18 | Paris

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— Chris?

Senti um braço afagando meu pescoço, mas não retribuí: o sono era mais forte.

— Hum...? O quê?

— Chegamos.

— Tá bom.

E continuei de olhos fechados, ouvindo em seguida o sorriso estonteante de Trevor. Então caiu a ficha de que chegamos a Paris, e não à minha casa ou algo semelhante — Paris! Abri minhas pálpebras subitamente ao me dar conta disso, as esfreguei com a palma da mão, como se tivessem me dito que ganhei na loteria, e olhei através da janela do avião com entusiasmo, as íris sendo direcionadas sem rumo à região exterior. A princípio estava tudo embaçado. Só quando distingui o avião iniciando sua descida num aeroporto que consegui visualizar a tão incrível cidade onde os pais do Trevor moravam.

Foi a mesma sensação de entrar num novo mundo.

O primeiro ponto interessante eram as casas. Elas tinham um toque de frugalidade que parecia nunca ser modernizado com o tempo, mas isso era admirador: os telhados, as estruturas das mesmas, as cores com as quais eram pintadas... absolutamente tudo. Os prédios também demonstravam antiguidade, estendidos em andares e mais andares e recobertos de janelas espessas. E essa combinação ficou ainda melhor por conta do pôr do sol, deixando toda a paisagem alaranjada.

Assim como eu, minhas versões do pensamento acordaram de seu sono profundo e avistaram a cidade junto a mim. Todas elas me olharam com fascínio.

— Caralho — sussurrei, passando a mão no vidro úmido para enxergar melhor. — Aqui é...

— Incrível? — tentou Trevor.

Eu podia sentir seu calor atingindo minha pele, apesar do frio.

— Mais que incrível. — Estreitei meu olhar em todas os lados. — Nossa... Olha ela ali...

Apontei para um ponto quase minúsculo, bem longe de nós. Apontei para a torre Eiffel. Ah... As várias luzes natalinas, coloridas e brilhantes me deixaram boquiaberto, assim como seu tamanho. Ela parecia maior do que nas fotografias que eu estava acostumado a ver. Fiquei um minuto em silêncio, simplesmente contemplando-a e me perguntando se estava caindo baba da minha boca.

— Bonita, não é? — perguntou ele. — Uma vez ela ficou completamente colorida, feito um arco-íris, após o ocorrido em Orlando com aquela boate.

Olhei para Trevor.

— A boate gay incendiada?

— Sim. Eu estava aqui quando aconteceu. Foi um ato lindo... e triste.

Engoli em seco. Nesse mesmo instante senti o avião perdendo velocidade, até finalmente parar.

— Tem um ótimo hotel aqui, mas meus pais não estão lá — disse ele. — Podemos descansar um pouco, tomar um banho... Não sei.

Assenti, sorrindo depois.

— Estava mesmo pensando em como eu iria conhecer sua família todo descabelado e sujo — brinquei. — Mas você pensa em tudo.

Ele sorriu e pegou minha mão, beijando os nós dos meus dedos.

Viens avec moi?

Franzi a testa.

— Eu não sei o que é isso — admiti —, mas sim.

Agora Trevor riu. Assim como ele, me levantei. Eu não sabia exatamente em que lugar estavam as nossas, coisas, mas ele não fez questão de dar alguma importância a isso. Se não estão aqui, no avião, onde estão?

EU ENTREGO MINHA VIDA A VOCÊOnde as histórias ganham vida. Descobre agora