16 | Entrando nos eixos

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Eles me deram alta no dia seguinte, então eu fui para casa. Não foi uma decisão tão fácil assim, pois Trevor estava concordando plenamente com o médico sobre me manter em repouso no hospital. E eu, claro, não aceitei com tanta facilidade essa ordem, razão que me levou à insistência em não ficar em repouso. Acabei vencendo a luta verbal.

— Você não era tão teimoso assim quando nos conhecemos — resmungou Trevor quando estávamos voltando para casa, a cada cinco segundos olhando para meu gesso.

Revirei os olhos. Pronto...

— Eu sempre fui, mas, como eu não tinha muita intimidade, resolvi amenizar meu lado que não aceitava as coisas com facilidade — argumentei. — E você não estará lá sempre comigo. Não tem como me proteger no hospital.

Ele fez uma careta, como se minha teoria fosse sincera demais para ser verdade.

— E a sua perna?

— Vai bem. Acho que eu já consigo transar.

Seus olhos se arregalaram, para depois retornar ao nível de antes. Acho que eu fui muito direto.

— Você é ousado demais. Isso me surpreende.

Dei uma risada e peguei meu celular, conferindo a hora. Faltava nada menos que vinte minutos para as oito.

— Deve estar exausto. — Olhei para ele. — Vai trabalhar mesmo assim?

A resposta era evidente demais para haver uma pergunta, mas eu pensei que ainda poderia ter uma surpresa quanto a ela. Bem, Trevor passou a noite inteira ao meu lado no hospital, praticamente acordado, então as chances de que ele descansasse eram grandes, não eram?

— Sim. — Ele relaxou o corpo mais no carro, e, por um momento, eu pensei que ele estivesse respondendo à minha pergunta mental. Mas não estava. — Não se preocupe. Edward estará com você.

Mordi o lábio, introspectivo. Eu já tinha me esquecido de que meus breves dias de segurança por conta de Will se fizeram presente de novo, dessa vez por causa de Heitor.

— E ainda tenho que passar na Tesla, avisar o que houve com você a Enzo e Brenda. Não quero dar a impressão de que é irresponsável — terminou ele.

— Eu queria tanto trabalhar lá.

Um sorriso generoso se formou em sua face.

— Eu sei. — Ele tocou minha perna. Depois, quase parecendo lembrar de algo importante, olhou para mim. Até sua voz soou esperançosa. — Eu tenho uma proposta para você. Para nós dois, sinceramente falando, mas ela depende mais de sua reposta.

Minha curiosidade evoluiu.

— Que proposta?

Ele ficou quieto um segundo, como se quisesse causar suspense com a continuação de sua fala.

— Que você viaje comigo para Paris na metade do mês de novembro e passe o Natal comigo lá — disse, bem calmo.

Meus olhos se arregalaram por muito pouco. Ah, Paris... Meu subconsciente relaxou suas costas na cadeira só de imaginar o país.

— Mas e a STYLE? — perguntei.

— Eu tiro férias todo final de ano. Não seria novidade.

— É sério? — Meu ar se foi.

Ele achou graça.

— Não acredita em mim, Chris?

— Não, o que eu quero saber é se a viagem é verídica — expliquei, estreitando os olhos.

EU ENTREGO MINHA VIDA A VOCÊWhere stories live. Discover now