolha em não me aceitar, e eu entendo isso.

— A-Acontece...

— Chris... — Seus olhos se fecharam por um instante muito breve, a respiração próxima do meu nariz. — Acho melhor você ir para casa. Eu estou em trabalho. Você me disse que nunca mais pisaria aqui quando nos vimos pela última vez, lembra? Por favor, cumpra sua promessa.

Embora seu tom fosse o mais suave e confortável possível, isso não amenizou o terrível corte que meus nervos tiveram, mais do que as feridas que eu vim carregando nas costas desde a minha separação com ele. Não havia mais cura para mim. E estava sendo difícil digerir que meu futuro poderia ser o pior da minha vida — talvez tirando a coroa que pertencia àquele dia em que eu fui expulso de casa pelos meus pais.

EU ENTREGO MINHA VIDA A VOCÊOnde as histórias ganham vida. Descobre agora